segunda-feira, 31 de outubro de 2016
domingo, 30 de outubro de 2016
Névoa
Dissipar
diligentemente a névoa
em sua desestrutura,
repor pedaços de paisagem
para ver repositórios da floresta,
reunir o disperso em camadas
que não se coadunam,
reter o perdido em sua curvatura
de conjunto, cíclica peripécia
de resgatar o que continuamente
se perde: árvore,arbusto, folha,
a circunscrição do todo.
Névoa, o que não nos impede:
do olho é que se faz o círculo.
(foto: Cleber Pacheco)
diligentemente a névoa
em sua desestrutura,
repor pedaços de paisagem
para ver repositórios da floresta,
reunir o disperso em camadas
que não se coadunam,
reter o perdido em sua curvatura
de conjunto, cíclica peripécia
de resgatar o que continuamente
se perde: árvore,arbusto, folha,
a circunscrição do todo.
Névoa, o que não nos impede:
do olho é que se faz o círculo.
(foto: Cleber Pacheco)
sábado, 29 de outubro de 2016
Livros
Livros recebidos:
* Máquina Mundi, poemas de Marcelo Mourão,editora Oficina,,Rio de Janeiro;
* O Tom dos Meus Cantares, poemas de Guy Werneck, editora Scortecci ,São Paulo;
* A Eternidade dos Dias, poemas de Luiz Otávio Oliani, editora futurArte, Rio de Janeiro;
* Luvas na Marginália - escritos sobre a poética de Ana Cristina César, crítica literária de Nonato Gurgel, editora mobile, Rio de Janeiro;
Um Pio de Coruja, ensaios sobre literatura de Chico Lopes, editora Penalux, São Paulo.
Livros adquiridos:
* Apolônio de Tiana- sábio,profeta e renovador dos mistérios, de G. R. S. Mead,editora Teosófica,Brasília.
* Helena Blavatsky- a vida e a influência extraordinária da fundadora do movimento teosófico moderno, de Sylvia Cranston, editora Teosófica, Brasília;
* As Memórias do Livro- romance sobre o manuscrito de Sarajevo, de Geraldine Brooks, Ediouro, Rio de Janeiro.
Livros que ganhei de presente:
* Shayan, romance no gênero fantasia, de Abha Iyengar, Blue Pumpkin;
* Three Cities- great epic novel of the russian revolution, de Sholem Asch', Bantam Books;
* Lila- an inquiry into morals, de Robert Pirsig, da Bantam Books;
* Power of the Sword, de Wilbur Smith, da Pan Books.
* Máquina Mundi, poemas de Marcelo Mourão,editora Oficina,,Rio de Janeiro;
* O Tom dos Meus Cantares, poemas de Guy Werneck, editora Scortecci ,São Paulo;
* A Eternidade dos Dias, poemas de Luiz Otávio Oliani, editora futurArte, Rio de Janeiro;
* Luvas na Marginália - escritos sobre a poética de Ana Cristina César, crítica literária de Nonato Gurgel, editora mobile, Rio de Janeiro;
Um Pio de Coruja, ensaios sobre literatura de Chico Lopes, editora Penalux, São Paulo.
Livros adquiridos:
* Apolônio de Tiana- sábio,profeta e renovador dos mistérios, de G. R. S. Mead,editora Teosófica,Brasília.
* Helena Blavatsky- a vida e a influência extraordinária da fundadora do movimento teosófico moderno, de Sylvia Cranston, editora Teosófica, Brasília;
* As Memórias do Livro- romance sobre o manuscrito de Sarajevo, de Geraldine Brooks, Ediouro, Rio de Janeiro.
Livros que ganhei de presente:
* Shayan, romance no gênero fantasia, de Abha Iyengar, Blue Pumpkin;
* Three Cities- great epic novel of the russian revolution, de Sholem Asch', Bantam Books;
* Lila- an inquiry into morals, de Robert Pirsig, da Bantam Books;
* Power of the Sword, de Wilbur Smith, da Pan Books.
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Iconoclasta
Desconecto
limites,desaviso
viajantes,
redefino princípios
alheios aos mapas,
rasurando terras,
destrinchando
organismos e quimeras.
Ouso
até o fundo do ritmo
inacabado
a dissolver-se
em catapultas,
a estremunhar em suspeitas,
rompendo
trajetórias, inspirando
descobertas.
Não tenho fronteiras,
minha trilha
guarda
cascalhos do absurdo.
(foto: Cleber Pacheco)
limites,desaviso
viajantes,
redefino princípios
alheios aos mapas,
rasurando terras,
destrinchando
organismos e quimeras.
Ouso
até o fundo do ritmo
inacabado
a dissolver-se
em catapultas,
a estremunhar em suspeitas,
rompendo
trajetórias, inspirando
descobertas.
Não tenho fronteiras,
minha trilha
guarda
cascalhos do absurdo.
(foto: Cleber Pacheco)
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Visões
Um monge,isolado.Não sofre tentações.Não faz jejum.Não usa flagelar-se.Sequer ora.Limita-se a comer moderadamente,o necessário.Dorme também na justa medida.Não tem êxtases.Dia a dia,no entanto,em cada lugar que vai,depara-se,súbito,com uma mesa,com uma árvore,com uma nuvem.E se comove.Dizem que está louco.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
Artes Plásticas
Apesar de este ser um blog destinado aos livros. desta vez posto minhas pinturas. Usualmente utilizo algumas delas ou desenhos meus para ilustrar os textos. Já mostrei também fotografias tiradas por mim. ´
É um modo de divulgar outro aspecto do meu trabalho. Algumas das pinturas foram publicadas em revistas estrangeiras ou sites internacionais.
É um modo de divulgar outro aspecto do meu trabalho. Algumas das pinturas foram publicadas em revistas estrangeiras ou sites internacionais.
sábado, 22 de outubro de 2016
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Carta de Marcel Proust a Alfred Agostinelli
Mon cher ami,
Ontem estive a bebericar chá com torradas e eis que fui impelido a ter a maior das experiências de toda uma vida.Por certo ninguém no mundo inteiro seria capaz de compreender o que isso significa.Nem mesmo você. Um gesto tão simples,um ato tão banal e tudo se revelou: mergulhando no interior dessa simplória xícara havia não só o bebericar do chá com meu avô em Auteuil ,mas toda a minha infância, minhas vivências no campo e na cidade,incluindo todos os acontecimentos ocorridos com meus familiares,a criadagem,a aristocracia,os burgueses,os arrivistes,as cocottes,as atrizes,os pintores,os músicos,incluindo aí também as flores,jardins,os lagos,a música,todas as artes e ciências,os aromas,as cores,o mar e ainda as catedrais com seus vitrais,toda a Paris,as viagens,Neveza e todo o planeta Terra,a lua,as estrelas,os planetas,a Via Láctea,o Cosmos de modo que naquela xícara de chá cabia o Universo inteiro,o Infinito e então eu soube,naquele exato instante,que escrever é impossível.
Diante de tão terrível constatação,decidi que um dia trancar-me-ei em meu quarto e nunca mais entrarei em contato com o mundo até o dia da minha morte,abandonando-o para sempre,pois todo o possível está contido dentro do Aleph que é minha xícara de chá.
Marcel Proust
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Obelisco
Um homem passa pela mata. Decide deixar dentro dela um marco de sua passagem.Talvez faça-o por impulso,talvez para não esquecer que em tal lugar esteve. Um outro homem,tempos depois,encontra a pedra ali deixada.Olha-a.Não há inscrições.Em nada difere das outras.Ele,porém,cismado,para.Deita-se ao lado dela.Morre.
Dia do Poeta
Hoje é Dia do Poeta.
Como disse Mário Quintana, ser poeta é uma maneira de ser.Pura verdade. É uma maneira de ver o mundo,de compreendê-lo ou ao menos de abordá-lo.
O poeta reinventa os parâmetros, desestabiliza o aparentemente já conhecido, cria novas possibilidades e avança em direção ao novo, ao inusitado. O poeta acaba desconstruindo para reconstruir com audácia e pioneirismo.
Parece tarefa inútil,impossível, neste conturbado século.Dedicar-se à poesia num mundo cheio de conflitos e injustiças parece coisa vã. Diria que,por isso mesmo,a poesia se faz ainda mais necessária. É um modo de resgatar aquilo que não pode ser ignorado ou perdido.
O poeta, o injustiçado de nosso tempo. Talvez o único herói ainda possível.
Como disse Mário Quintana, ser poeta é uma maneira de ser.Pura verdade. É uma maneira de ver o mundo,de compreendê-lo ou ao menos de abordá-lo.
O poeta reinventa os parâmetros, desestabiliza o aparentemente já conhecido, cria novas possibilidades e avança em direção ao novo, ao inusitado. O poeta acaba desconstruindo para reconstruir com audácia e pioneirismo.
Parece tarefa inútil,impossível, neste conturbado século.Dedicar-se à poesia num mundo cheio de conflitos e injustiças parece coisa vã. Diria que,por isso mesmo,a poesia se faz ainda mais necessária. É um modo de resgatar aquilo que não pode ser ignorado ou perdido.
O poeta, o injustiçado de nosso tempo. Talvez o único herói ainda possível.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Poemas Breves
THE WASTE LAND
"Quem,seu eu gritasse,entre as legiões dos Anjos
me ouviria?" Rilke
me ouviria?" Rilke
Conspurcada,a pirâmide;
silencioso,o Olimpo;
não há Dante, só selva escura.
silencioso,o Olimpo;
não há Dante, só selva escura.
O Inferno: dízimo.
ORGAN (ismo)ON
Esqueci Aristóteles,
rasguei o Eclesiastes,
ignorei Einstein.
rasguei o Eclesiastes,
ignorei Einstein.
Restou o cardíaco
em vibração: vi.
em vibração: vi.
(desenho: Cleber Pacheco)
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Poema Orgânico
A vida tem dessas náuseas
que regurgitam ossos,
transmutam a textura da pele,
expelem pedras dos rins,
imprimem memórias
na tipografia das células,
nutrindo esquecimentos
nos estilhaços do instante.
A vida tem desses nódulos
gerados nos gânglios do medo,
desventrando os fetos da alma,
desventrando os fósseis do nada.
(imagem: Google)
que regurgitam ossos,
transmutam a textura da pele,
expelem pedras dos rins,
imprimem memórias
na tipografia das células,
nutrindo esquecimentos
nos estilhaços do instante.
A vida tem desses nódulos
gerados nos gânglios do medo,
desventrando os fetos da alma,
desventrando os fósseis do nada.
(imagem: Google)
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Sumidouro
(Um poema do livro da Vida Discreta)
Um poço no deserto
por certo não é exemplo.
Tudo o que descreve
é o que não tem por dentro.
Se algo aflora,
nessa boca sem saliva,
é relembrar à hora
o transbordar da sua dívida.
Nesse poço outro
só o pó habita.
E achando pouco,
o nada regurgita.
Fuçando no mais fundo,
redescobre o rente:
para ele o mundo
é ainda insuficiente.
Um poço no deserto
por certo não é exemplo.
Tudo o que descreve
é o que não tem por dentro.
Se algo aflora,
nessa boca sem saliva,
é relembrar à hora
o transbordar da sua dívida.
Nesse poço outro
só o pó habita.
E achando pouco,
o nada regurgita.
Fuçando no mais fundo,
redescobre o rente:
para ele o mundo
é ainda insuficiente.
domingo, 16 de outubro de 2016
MILAGRE
Durante as escavações,um bebê-múmia foi
encontrado.Intacto.Logo surgiram procissões.Erguida foi a crypta. Vinham pedir e
orar.Traziam flores,oferendas,réplicas de mãos,pés,pernas,braços.Queriam
graças.Alguns só adoravam.Muito tempo se passou,mas o esperado não aconteceu:o
milagre.Aleijados não andaram,cegos não viram,surdos não ouviram.Pouco a pouco
os visitantes abandonaram o
local.Primeiro,os pais com seus filhos.depois,os carregadores de réplicas.Por
fim,os de presentes.Restaram somente aqueles que entravam,olhavam e
ajoelhavam-se em atitude de adoração.
sábado, 15 de outubro de 2016
Segredo
Caninos afiados da mediocridade
drenam
tutano e sangue
na mesquinhez do insano..
Calar,
conservar o tempo
em integridade fluida,
indisposto aos maníacos,
penitente de quaresma
e sobriedade.
Segredo
a se guardar
distante
da idiotia famélica
de anos corroídos
em estúpida rapacidade.
Vigilância
e quietude entre espasmos
do decrépito
onde ensandece o deletério.
(imagem: Google)
drenam
tutano e sangue
na mesquinhez do insano..
Calar,
conservar o tempo
em integridade fluida,
indisposto aos maníacos,
penitente de quaresma
e sobriedade.
Segredo
a se guardar
distante
da idiotia famélica
de anos corroídos
em estúpida rapacidade.
Vigilância
e quietude entre espasmos
do decrépito
onde ensandece o deletério.
(imagem: Google)
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Livro CAIXA DE PÁSSAROS de Josh Malerman
Tenho muita desconfiança de livros de terror vindos de autores contemporâneos. geralmente são grandes asneiras tendo como único objetivo vender muito e ganhar muito dinheiro,é claro.
Neste caso, reconheço que Caixa de Pássaros possui alguns méritos. A narrativa fluindo entre presente e passado faz sentido e torna a história mais tensa,com a dose certa de suspense. Outro acerto foi a de não definir exatamente em que consiste a ameaça assustadora no mundo exterior. Isso torna o enredo menos explícito e intensifica a angústia das personagens, que apenas sabem haver perigo e ameaça,embora desconheçam sua origem e objetivos. Sabe-se apenas que as pessoas enlouquecem ao ter contato visual com essa ameaça desconhecida. A necessidade de andar de olhos vendados e permanecer atento aos sons é muito boa, criando uma atmosfera densa de medo.
A história é bem desenvolvida e o autor consegue explorar suas possibilidades.Está mais centrada nas reações humanas e nas tensões existentes do que nos seres que os rondam. Isso é um acerto. O problema são alguns parágrafos onde há repetição que acabam cansando,como por exemplo:
nãonãonãonãonãonãonão
e outros semelhantes,que nada acrescentam. Parece que foram feitas apenas com o intuito de aumentar o número de páginas. Outro fator negativo é que as situações às vezes se assemelham, arrastando um pouco a narrativa.
No entanto,de um modo geral, é uma leitura que agrada e diverte,sem maiores compromissos.
Neste caso, reconheço que Caixa de Pássaros possui alguns méritos. A narrativa fluindo entre presente e passado faz sentido e torna a história mais tensa,com a dose certa de suspense. Outro acerto foi a de não definir exatamente em que consiste a ameaça assustadora no mundo exterior. Isso torna o enredo menos explícito e intensifica a angústia das personagens, que apenas sabem haver perigo e ameaça,embora desconheçam sua origem e objetivos. Sabe-se apenas que as pessoas enlouquecem ao ter contato visual com essa ameaça desconhecida. A necessidade de andar de olhos vendados e permanecer atento aos sons é muito boa, criando uma atmosfera densa de medo.
A história é bem desenvolvida e o autor consegue explorar suas possibilidades.Está mais centrada nas reações humanas e nas tensões existentes do que nos seres que os rondam. Isso é um acerto. O problema são alguns parágrafos onde há repetição que acabam cansando,como por exemplo:
nãonãonãonãonãonãonão
e outros semelhantes,que nada acrescentam. Parece que foram feitas apenas com o intuito de aumentar o número de páginas. Outro fator negativo é que as situações às vezes se assemelham, arrastando um pouco a narrativa.
No entanto,de um modo geral, é uma leitura que agrada e diverte,sem maiores compromissos.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Mistérios
Dos Mistérios
tenho a chave,
abertura de enigmas,
confronto de sutilezas
onde o refinado subsiste,
dracma perdida
imune às varreduras,
mais que lampejo
entre frestas e portas.
Fonte
de augúrio e maravilhas
que jamais se desvanecem,
alimento a sustentar
caroço e fruto
nos estigmas do eterno.
Dos poucos
que suspeitam
das portas a existência,
raros imaginam
forma e fechadura,
acesso ao substrato
de fascinans e tremendum.
Nas cavidades sem fundo
do numinoso,
o brilho incolor
se insinua
onde só videntes cegos
têm acesso e mergulham.
( imagem: Google)
tenho a chave,
abertura de enigmas,
confronto de sutilezas
onde o refinado subsiste,
dracma perdida
imune às varreduras,
mais que lampejo
entre frestas e portas.
Fonte
de augúrio e maravilhas
que jamais se desvanecem,
alimento a sustentar
caroço e fruto
nos estigmas do eterno.
Dos poucos
que suspeitam
das portas a existência,
raros imaginam
forma e fechadura,
acesso ao substrato
de fascinans e tremendum.
Nas cavidades sem fundo
do numinoso,
o brilho incolor
se insinua
onde só videntes cegos
têm acesso e mergulham.
( imagem: Google)
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
terça-feira, 11 de outubro de 2016
SÉCULO XXI
Você come veneno e acha delicioso.
Você ouve lixo e acredita que é música.
Você lê autoajuda e pensa que se trata de grande literatura.
Você vê porcarias na TV e está convicto de que isso é cultura.
Você é um imbecil criado pela mídia e se acha muito esperto.
Você é monitorado pela internet e acha que tem privacidade.
Você é governado por predadores e pensa que tem liberdade de escolha.
Você é escravo das grandes corporações e jura que está numa democracia.
Você sofre lavagem cerebral por parte dos pastores e acredita que tudo é feito em nome de Jesus.
Você foi transformado numa máquina de consumir e se diz ser humano.
(imagem: filme Metrópolis de Fritz Lang)
Você ouve lixo e acredita que é música.
Você lê autoajuda e pensa que se trata de grande literatura.
Você vê porcarias na TV e está convicto de que isso é cultura.
Você é um imbecil criado pela mídia e se acha muito esperto.
Você é monitorado pela internet e acha que tem privacidade.
Você é governado por predadores e pensa que tem liberdade de escolha.
Você é escravo das grandes corporações e jura que está numa democracia.
Você sofre lavagem cerebral por parte dos pastores e acredita que tudo é feito em nome de Jesus.
Você foi transformado numa máquina de consumir e se diz ser humano.
(imagem: filme Metrópolis de Fritz Lang)
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
domingo, 9 de outubro de 2016
sábado, 8 de outubro de 2016
Um romance de P. D. James
Dentre os livros de P. D. James que li até agora, Sangue Inocente é o meu preferido. E An Unsuitable Job for a Woman vem logo em seguida. Não sei se foi traduzido no Brasil.Provavelmente sim. Encontrei o exemplar num sebo e não hesitei em adquiri-lo.
A trama é muito engenhosa e interessante . Depois do suicídio do seu sócio e amigo, Cordelia Gray assume a chefia do escritório de investigação.E isso a leva a um caso em que aparentemente ocorre também um suicídio. A sua tarefa será descobrir os motivos que levaram um jovem a supostamente cometer tal ato.
Evidentemente muitas surpresas acontecem à medida que os fatos vêm à tona, revelando segredos do passado e trazendo perigos para a própria investigadora, que acaba correndo risco de vida.
A autora consegue desenvolver bem os seus personagens e manter o interesse do leitor o tempo todo. Ela vai além de uma história de detetive,colocando sempre as questões humanas,conflitos e fraquezas, enriquecendo a narrativa com drama e suspense,tornando a leitura agradável e interessante.
Há diversas peças que precisam ser encaixadas até que o enigma aparentemente insolúvel seja pouco a pouco desvendado.
Questões éticas também surgem, trazendo mais profundidade à história.De modo que não se trata apenas de um passatempo momentâneo para ser esquecido facilmente. O livro tem conteúdo e é muito bom de ler.
A trama é muito engenhosa e interessante . Depois do suicídio do seu sócio e amigo, Cordelia Gray assume a chefia do escritório de investigação.E isso a leva a um caso em que aparentemente ocorre também um suicídio. A sua tarefa será descobrir os motivos que levaram um jovem a supostamente cometer tal ato.
Evidentemente muitas surpresas acontecem à medida que os fatos vêm à tona, revelando segredos do passado e trazendo perigos para a própria investigadora, que acaba correndo risco de vida.
A autora consegue desenvolver bem os seus personagens e manter o interesse do leitor o tempo todo. Ela vai além de uma história de detetive,colocando sempre as questões humanas,conflitos e fraquezas, enriquecendo a narrativa com drama e suspense,tornando a leitura agradável e interessante.
Há diversas peças que precisam ser encaixadas até que o enigma aparentemente insolúvel seja pouco a pouco desvendado.
Questões éticas também surgem, trazendo mais profundidade à história.De modo que não se trata apenas de um passatempo momentâneo para ser esquecido facilmente. O livro tem conteúdo e é muito bom de ler.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Livro: NA SALA ESCURA
Na Sala Escura, livro do escritor,tradutor e cinéfilo Chico Lopes, publicado pela editora Penalux, proporcionou-me um grande prazer.Apesar de ter 224 páginas,li apenas em dois dias. Os diversos ensaios tratam a respeito de filmes apreciados pelo autor. Filmes de qualidade,é claro,muitos deles também meus favoritos.
Há uma série de textos a respeito de Hithcock ,analisado com maestria,além de Visconti, Bertolucci,David Lean, David Lynch,entre outros. Há também um excelente comentário da adaptação para o cinema de A Volta do Parafuso,de Henry James, com o título de Os Inocentes. Há ainda espaço para o cinema nacional, como não poderia deixar de ser.
Os textos são fluentes,de leitura extremamente agradável e as análises são feitas com profundidade e perspicácia. Chico Lopes aproxima-se do leitor ao contar a sua trajetória pessoal como cinéfilo, tornando o livro algo vivo e caloroso,além de aumentar o interesse pelos filmes comentados.
Todos aqueles que apreciam o bom cinema vão se deleitar com cada página. E aqueles que ainda não conhecem os filmes mencionados vão querer assisti-los. Além disso, o autor nos oferece uma visão crítica a respeito da indústria cinematográfica atual, com seus excessos de efeitos especiais e não raro, superficialidade.
Leia e deleite-se.
Há uma série de textos a respeito de Hithcock ,analisado com maestria,além de Visconti, Bertolucci,David Lean, David Lynch,entre outros. Há também um excelente comentário da adaptação para o cinema de A Volta do Parafuso,de Henry James, com o título de Os Inocentes. Há ainda espaço para o cinema nacional, como não poderia deixar de ser.
Os textos são fluentes,de leitura extremamente agradável e as análises são feitas com profundidade e perspicácia. Chico Lopes aproxima-se do leitor ao contar a sua trajetória pessoal como cinéfilo, tornando o livro algo vivo e caloroso,além de aumentar o interesse pelos filmes comentados.
Todos aqueles que apreciam o bom cinema vão se deleitar com cada página. E aqueles que ainda não conhecem os filmes mencionados vão querer assisti-los. Além disso, o autor nos oferece uma visão crítica a respeito da indústria cinematográfica atual, com seus excessos de efeitos especiais e não raro, superficialidade.
Leia e deleite-se.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Ato de Ser - Raissa Maritain
Árvore patriarca
De leve folhagem
Tens a linguagem
Os murmúrios os silêncios
De uma multidão que sonha
Vejo o farfalhar com que tremes
O desenho de teus sutis movimentos
E teu leque de luz e de sombra
Sobre a tapeçaria da relva.
Rara é a graça da ordem imprecisa
Que é dança e sinfonia
Secreto acordo de tua legião incontável
Árvore infinita.
(imagem: Google)
De leve folhagem
Tens a linguagem
Os murmúrios os silêncios
De uma multidão que sonha
Vejo o farfalhar com que tremes
O desenho de teus sutis movimentos
E teu leque de luz e de sombra
Sobre a tapeçaria da relva.
Rara é a graça da ordem imprecisa
Que é dança e sinfonia
Secreto acordo de tua legião incontável
Árvore infinita.
(imagem: Google)
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
terça-feira, 4 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Shakespeare
Em algum lugar,no futuro.
Longo tempo levei para encontrar a biblioteca. Foi necessário atravessar as ruínas da cidade e seguir pela floresta. Havia perigosos animais e armadilhas. Por duas vezes quase morri.
De fato não era uma lenda.A biblioteca existia. Tratava-se de um antigo monastério ocupado por inumeráveis livros. Uma autêntica obra-prima, a arquitetura era plena de ingenuidade e beleza. Sete torres gigantes guardavam o maior tesouro da humanidade. Sete guardiões vigiavam cada uma delas. Havia guardas por toda parte. Em seu interior, bibliotecários e monges copistas.
Quando cheguei, pensava em tornar-me um guarda. Afinal eu havia sobrevivido ao caos, era jovem, alto,forte e apreciava desafios. Mas os monges tinham necessidade de copistas. Eram poucos. Alguns estavam doentes;outros,cegos. Gradativamente fui aceitando a ideia e após vinte anos de preparação,tornei-me um deles.
O contato com os livros foi uma lenta revelação. Nunca poderia imaginar coisa semelhante. Papel e tinta eram ali considerados mais preciosos do que ouro. Os livros, imensos e pesados continham,em cada página, uma autêntica obra de arte. Todos cuidadosamente guardados.
Difícil escolher qual trabalho era o mais atrativo. Tudo era precioso e fascinante. Mas um livro em particular tornou-se minha obsessão. Havia um só exemplar e foi fácil obter aprovação para copiá-lo.
Exultante, optei pelo estilo gótico . falhei todas as vezes. Parecia impossível repetir tamanha maestria. Compreendi que era inútil,perdi a esperança.
Pesadelos torturavam-me todas as noites. medo e angústia tomaram conta de mim. Comecei a sentir raiva e ódio daquele livro. Quis destruí-lo. Mas o amor venceu. Talvez fosse o irresistível encantamento que dele emanava.
Já que não conseguia fazer outro,decidi roubá-lo.E tê-lo só para mim.
Agora encontro-me na floresta tentando fugir. Muito provavelmente me apanharão e serei assassinado. Antes que isso ocorra, porém, abro o livro para folheá-lo uma última vez.
Shakespeare estava certo:
E aqui te deixo um monumento alheio aos anos,
Que roem tumbas de bronze e cascos de tiranos.
Longo tempo levei para encontrar a biblioteca. Foi necessário atravessar as ruínas da cidade e seguir pela floresta. Havia perigosos animais e armadilhas. Por duas vezes quase morri.
De fato não era uma lenda.A biblioteca existia. Tratava-se de um antigo monastério ocupado por inumeráveis livros. Uma autêntica obra-prima, a arquitetura era plena de ingenuidade e beleza. Sete torres gigantes guardavam o maior tesouro da humanidade. Sete guardiões vigiavam cada uma delas. Havia guardas por toda parte. Em seu interior, bibliotecários e monges copistas.
Quando cheguei, pensava em tornar-me um guarda. Afinal eu havia sobrevivido ao caos, era jovem, alto,forte e apreciava desafios. Mas os monges tinham necessidade de copistas. Eram poucos. Alguns estavam doentes;outros,cegos. Gradativamente fui aceitando a ideia e após vinte anos de preparação,tornei-me um deles.
O contato com os livros foi uma lenta revelação. Nunca poderia imaginar coisa semelhante. Papel e tinta eram ali considerados mais preciosos do que ouro. Os livros, imensos e pesados continham,em cada página, uma autêntica obra de arte. Todos cuidadosamente guardados.
Difícil escolher qual trabalho era o mais atrativo. Tudo era precioso e fascinante. Mas um livro em particular tornou-se minha obsessão. Havia um só exemplar e foi fácil obter aprovação para copiá-lo.
Exultante, optei pelo estilo gótico . falhei todas as vezes. Parecia impossível repetir tamanha maestria. Compreendi que era inútil,perdi a esperança.
Pesadelos torturavam-me todas as noites. medo e angústia tomaram conta de mim. Comecei a sentir raiva e ódio daquele livro. Quis destruí-lo. Mas o amor venceu. Talvez fosse o irresistível encantamento que dele emanava.
Já que não conseguia fazer outro,decidi roubá-lo.E tê-lo só para mim.
Agora encontro-me na floresta tentando fugir. Muito provavelmente me apanharão e serei assassinado. Antes que isso ocorra, porém, abro o livro para folheá-lo uma última vez.
Shakespeare estava certo:
E aqui te deixo um monumento alheio aos anos,
Que roem tumbas de bronze e cascos de tiranos.
domingo, 2 de outubro de 2016
ARIDEZ
Brotam galhos secos
na primavera dos mortos,
secos ossos na aridez
da paisagem a consumir
retalhos de restos,
rumor de desolação
na aridez dos polens.
Esqueletos dançam
no árido da miséria
regurgitando vermes
a verter o nojo.
É morta a primavera,
não haverá flores.
Foi assassinado o pássaro,
voo não haverá.
É hora dos mortos
e eles têm fome.
(foto: Cleber Pacheco)
na primavera dos mortos,
secos ossos na aridez
da paisagem a consumir
retalhos de restos,
rumor de desolação
na aridez dos polens.
Esqueletos dançam
no árido da miséria
regurgitando vermes
a verter o nojo.
É morta a primavera,
não haverá flores.
Foi assassinado o pássaro,
voo não haverá.
É hora dos mortos
e eles têm fome.
(foto: Cleber Pacheco)
sábado, 1 de outubro de 2016
REINOS
Escavando
a raiz dos pinheiros,
encontro
o âmago do aroma
e do sólido
na impecabilidade das resinas,
solidez que funda
o compacto
na lucidez da opacidade.
Caminho
a devorar
a carne das pedras
em simbiose de placidez e fúria,
o obtuso da forma
em criação de estigmas,
broto do vivo
a redimir
o cardíaco dos reinos,
consumação.
(foto: Cleber Pacheco)
a raiz dos pinheiros,
encontro
o âmago do aroma
e do sólido
na impecabilidade das resinas,
solidez que funda
o compacto
na lucidez da opacidade.
Caminho
a devorar
a carne das pedras
em simbiose de placidez e fúria,
o obtuso da forma
em criação de estigmas,
broto do vivo
a redimir
o cardíaco dos reinos,
consumação.
(foto: Cleber Pacheco)