quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Avalokiteshvara
Mestre da Compaixão
envia
seus raios
sobre a treva
transmutando
medos perfídias
irradiando
flores sobre
o abismo
vertendo
bem-aventurança
arrancando do limbo
germes da miséria
Senhor da Luz
funda
em nossos corações
calor a ser
sorvido
pela frigidez
de indiferenças ódios
convertendo
morte em Vida
Que a Aurora
seja plena e floresça
apesar da resiliência
dos espinhos
Que o Esplendor
possa erradicar
a impotência dos miasmas
Que a Graça
abarque
todos os quadrantes do Universo
(foto: Google imagens)
envia
seus raios
sobre a treva
transmutando
medos perfídias
irradiando
flores sobre
o abismo
vertendo
bem-aventurança
arrancando do limbo
germes da miséria
Senhor da Luz
funda
em nossos corações
calor a ser
sorvido
pela frigidez
de indiferenças ódios
convertendo
morte em Vida
Que a Aurora
seja plena e floresça
apesar da resiliência
dos espinhos
Que o Esplendor
possa erradicar
a impotência dos miasmas
Que a Graça
abarque
todos os quadrantes do Universo
(foto: Google imagens)
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
domingo, 27 de novembro de 2016
Poema
No solo,
crânio e rocha, o esplendor do sol.
Quem desmerece o Antigo?
Animais, humanos em coito, embriões.
Proliferar, um custo.
Eis as larvas, esporos, fetos.
Ninguém diga “Nada se reproduz.”
Nunca contém, o solo, tudo quanto o
sobrecarrega.
Insuficiente, por toda parte excreta
testemunho de excessos.
Ao sol crânio e rocha não são despeito.
sábado, 26 de novembro de 2016
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Poema de Aricy Curvello
CÉZANNE
Jamais quis pintar
como um animal
porém
na dimensão de reservas,inesgotáveis:
a do mundo em sua espessura
(não só as palavras em discurso).
Massa sem lacuna:
um organismo de cores.
A vibração das aparências não é o berço das coisas.
Escrevia enquanto pintor
o que não havia sido pintado ainda.
(A criação do que existe é uma tarefa infinita).
Jamais quis pintar
como um animal
porém
na dimensão de reservas,inesgotáveis:
a do mundo em sua espessura
(não só as palavras em discurso).
Massa sem lacuna:
um organismo de cores.
A vibração das aparências não é o berço das coisas.
Escrevia enquanto pintor
o que não havia sido pintado ainda.
(A criação do que existe é uma tarefa infinita).
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Círculos
Um homem sentado numa cadeira de madeira.A
cadeira está sobre um tronco.O tronco tem inúmeros círculos.O homem olha para
baixo.Ele não é idoso.Nem muito jovem.Ele conta os círculos da madeira.Nem
conta:olha.Olhando,sabe quantos são eles,desde o central,o menor,até o mais
periférico,o maior.Sabe ainda que madeira é aquela,que árvore foi aquela,que
frutos teria.Silente,a cadeira.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Autor Convidado
Nascido em São Paulo, André D’
Soares, 25 anos, cresceu em meio à pobreza. Ainda que com uma vida financeira precária,
conseguiu cursar, por dois anos, Sistemas de Informação numa universidade
privada. Trancou o curso para estudar por conta própria almejando uma
universidade pública. Antes do vestibular, resolveu viajar com o seu irmão para
a Bahia, mas voltou sem ele. Desde então, como válvula de escape, começou a
escrever e não parou mais. Hoje, deseja viver da literatura, mesmo em
detrimento de seu próprio estômago... Publicou pela editora Penalux em outubro de 2016“Cheiro de mofo”, o seu
primeiro livro (contos).
Onde o camponês não pode pisar
Caminhando pelas terras do manso
senhorial,
Pelas ruas nobres de São Paulo,
Percebi que os senhores brancos e ricos
Dilataram suas pupilas e se afastaram
Pelas ruas nobres de São Paulo,
Percebi que os senhores brancos e ricos
Dilataram suas pupilas e se afastaram
De mim às pressas;
Ficaram com medo por algum motivo.
Ficaram com medo por algum motivo.
Talvez pela roupa suja de camponês,
Com furos, que eu usava;
Pelos chinelos remendados da Ipanema.
Talvez pela minha cor escura
Ou pelas marcas de sofrimento em meu rosto.
Pelos chinelos remendados da Ipanema.
Talvez pela minha cor escura
Ou pelas marcas de sofrimento em meu rosto.
E os seguranças,
Que haviam nascido no mesmo berço que o meu,
Que resolveram vender suas almas
Para proteger aqueles senhores,
Seguiam-me com suas algemas já abertas
E seus revólveres prontos para cuspir balas.
Que haviam nascido no mesmo berço que o meu,
Que resolveram vender suas almas
Para proteger aqueles senhores,
Seguiam-me com suas algemas já abertas
E seus revólveres prontos para cuspir balas.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Alvo
Um antiquíssimo
templo em ruínas.Na entrada,ameaçadores guardiões.Dentro,fragmentos de
vasos,estátuas, baixos-relevos,desenhos,inscrições misteriosas,colunas. Dentro,uma tumba.Simples,lisa,mero
retângulo,nua e carcomida.Dentro,um esquife de ouro repleto de adornos.Dentro
dele,um esquife de maciça prata.Dentro deste,um esquife de bronze.Dentro do
esquife de bronze,uma urna.Dentro,um seixo.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
domingo, 20 de novembro de 2016
Cegos
Ver e ser visto
são idênticos
como nascer e morrer:
atar e desatar
de desencontros
que se encontram
no desalinhar das geometrias,
na descostura das digitais,
no findar dos eclipses.
Janelas que se quebram,
cacofonia de sentidos
no impenetrável das miopias:
surdos tateiam a si mesmos
apalpando as arestas
de nenhum e ninguém.
(foto: Cleber Pacheco)
são idênticos
como nascer e morrer:
atar e desatar
de desencontros
que se encontram
no desalinhar das geometrias,
na descostura das digitais,
no findar dos eclipses.
Janelas que se quebram,
cacofonia de sentidos
no impenetrável das miopias:
surdos tateiam a si mesmos
apalpando as arestas
de nenhum e ninguém.
(foto: Cleber Pacheco)
sábado, 19 de novembro de 2016
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Colheita
Do plantar
o colher é mais antigo,
anterior ao ato
de planejamento circunspecto,
triunfo da terra
em sua gênese
ao desvendar
aquilo que morto
nunca houvera sido,
reciclar de antigo
em corpo outro,
transmigração
de forma e de sentido,
misto de paisagem e de pintura
na carne do telúrico,
eterno rememorar
dos mistérios de Elêusis.
(foto: Cleber Pacheco)
o colher é mais antigo,
anterior ao ato
de planejamento circunspecto,
triunfo da terra
em sua gênese
ao desvendar
aquilo que morto
nunca houvera sido,
reciclar de antigo
em corpo outro,
transmigração
de forma e de sentido,
misto de paisagem e de pintura
na carne do telúrico,
eterno rememorar
dos mistérios de Elêusis.
(foto: Cleber Pacheco)
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Autor convidado
Marcos Delgado Gontijo nasceu na cidade
mineira de João Monlevade onde viveu até os 19 anos e conclui o ensino
secundário. Mudou-se para Belo Horizonte onde cursou engenharia de minas pela
Universidade Federal de Minas Gerais onde também fez curso de Mestrado na área.
Após, foi trabalhar em empresas do seguimento mineral, tendo sido professor na
UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e ingressado no Serviço Público
Federal em 2010.
Atualmente mora em João Monlevade – MG. É
casado e pai de dois filhos.
Sempre adepto a leitura, escreve desde os 15
anos. Porém, somente em 2013 resolve publicar seu primeiro livro: Milho de
Grilo – um livro de recortes e recordações. Desde então, publicou: O
Pormenor (2013), A Fala na Rouquidão (2014), Um Dia para Ter Meu
Assovio (2016), A Oração do Fogo (2016) e Ventos Menineiros
(2016). Também é autor de três e-book: O Amor em Laços de Lua, O Amor em
Laços de Sol e Laços de Cipó. Atualmente está escrevendo o Livro Os
Homens Búfalo, editado em capítulos.
O
coração apaixonado tem fome na espera
E sede na chegada;
Sente tristeza na sala e alegria na varanda
Sente tristeza no vento e alegria na chuva.
Quando
nos lábios calam as palavras
Nos pensamentos desaparecerem as coerências.
Quando
nos toques sedosos brotam calafrios
O sentimento derruba, esparrama.
É
hora de abanar as labaredas da lareira
De desabotoar risos nos lábios
Franzir a testa em alegria
E fechar seus olhos úmidos.
Hora de andar tocado de sentimento
De sair a beber vento e comer sol.
Deitar sono em colo carinhoso
Deitar ombro aos abraços ao dia.
Quando
o afeto fica forte como rochedo à beira-mar
É hora de levar o ramalhete
É hora de levar o corpo ralado ao almejado encontro
É hora de andar lonjuras, ficar
pertinho;
Ir ao encontro do diamante
azul, da vida valiosa.
terça-feira, 15 de novembro de 2016
Literatura
Mundo dos Livros
Fazendo um balanço,percebi que já me envolvi com o mundo dos livros de diversos modos :
escrevi contos,novelas,romances,teatro,crítica literária, ensaios,poesia, crônica e me aventurei pelos gêneros policial e fantasia. Também já fiz apresentações,prefácios,notas de rodapé, revisão de tradução, traduzi alguns poemas e estou trabalhando na tradução de uma novela e um livro de ensaios. Também já fiz capas e ilustrações. de modo que hoje posso me considerar com uma boa experiência no ramo. E me sinto muito bem em ter trilhado tal caminho. Já posso dizer que tenho uma história.
escrevi contos,novelas,romances,teatro,crítica literária, ensaios,poesia, crônica e me aventurei pelos gêneros policial e fantasia. Também já fiz apresentações,prefácios,notas de rodapé, revisão de tradução, traduzi alguns poemas e estou trabalhando na tradução de uma novela e um livro de ensaios. Também já fiz capas e ilustrações. de modo que hoje posso me considerar com uma boa experiência no ramo. E me sinto muito bem em ter trilhado tal caminho. Já posso dizer que tenho uma história.
Livros
Tenho diversos livros publicados em gêneros diferentes.Se é que se encaixam em algum gênero. Todos eles se caracterizam por um estilo muito próprio. Creio que estou trilhando um caminho diferenciado, que destoa daquilo que está na "moda" hoje. Isso tem um preço. Mas tomei a decisão de desbravar tal caminho e é isso que tenho feito ao longo dos anos.E assim continuará sendo.
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Poema de Ana Akhmátova
OS MISTÉRIOS DO OFÍCIO
Não me importa o exército das odes,
Nem o jogo torneado da elegia.
Nos versos tudo é fora de propósito,
Não como entre as pessoas,me dizia.
saibam vocês,o verso,é do monturo
Que ele se alenta,sem vexame disso,
Como um dente-de-leão pegado ao muro,
Anserina,bardana,erva-de-lixo.
Grito de zanga,um travo de alcatrão,
Um bolor misterioso que esverdinha...
E eis o verso,furor e mansidão
Para alegria de vocês e a minha.
(foto: Cleber Pacheco)
Não me importa o exército das odes,
Nem o jogo torneado da elegia.
Nos versos tudo é fora de propósito,
Não como entre as pessoas,me dizia.
saibam vocês,o verso,é do monturo
Que ele se alenta,sem vexame disso,
Como um dente-de-leão pegado ao muro,
Anserina,bardana,erva-de-lixo.
Grito de zanga,um travo de alcatrão,
Um bolor misterioso que esverdinha...
E eis o verso,furor e mansidão
Para alegria de vocês e a minha.
(foto: Cleber Pacheco)
domingo, 13 de novembro de 2016
AUTOR CONVIDADO
Elizabeth Esguerra Castillo é das Filipinas,escritora,jornalista e blogueira. Tem livros publicados,inclusive no Reino Unido e Estados Unidos. Participou de várias antologias internacionais.É membro da American Authors Association,da Asia Pacific Writers and Translators e do PEN International.
Esta é a minha tradução para o seu poema.
AMAR EM SILÊNCIO
Às vezes gostaria de dizer "eu te amo"
Mas sei que há três palavras verdadeiras mais importantes e difíceis de dizer.
Palavras tornam-se vazias,sem sentido e sentimento
Quando se reúne coragem para pronunciá-las.
Mas não se pode provar de outro modo.
Escolho amá-lo em silêncio.
Sei que fazendo isso não sentirei dor.
Só eu conheço a fúria dos sentimentos guardados.
Não é problema amá-lo à distãncia,
Você nunca entenderá que,quando se encontram nossos olhos,já é o céu para mim.
Amo você.
As pessoas tendem a usar demasiado estas preciosas palavras.
Mas os asnos passam e é,o amor,ainda o mesmo?
Dizendo-as repetidamente retornam memórias.
Quando novo o amor,aos corações não era lícito o adeus?
Amá-lo em silêncio
É meu modo de reter o amor e poder dá-lo por inteiro outra vez.
Quando todas as cicatrizes forem curadas e libertos os grilhões,
Se é você a pessoa certa para mim,o destino abrirá suas portas
E quando o momento perfeito vier,ambos diremos
" Te amei por muito tempo".
(imagem: Google)
Esta é a minha tradução para o seu poema.
AMAR EM SILÊNCIO
Às vezes gostaria de dizer "eu te amo"
Mas sei que há três palavras verdadeiras mais importantes e difíceis de dizer.
Palavras tornam-se vazias,sem sentido e sentimento
Quando se reúne coragem para pronunciá-las.
Mas não se pode provar de outro modo.
Escolho amá-lo em silêncio.
Sei que fazendo isso não sentirei dor.
Só eu conheço a fúria dos sentimentos guardados.
Não é problema amá-lo à distãncia,
Você nunca entenderá que,quando se encontram nossos olhos,já é o céu para mim.
Amo você.
As pessoas tendem a usar demasiado estas preciosas palavras.
Mas os asnos passam e é,o amor,ainda o mesmo?
Dizendo-as repetidamente retornam memórias.
Quando novo o amor,aos corações não era lícito o adeus?
Amá-lo em silêncio
É meu modo de reter o amor e poder dá-lo por inteiro outra vez.
Quando todas as cicatrizes forem curadas e libertos os grilhões,
Se é você a pessoa certa para mim,o destino abrirá suas portas
E quando o momento perfeito vier,ambos diremos
" Te amei por muito tempo".
(imagem: Google)
sábado, 12 de novembro de 2016
Recanto
Repouso
nas bordas
da quietude,
mergulho
no catecismo
da floresta
onde se aprende
o sagrado morrer
na plenitude do estigma.
Acordo
entre desajustes,
fricção de ancestrais
que recordam
os arquitetos
do templo do vivo,
minúcia de espantos
que se recusam
a adormecer
em pesadelos de placidez.
(foto: Cleber Pacheco)
nas bordas
da quietude,
mergulho
no catecismo
da floresta
onde se aprende
o sagrado morrer
na plenitude do estigma.
Acordo
entre desajustes,
fricção de ancestrais
que recordam
os arquitetos
do templo do vivo,
minúcia de espantos
que se recusam
a adormecer
em pesadelos de placidez.
(foto: Cleber Pacheco)
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
Poema de Mário Quintana
A NOITE GRANDE
Sem o coaxar dos sapos
ou o cricri dos grilos
como é que poderíamos
dormir tranquilos
a nossa eternidade imagina
uma noite sem o
palpitar das estrelas
sem o fluir misterioso das águas.
Não digo que a gente saiba
que são águas
estrelas
grilos...
-morrer é simplesmente
esquecer as palavras.
E conhecermos Deus,talvez,
sem o terror da palavra Deus.
(foto: Cleber Pacheco)
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Biografia
A biografia de Helena Blavatsky e escrita por Sylvia Cranston tem 678 páginas, é publicada pela Editora Teosófica e contém muitos detalhes interessantes e esclarecedores a respeito da célebre biografada. Um personalidade que não pode ser ignorada, visto que exerceu grande influência no pensamento ocidental e oriental,incluindo cientistas,escritores,pintores,músicos tais como: Thomas Edison, Camille Flammarion, Einstein,David Bohm,Rupert Sheldrake, Fernando Pessoa, Yeats, James Joyce, E.M. Forster,D.H. Lawrence,Jack London,Mondrian,Kandinsky,Paul Klee,Gauguin,Nicholas Roerixh,Mahler,Sibelius,Scriabin e muitos outros.
O livro conta desde suas origens aristocráticas na velha Rússia até suas peregrinações por diversos países como Egito,Índia,Nepal,Inglaterra,Estados Unidos, América do Sul.
Amada,odiada,caluniada, HPB ,como era conhecida, buscou resgatar a essência do budismo,da sabedoria indiana,do cristianismo, da espiritualidade e das antigas tradições, em obras que causaram grande impacto como Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta.
Trata-se de uma leitura para mentes abertas,espíritos ousados e que buscam ampliar os seus horizontes,indo além do que é "oficialmente" estabelecido como verdadeiro e aceitável.
História fascinante e que faz pensar.
O livro conta desde suas origens aristocráticas na velha Rússia até suas peregrinações por diversos países como Egito,Índia,Nepal,Inglaterra,Estados Unidos, América do Sul.
Amada,odiada,caluniada, HPB ,como era conhecida, buscou resgatar a essência do budismo,da sabedoria indiana,do cristianismo, da espiritualidade e das antigas tradições, em obras que causaram grande impacto como Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta.
Trata-se de uma leitura para mentes abertas,espíritos ousados e que buscam ampliar os seus horizontes,indo além do que é "oficialmente" estabelecido como verdadeiro e aceitável.
História fascinante e que faz pensar.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
domingo, 6 de novembro de 2016
Carta de Clarice Lispector a uma amiga
estou procurando,estou procurando,estou tentando entender.Cheguei até a casa,o retorno ao lar, pasma e muda,desinquieta.É que eu não imaginava a possibilidade do acontecido, o inesperado bom também acontece. Fico buscando a palavra-isca para alcançar as entrelinhas, mas esta tarde transmigra-se em outra e a coisa me escapa em contínuo fluxo de espanto e cólica.
Lá estava,sozinha,pelo Jardim Botânico,disposta a dar um passeio.Eis que fui tomada de assalto e fiquei ali,desarticulada,em meio á exuberância vegetal,presa ao murmúrio da fonte de água,sentindo o sol,a azulescência do céu,os passantes e,imóvel,em estado de choque e aleluia,não podia reagir.O que era? Ai,estou perdida,foi só o que pude pensar Talvez os tons de verde,as formas da flora, o desatino das flores, a singularidade do ar,o despreparo do instante tenham me provocado tamanho desconcerto.
Sem cálculo,fui jogada á extrema crueza do mundo e á sua carne viscosa.Um cego,um cego havia e ai! passou diante dos meus olhos tateando o ar feito um demente,um perdido,um caduco Tirésias, uma cicatriz
e a tarde despendeu seu grito trincando o tímpano do dia. Preciso de um socorro, quase gritei e mais calada tornei-me,eu, a desentendida.
Quanto tempo durou? Uma eternidade,um átimo.
Um custo recuperar-me. E nem me recuperei ainda.
Daqui a pouco começo a escrever um conto intitulado Amor. Para ver se obtenho um lamento,o gozo da glória ou somente um modo de amenizar o susto,a dor,o pasmo,a delícia,o diabólico,o divino, a agonia, o êxtase,o
sábado, 5 de novembro de 2016
O Mensageiro
São assassinados
aqueles que chegam antes,
aqueles que alimentam
cegos na tempestade.
São muitos os crimes
cometidos contra
quem se exilou
da caverna,
inúmeras são as mortes
dos que se recusam
a não ser cegos.
O mudo clama
por muitas mortes,
continua
a ter fome de crimes,
enquanto videntes
erguem
o véu dos excluídos
desvendando o Invisível.
(imagem: pintura O Mensageiro de Nicholas Roerich).
aqueles que chegam antes,
aqueles que alimentam
cegos na tempestade.
São muitos os crimes
cometidos contra
quem se exilou
da caverna,
inúmeras são as mortes
dos que se recusam
a não ser cegos.
O mudo clama
por muitas mortes,
continua
a ter fome de crimes,
enquanto videntes
erguem
o véu dos excluídos
desvendando o Invisível.
(imagem: pintura O Mensageiro de Nicholas Roerich).
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
CHAVE
Ele vai todos os dias até a casa
abandonada.Abre as janelas,portas,deixa o ar circulando.Dá uma olhada pelos
aposentos,confere os objetos,sai.À tarde,quando começa a escurecer,volta até
lá.Agora para fechá-la.Entre idas e vindas, passa o resto do tempo habitando precário
espaço debaixo de uma ponte procurando pela chave.
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Todo
Estar em si e consigo
sem centrar-se em si,
ir além do eu
alcançando o Sendo,
fundura sem fundo
da superfície do íntimo,
fluido de onde não há onde:
aqui,agora,Todo,
arte de tornar-se
o que já se É,
matriz do que funda
o infundável: gesto sem corpo
da intrepidez do Enigma,
auge
do som sem palavra
do Sentido:
Inominado.
(imagem: Google)
sem centrar-se em si,
ir além do eu
alcançando o Sendo,
fundura sem fundo
da superfície do íntimo,
fluido de onde não há onde:
aqui,agora,Todo,
arte de tornar-se
o que já se É,
matriz do que funda
o infundável: gesto sem corpo
da intrepidez do Enigma,
auge
do som sem palavra
do Sentido:
Inominado.
(imagem: Google)
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Novo livro
O escritor Cláudio Parreira comenta o meu novo livro:
" Cleber Pacheco vem abrindo um caminho completamente inovador na literatura brasileira contemporânea. Avesso aos modismos e dono de uma voz ímpar,vem deixando marcas que só mesmo os leitores mais atentos conseguem decifrar.
Este seu novo livro ,INTERSECÇÕES, que o autor chama de romance, vai muito além da classificação de gêneros : é uma das leituras mais complexas e intrigantes que experimentei nos últimos anos.
Já no primeiro capítulo (...) intitulado Pedra e Flor, somos colocados diante de toda a estrutura que virá depois: o embate entre a força e a delicadeza,temas que Pacheco desenvolve com rara habilidade até o surpreendente desfecho.
Repleto de metáforas inusitadas e desconcertantes, construído com uma linguagem raramente encontrada em outros autores contemporâneos, INTERSECÇÕES é um livro que se nutre de gêneros (...)é um jogo de luz e sombra em que somos levados a crer numa reconciliação(...)entre Pedro e Margarida,supostamente os protagonistas da obra".
( O livro está à venda no site da editora Penalux).
" Cleber Pacheco vem abrindo um caminho completamente inovador na literatura brasileira contemporânea. Avesso aos modismos e dono de uma voz ímpar,vem deixando marcas que só mesmo os leitores mais atentos conseguem decifrar.
Este seu novo livro ,INTERSECÇÕES, que o autor chama de romance, vai muito além da classificação de gêneros : é uma das leituras mais complexas e intrigantes que experimentei nos últimos anos.
Já no primeiro capítulo (...) intitulado Pedra e Flor, somos colocados diante de toda a estrutura que virá depois: o embate entre a força e a delicadeza,temas que Pacheco desenvolve com rara habilidade até o surpreendente desfecho.
Repleto de metáforas inusitadas e desconcertantes, construído com uma linguagem raramente encontrada em outros autores contemporâneos, INTERSECÇÕES é um livro que se nutre de gêneros (...)é um jogo de luz e sombra em que somos levados a crer numa reconciliação(...)entre Pedro e Margarida,supostamente os protagonistas da obra".
( O livro está à venda no site da editora Penalux).