sábado, 31 de dezembro de 2016
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Resenha
O escritor Herman Schmitz comenta o meu livro INTERSECÇÕES:
Li este livro em apenas uma
tarde, mesmo tentando me controlar para ler bem devagar, foi impossível. Depois disso ainda continuo folheando aqui e ali, pois
sempre há algo para captar-se.
O livro é um devir que
compactua com o tempo e a vida. É como um sopro da própria vida que se sente
respirar de dentro do livro. Cleber Pacheco consegue de forma magistral um
equilíbrio de linguagem entre a poética de imagens sutis e elegantes, e do
outro lado, a prosa que narra o cotidiano simples e despojado de um casal, que
em alguns parágrafos chegam a inquietar com as sugestões implícitas nas
palavras efetivamente impressas.
Um dos temas do livro é o
desejo. Os personagens fazem muitas listas, que são desejos sob pontos de vista
diferentes. Ambos veem as necessidades de manutenção da casa e da vida, de
compras de objetos de uso pessoal, de afazeres em geral, de um modo quase
antagônico:
"Poderia comprar um
cão para deitar-se ao meu lado enquanto leio o jornal.
Poderia comprar um gato para deitar-se em meu colo enquanto olho as revistas.
Poderia fazer mais ginástica e corrida para fortalecer os músculos.
Poderia fazer mais passeios para tomar chá com as amigas."
Poderia comprar um gato para deitar-se em meu colo enquanto olho as revistas.
Poderia fazer mais ginástica e corrida para fortalecer os músculos.
Poderia fazer mais passeios para tomar chá com as amigas."
Portanto, o mais impactante
no livro está no alcance "para além" dessas descrições breves, pois a
maneira como o autor as vai interpolando, adquire um texto de fundo com um
sentido maior ao livro, na verdade é mais que um sentido lógico, é um
sentimento, uma espécie de paz que só nos ocorre em contato com as obras de
arte mais genuínas.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Caverna
I
Figuras silenciam
o que palavras
contemplam.
Rancor e boca
escondem
o que o olhar
geme.
Sombras
projetam
rostos na caverna.
O insuficiente
extrai
sobras
do infinito.
II
Sombras projetam
olhos
na caverna.
O vento abre
eco indefinido.
Reconhece,
o poço,enfim,
o seu domínio.
Avante,
no céu,
garças delatoras.
(imagem) Google)
Figuras silenciam
o que palavras
contemplam.
Rancor e boca
escondem
o que o olhar
geme.
Sombras
projetam
rostos na caverna.
O insuficiente
extrai
sobras
do infinito.
II
Sombras projetam
olhos
na caverna.
O vento abre
eco indefinido.
Reconhece,
o poço,enfim,
o seu domínio.
Avante,
no céu,
garças delatoras.
(imagem) Google)
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Troca
Reparto a pedra,
espalho o pó,
semeador de sede
ao redor do caminho.
Há os que recolhem
e os que destecem,
escavando leitos
de rios nas areias.
Goles ocorrem
em cerradas bocas,
nó de saliva
no seio do seco.
De cascalho,fertilidade
cravando no solo
raízes de rocha,
avesso de flor,escoadouro de sol.
Furto o aquoso,
resgato o úmido,
catador de conchas
nas dobras do mar.
(foto: google imagens)
espalho o pó,
semeador de sede
ao redor do caminho.
Há os que recolhem
e os que destecem,
escavando leitos
de rios nas areias.
Goles ocorrem
em cerradas bocas,
nó de saliva
no seio do seco.
De cascalho,fertilidade
cravando no solo
raízes de rocha,
avesso de flor,escoadouro de sol.
Furto o aquoso,
resgato o úmido,
catador de conchas
nas dobras do mar.
(foto: google imagens)
sábado, 24 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Resenha
O escritor e ator W. J. Solha faz uma resenha do meu livro INTERSECÇÕES.
O INTERSECÇÕES, de Cleber Pacheco - TAL COMO O BRASIL – NÃO É PRA
PRINCIPIANTES. Há muito eu não via uma inovação literária tão radical quanto a
desse romance – editora Penalux, 2016. Estamos longe da novidade da narrativa
fracionada em verbetes, como no Dicionário Kazar, de MiloradPavitch, que é de
84; da história que admite várias ordens de capítulos na leitura, como no Jogo
da Amarelinha, do Cortázar, de 63; do romance com cada capítulo em seu próprio
estilo , como no mais distante ainda Ulisses, de Joyce – de 22; e longe até
mesmo do realismo mágico de Cem Anos de Solidão, García Márquez – de 67. Acho
que a última obra nessa linha, no Brasil, foi o Avalovara, de Osman Lins, de
73, com sua estrutura baseada no quadrado SATOR. Ou: Não: meu romance Israel
Rêmora, de 75 - Prêmio Fernando Chinaglia de 74, é algo como esse Intersecções
antes da desintegração nuclear promovida por Cleber Pacheco: os capítulos -
intermediados, sempre, por poemas que são monólogos do protagonista - não têm
nada a ver uns com os outros, a não ser pelo personagem que têm em comum.
Bem, o fato é que eu dava o experimentalismo , por esse enorme hiato até
o Intersecções, como findo. Morto e enterrado.
Mas o que vem a ser a sua inovação? Eu falei em desintegração nuclear.
Mas é melhor pensar nos 930 fragmentos de manuscritos hebraicos, aramaicos, e
gregos encontrados em Qumran, datados de 250 a.C., conhecidos como do Mar
Morto. Fragmentos, eu disse. O texto de Intersecções é cheio de lacunas. A
impressão é a de que Cleber Pacheco, depois de produzir seu romance, que me
lembra o Cântico dos Cânticos – em que um versículo é sobre a amada, no caso
Margarida ( ligada às flores), o outro, do amado ( Pedro, ligado às pedras,
como no evangélico “Pedro tu és pedra” ) - saiu deletando as vinculações mais
óbvias entre os trechos.
Mas a quarta capa entrega o que vem, afinal, a ser o livro: “A
trajetória de um casal, da infância à velhice”.
Infância.
Isso explica o primeiro período, que tem qualquer coisa de esforço de
memória. Sabemos, ao reler o romance, que é Pedro quem conta:
“Está escuro. Há uma bruma que aos poucos vai se dissolvendo. (...) E
ela está aqui, ela veio. De onde surgiu? Não sei. Apenas constato a sua presença.”
Pausa. E é a vez de Margarida:
“Isto é o alvorecer. Há uma flor e uma rocha. Ambas em silêncio. Após a
escuridão, surge um vulto logo à frente: é ele.”
Esse alvorecer passa a ser simbólico, tal como a flor e a rocha, que são
os dois - Margarida e Pedro.
Aí a velhice é explícita:
“O velho guardou sua dentadura”.
“A velha guardou seus óculos”.
Na primeira página do livro há quatro citações, todas enfatizando a
importância das fábulas. A última, de Chesterton, é genial:
- Contos de fadas são a pura verdade: não porque nos contam que os
dragões existem, mas porque nos contam que eles podem ser vencidos,.
Bem a propósito. Em todo o livro há marcas – suponho que da infância do
autor - tanto desses contos, como da Bíblia e de outras fontes místicas, como a
mencionada Tabula Smeragdina de Hermes Trismegisto.
Isto está na página 63, com qualquer coisa do "Qualquer coisa"
de Caetano, em que "pra lá de Marrakesh " leva a canção a dizer
"que mexe qualquer coisa dentro, mexe / Já qualquer coisa, doida, dentro
mexe/ sem essa aranha, sem essa aranha, sem essa aranha! Nem a sanha arranha o
carro / Nem o sarro arranha a Espanha"
Pedro:
“Estou tentando encontrar a dracma perdida. As dez virgens esqueceram de
colocar azeite nas lamparinas. Era estéril a figueira e foi amaldiçoada”.
Na página seguinte, Pedro de novo:
“ Joguei pérolas aos porcos”.
Confesso que não sei se ele simplesmente disse a frase metafórica do
evangelho de Mateus, ou - sutilmente - nos remeteu à palavra
"pérolas" em latim: Nolitemittere MARGARITAS ante porcos.
E Margarida:
“Mordi a maçã envenenada”.
E ele:
“Eu sou o filho pródigo?”
Ela:
“Espetei a ponta do dedo na roca.”
É a bela... adormecida.
Como no Ying e Yang, os dois se completam.
E, como no lance de Chesterton, no qual os dragões não existem, mas as
fábulas mostram que podem ser vencidos, na página 76 há uma menção a “João e
Maria”, com a metáfora da morte dando à luz uma providência real:
- Perdi, no caminho, os pedaços de pão. Vieram os pássaros e os comeram.
Acabarei na casa das bruxas. Vou doar minhas córneas.
E o duplo fracasso em que redundou suas vidas, vem assim:
“Não encontrei o pote de ouro no final do arco-íris”.
“O que faço, Conto até dez? Conto carneiros?”
“Aguardo a foice.”
Apesar disso, o título da parte que se abre na página 83, já no final, é
“Rosa e Diamante” – o que mostra que ao fim e ao cabo, os dois progrediram.
OK. O final. O que não é dito, o tempo todo, acaba dando à prosa um tom
de poema longo. Sugiro à editora Penalux( que editou meu último livro, DeuS e
outros quarenta PrOblEMAS ) mudar a divulgação da nova obra, fazer como nos
trailers de Hitchcock: “Não contem o final a ninguém!” ( como contei aqui ).
“Não leia as resenhas, fique longe dos que dissecaram o livro!”
Mas eu o dissequei? Longe disso.
Página 89: o autor nos diz como tentou reproduzir a vida:
“Prossegue o rascunho dos dias”.
Página 43:
“Ele agora pensa ´Tudo o que eu digo é prefácio ou posfácio. Não sei
onde ficará a obra”.
Mas vamos encerrando. Veja isto ( páginas 81 e 82 ): É um poema, cada
frase dita depois de enorme pausa:
“ Não há abracadabra. // Não há palavras cabalísticas neste instante. //
Preciso trocar a senha. // Preciso ser alfabetizada. // Vou aprender arte
rupestre. // Vou inventar a escrita cuneiforme. // Quem sabe eu receba a tábua
dos dez mandamentos.// Quem sabe eu encontre a pedra de Roseta”.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Poemas curtos
ENTARDECER
A tia solteirona
encontra a mariposa
dentro de sua bolsa.
CONSOLO
Leite com biscoitos
oferece a mãe,
esquecendo que está morta.
REALIDADE
Árvore de Natal
não é árvore,
nem nó de pinho
é pinho.
Gravetos carregados por formigas
não são mero tronco,tora ou lenha.
SABEDORIA
Sobre o mar,
gaivotas
à espreita
de peixes.
INSTANTE
O inseto
no âmbar.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Verbo 2
Cantar é desconcerto
que o roto alinhava,
fio do longe e do perto
que a agulha escava.
O desalinho é nota
fiada em via contrária,
inconsútil retalho e rota
de monotonia mui vária.
É,o som,desvario,
nó que destranca o fio,
fio que inventa a aranha,
eco e desafio
que o silêncio barganha.
( foto: Google imagens)
que o roto alinhava,
fio do longe e do perto
que a agulha escava.
O desalinho é nota
fiada em via contrária,
inconsútil retalho e rota
de monotonia mui vária.
É,o som,desvario,
nó que destranca o fio,
fio que inventa a aranha,
eco e desafio
que o silêncio barganha.
( foto: Google imagens)
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
domingo, 18 de dezembro de 2016
Viver
O miolo do limbo aquece
e fermenta estranho pão
cujo sabor esquece
receita e intenção,
num desnutrir tão vivo
que intensamente alimenta
o morrer mais esquivo
da memória que o sustenta,
o corpo só dando guarida
às veias de boca e mão,
mão que engravida
a linha que alinha o chão,
fenda gritando "Ativo
apenas aquilo que ausenta
e,florescendo,avivo
saciedade que se desinventa".
(foto: Google imagens)
e fermenta estranho pão
cujo sabor esquece
receita e intenção,
num desnutrir tão vivo
que intensamente alimenta
o morrer mais esquivo
da memória que o sustenta,
o corpo só dando guarida
às veias de boca e mão,
mão que engravida
a linha que alinha o chão,
fenda gritando "Ativo
apenas aquilo que ausenta
e,florescendo,avivo
saciedade que se desinventa".
(foto: Google imagens)
sábado, 17 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
TRADUÇÃO
O PLURAL DOS NOMES
(Um poema de Raymond Radiguet- tradução: Cleber Pacheco).
Há caixas de joias cuja tampa é como um espelho.
O rio sobre o qual Narciso patina aprisiona
suas palavras. Larive e Fleury: Narciso se transforma
em flor assim que quisermos colocar seu nome no plural.
(foto: Google imagens)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Autor Convidado
Cláudio B. Carlos é poeta e prosador,nascido em 22 de janeiro de 1971,em São Sepé-RS. Tem vários livros publicados. Escreve no blog Balaio de letras.Criou o grupo de escritores O Bodoque. Ele também é revisor,faz capas de livros e tem o blog Miradas com suas fotografias.
OLHOS DE CORTAR CEBOLA
Tenho restos de carne,já apodrecida,sob as unhas: ossos do ofício. Já auxiliei muita gente a fazer a passagem.Coisa mais natural do mundo. Não é que eu não tenha sentimento,não é isso, é que tenho uma manha: nunca deixo o encomendado perceber meus olhos de cortar cebola...
O RATO
Há meses vinha sentindo o seu cheiro azedo nas paredes de tábua e nos móveis, há meses vinha escutando o barulho das suas patas no sótão e no assoalho e o derrubar de coisas,que guloso e daninho, provocava no meio da noite. Eu o odiava há meses.E agora está aqui espetado no garfo. Escorregou do caibro e caiu sobre a mesa e jaz aqui, de olhos esbugalhados,causando-me alegria, prazer e nojo.espirrando de sangue a mesa e estragando-me o jantar.
Algumas fotos do blog Miradas:
Algumas das capas criadas pelo autor:
OLHOS DE CORTAR CEBOLA
Tenho restos de carne,já apodrecida,sob as unhas: ossos do ofício. Já auxiliei muita gente a fazer a passagem.Coisa mais natural do mundo. Não é que eu não tenha sentimento,não é isso, é que tenho uma manha: nunca deixo o encomendado perceber meus olhos de cortar cebola...
O RATO
Há meses vinha sentindo o seu cheiro azedo nas paredes de tábua e nos móveis, há meses vinha escutando o barulho das suas patas no sótão e no assoalho e o derrubar de coisas,que guloso e daninho, provocava no meio da noite. Eu o odiava há meses.E agora está aqui espetado no garfo. Escorregou do caibro e caiu sobre a mesa e jaz aqui, de olhos esbugalhados,causando-me alegria, prazer e nojo.espirrando de sangue a mesa e estragando-me o jantar.
Algumas fotos do blog Miradas:
Algumas das capas criadas pelo autor:
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
ELO
Cumprir o trato
de si e consigo,
filtrar o nato
de ti e contigo.
Romper o selo,
cravar a porta,
negá-lo e sê-lo:
morte e aorta.
Verter o avesso,
compor destreza,
reter o espesso
da incerteza.
de si e consigo,
filtrar o nato
de ti e contigo.
Romper o selo,
cravar a porta,
negá-lo e sê-lo:
morte e aorta.
Verter o avesso,
compor destreza,
reter o espesso
da incerteza.
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
domingo, 11 de dezembro de 2016
Anacoreta ( 2)
Sob uma árvore,no aberto
tronco,instalou-se,plácido.Amalgamado ao
vegetal.Não um parasita,em mimetismo.Um vago ruído de folhas e de seiva.As
pessoas que até ali vão tentam
chamar-lhe a atenção, irritá-lo,fazem poses ridículas, gestos
obscenos,cospem-lhe,atiram pedras,xingam,chamam-no de idiota,louco,estúpido.Diante
de tal espetáculo, limita-se a ficar de quatro e pastar.
sábado, 10 de dezembro de 2016
Autor Convidado
Hélvio Lima nasceu em Uberlândia,Minas Gerais,em 1947.Autodidata,expõe desde 1968. É formado em Letras Neolatinas pela Universidade federal de Uberlândia.
Ele escreve poesia. O artista vem trabalhando várias técnicas ao longo da sua carreira:pastel guache, óleo,desenho,gravura. Sua obra tem colecionadores do Brasil e no exterior.A estilização da figura humana ,os aspectos paisagísticos do cotidiano se constituem,desde sempre, em objetos temáticos da sua expressão artística.
(Caminho-Serigrafia)
Sumo
listras azuis triscle e triluna
pentagrama no quarto aparente
ligeira voadora forma
legível pela janela
sentimentos raros
quisera o mundo acabasse agora
longe
entre listras azuis
cinco direções da estrela
trsicle e triluna
coração vagabundo
infinito aroma
(Ofício- serigrafia)
Vacilo
vacilo ante as pedras do caminho
às vezes me perco entre as que posso
e as que não devo retirar
mando embora ilusões à toa
blindo o coração do que me falta
respiro tênue madrugada
inspiro poesia no ar
e isto me abasteça
abjetas são todas as palavras que não servem para nada
vala comum das inexpressões elas se vão
umbrais do esquecimento estranhas armaduras
de quem caminhou noite inteira
por terra estranha
e não conseguiu chegar...
(Gente- serigrafia)
Uma parte acorda em mim
uma parte acorda em mim
levanta,escova os dentes,come na hora certa
a outra parte,discorda completamente
voa muito mais que anda
guerrilha,se arrebenta
depois fuma o cachimbo da paz
e nem assim se contenta...
(Praça- acrílico sobre madeira)
Ele escreve poesia. O artista vem trabalhando várias técnicas ao longo da sua carreira:pastel guache, óleo,desenho,gravura. Sua obra tem colecionadores do Brasil e no exterior.A estilização da figura humana ,os aspectos paisagísticos do cotidiano se constituem,desde sempre, em objetos temáticos da sua expressão artística.
(Caminho-Serigrafia)
Sumo
listras azuis triscle e triluna
pentagrama no quarto aparente
ligeira voadora forma
legível pela janela
sentimentos raros
quisera o mundo acabasse agora
longe
entre listras azuis
cinco direções da estrela
trsicle e triluna
coração vagabundo
infinito aroma
(Ofício- serigrafia)
Vacilo
vacilo ante as pedras do caminho
às vezes me perco entre as que posso
e as que não devo retirar
mando embora ilusões à toa
blindo o coração do que me falta
respiro tênue madrugada
inspiro poesia no ar
e isto me abasteça
abjetas são todas as palavras que não servem para nada
vala comum das inexpressões elas se vão
umbrais do esquecimento estranhas armaduras
de quem caminhou noite inteira
por terra estranha
e não conseguiu chegar...
(Gente- serigrafia)
Uma parte acorda em mim
uma parte acorda em mim
levanta,escova os dentes,come na hora certa
a outra parte,discorda completamente
voa muito mais que anda
guerrilha,se arrebenta
depois fuma o cachimbo da paz
e nem assim se contenta...
(Praça- acrílico sobre madeira)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Metáfora (2)
Uma pedra à pedra
se acrescenta
e quanto mais daquela
se coloca,
menos esta aumenta.
Mesmo assim
na pedra segunda
algo cresce:
o que na primeira
nunca aparece.
E esta pedra,
agora renovada,
cria corpo
numa outra estrada.
Mesmo sendo menos
que a pedra primeira,
é a segunda pedra
ainda mais verdadeira.
Não que seja aquela
fria e falsa,
mas falta a ela
um compasso de valsa.
Dando à outra
aquilo que já tinha,
mais clara a torna,
mais nítida é a linha.
Se não se mostra
a ninguém mais
a pobre pedra quieta,
torna-a falante
a pedra do poeta.
(foto: Cleber Pacheco)
.
se acrescenta
e quanto mais daquela
se coloca,
menos esta aumenta.
Mesmo assim
na pedra segunda
algo cresce:
o que na primeira
nunca aparece.
E esta pedra,
agora renovada,
cria corpo
numa outra estrada.
Mesmo sendo menos
que a pedra primeira,
é a segunda pedra
ainda mais verdadeira.
Não que seja aquela
fria e falsa,
mas falta a ela
um compasso de valsa.
Dando à outra
aquilo que já tinha,
mais clara a torna,
mais nítida é a linha.
Se não se mostra
a ninguém mais
a pobre pedra quieta,
torna-a falante
a pedra do poeta.
(foto: Cleber Pacheco)
.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Saber
Dos Mistérios
nasce
o fruto primevo das coisas
em inquietude de urna
saciando sedes,reavivando fomes
em água e vinho que se oferta
aos que têm olhos de ver.
Do Conhecimento
nasce
a flor intrínseca das coisas
abismada em carne de pétalas,
crescendo nas cisternas do Vivo,
no íntimo dos que fabricam vasos
e cálices de esforço e espera.
Flor e Fruto
em corpo e sopro
no coração dos desencontros.
(imagem: Google)
nasce
o fruto primevo das coisas
em inquietude de urna
saciando sedes,reavivando fomes
em água e vinho que se oferta
aos que têm olhos de ver.
Do Conhecimento
nasce
a flor intrínseca das coisas
abismada em carne de pétalas,
crescendo nas cisternas do Vivo,
no íntimo dos que fabricam vasos
e cálices de esforço e espera.
Flor e Fruto
em corpo e sopro
no coração dos desencontros.
(imagem: Google)
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Movimento
Se algo é quanto segrega,
mais intenso é o segredo
daquilo que tudo congrega
quanto maior o degredo.
Se recupera o vestígio,
embora muito adquira,
nunca elimina o litígio
existente em toda mira.
Se a si mesmo refuta
e a ninguém abriga,
repele sua conduta
vítima da própria intriga.
mais intenso é o segredo
daquilo que tudo congrega
quanto maior o degredo.
Se recupera o vestígio,
embora muito adquira,
nunca elimina o litígio
existente em toda mira.
Se a si mesmo refuta
e a ninguém abriga,
repele sua conduta
vítima da própria intriga.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Côncavo-Convexo
Requer o corpo
algum volume,
mesmo tosco
ou sem perfume,
Até no mínimo
há certo relevo,
que,sendo istmo,
torna-se trevo.
A cada face
que ele aponta
de novo nasce
uma outra conta.
Sempre que soma
ou então deve,
algo retoma
do que proscreve.
Um outro lado,
um novo espaço
está cunhado
em seu regaço.
Insistindo,
se tresdobra
e vai construindo
sua obra.
O que era rente,
torna-se fundo,
restando a semente
de um novo mundo.
(Imagem: Google)
algum volume,
mesmo tosco
ou sem perfume,
Até no mínimo
há certo relevo,
que,sendo istmo,
torna-se trevo.
A cada face
que ele aponta
de novo nasce
uma outra conta.
Sempre que soma
ou então deve,
algo retoma
do que proscreve.
Um outro lado,
um novo espaço
está cunhado
em seu regaço.
Insistindo,
se tresdobra
e vai construindo
sua obra.
O que era rente,
torna-se fundo,
restando a semente
de um novo mundo.
(Imagem: Google)
domingo, 4 de dezembro de 2016
Metáfora
A tarde opta
ao que está apta
e,com toda arte,
tudo reparte,
para ir sentindo
o que vai assentando,
e o que some
com toda fome,
e o que segura
ainda que sugira,
qual o tempero
do seu desespero,
ou a máscara
de sua víscera,
qual o idioma
do seu sintoma,
e o recurso
do seu reverso,
sem que baste
o mero desgaste
para infringir
o que irá constranger,
tão indiscreta
quanto o poeta.
ao que está apta
e,com toda arte,
tudo reparte,
para ir sentindo
o que vai assentando,
e o que some
com toda fome,
e o que segura
ainda que sugira,
qual o tempero
do seu desespero,
ou a máscara
de sua víscera,
qual o idioma
do seu sintoma,
e o recurso
do seu reverso,
sem que baste
o mero desgaste
para infringir
o que irá constranger,
tão indiscreta
quanto o poeta.
sábado, 3 de dezembro de 2016
O Peregrino
(Pequenas histórias e insights).
* Caminhando pela campina,o Peregrino encontrou uma gota de orvalho.Encheu o seu cantil.
* Atravessando a jângal, o peregrino se deparou com um tigre. Reinventaram a arte de brincar.
* Aventurando-se pelas cruas areias do deserto,o Peregrino vislumbrou uma folha. Plantou oásis.
* Vendo a parasita estrangulando a árvore,transmutou-a,o Peregrino,em orquídea.
* Passando pelo Limbo, o Peregrino encontrou dementes. Acendeu-lhes uma lamparina e seguiu em frente.
* Chegando ao alto da montanha, o Peregrino contemplou as nuvens.Nelas desenhou a paisagem.
* Escavando o deserto, o Peregrino encontrou uma cidade soterrada. No centro da cidade havia um templo. Em seu interior, a lamparina, ainda acesa, revelou,meditando,um monge.
(foto: Google imagens)
* Caminhando pela campina,o Peregrino encontrou uma gota de orvalho.Encheu o seu cantil.
* Atravessando a jângal, o peregrino se deparou com um tigre. Reinventaram a arte de brincar.
* Aventurando-se pelas cruas areias do deserto,o Peregrino vislumbrou uma folha. Plantou oásis.
* Vendo a parasita estrangulando a árvore,transmutou-a,o Peregrino,em orquídea.
* Passando pelo Limbo, o Peregrino encontrou dementes. Acendeu-lhes uma lamparina e seguiu em frente.
* Chegando ao alto da montanha, o Peregrino contemplou as nuvens.Nelas desenhou a paisagem.
* Escavando o deserto, o Peregrino encontrou uma cidade soterrada. No centro da cidade havia um templo. Em seu interior, a lamparina, ainda acesa, revelou,meditando,um monge.
(foto: Google imagens)
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
AUTOR CONVIDADO
Cristina Siqueira é escritora, poetisa,
jornalista,decoradora.É autora do
Projeto Livro de Rua que transforma vias públicas em vias de leitura. Promove
oficinas de literatura.Obras editadas –Papel ,A carne da noz,Por trás dos
muros,Livro Prisma,CD-Se houvesse amor a vida seria carícia ,CD Metalic
Orquídeas
SE HOUVESSE AMOR A VIDA SERIA CARÍCIA
pela janela espero um anjo
Se tudo fosse mágico não haveria fim
O perfume bastaria como um voto de paz
sem pensar a felicidade estaria guardada
sempre à espera em um lugar belíssimo
que por tantas vezes eu vi
Se houvesse amor a vida seria carícia
A última palavra, o jardim de rosas
O meigo cão, a guarda que basta
Os robôs guerreiros na promessa de paz
trazem a guerra
- onde estar a salvo?
E no entanto ,o que sucede na sala do castelo onde se decide o destino do rei?
Deflagrar o espetáculo
Todos atentos
é real a vida
Procuro as armas no fundo do coração
onde as guardei um dia
Além do rumor do mundo feio e confuso
os rios são frescos ,pássaros cantam
Acender de velas para entender a importância da questão que não quero crer nesta
espécie truculenta
e animal que se faz de fúria
As conversas com os gerânios
O suspiro das bromélias
Rosas de todas as cores
Borboletas
um vento bom
Calor e conforto
Ternura
para o tempo triste
O mundo não é quadrado
Volto ao ponto de partida
caminhei
Caminhei
Ralentar
Falar com a alma
é o princípio de tudo
(Performance poética de Cristina Siqueira do poema de sua autoria no CD).
pela janela espero um anjo
Se tudo fosse mágico não haveria fim
O perfume bastaria como um voto de paz
sem pensar a felicidade estaria guardada
sempre à espera em um lugar belíssimo
que por tantas vezes eu vi
Se houvesse amor a vida seria carícia
A última palavra, o jardim de rosas
O meigo cão, a guarda que basta
Os robôs guerreiros na promessa de paz
trazem a guerra
- onde estar a salvo?
E no entanto ,o que sucede na sala do castelo onde se decide o destino do rei?
Deflagrar o espetáculo
Todos atentos
é real a vida
Procuro as armas no fundo do coração
onde as guardei um dia
Além do rumor do mundo feio e confuso
os rios são frescos ,pássaros cantam
Acender de velas para entender a importância da questão que não quero crer nesta
espécie truculenta
e animal que se faz de fúria
As conversas com os gerânios
O suspiro das bromélias
Rosas de todas as cores
Borboletas
um vento bom
Calor e conforto
Ternura
para o tempo triste
O mundo não é quadrado
Volto ao ponto de partida
caminhei
Caminhei
Ralentar
Falar com a alma
é o princípio de tudo
(Performance poética de Cristina Siqueira do poema de sua autoria no CD).
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Tutankâmon
Não demorou muito para que a distância então criada se tornasse evidente. O amigo morava agora na cidade grande;ele continuava provinciano.
Maior tornou-se o afastamento quando o menino da cidade mostrou ao outro o tesouro da família: um quadro formado por borboletas mortas:beleza para sempre mumificada.
O outro,que já se sentia humilhado o suficiente, expressou indignação, dizendo que era,aquilo, inacreditável coisa, abjeta.
Contando para a família o que a visita pensava a respeito daquela preciosidade, pais e irmãos deixaram claro que se tornara,sua vinda,indesejável em casa de pessoas tão refinadas.
Retornando ao mundo provinciano de onde viera,ele, com um aperto no peito, descobriu que acabara de se despedir da infância.
(foto: Google imagens).