Sumidouro
(Um poema do livro da Vida Discreta)
Um poço no deserto
por certo não é exemplo.
Tudo o que descreve
é o que não tem por dentro.
Se algo aflora,
nessa boca sem saliva,
é relembrar à hora
o transbordar da sua dívida.
Nesse poço outro
só o pó habita.
E achando pouco,
o nada regurgita.
Fuçando no mais fundo,
redescobre o rente:
para ele o mundo
é ainda insuficiente.
Um poço no deserto
por certo não é exemplo.
Tudo o que descreve
é o que não tem por dentro.
Se algo aflora,
nessa boca sem saliva,
é relembrar à hora
o transbordar da sua dívida.
Nesse poço outro
só o pó habita.
E achando pouco,
o nada regurgita.
Fuçando no mais fundo,
redescobre o rente:
para ele o mundo
é ainda insuficiente.
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