segunda-feira, 27 de abril de 2015

Panspermia

Corola
de estrelas
a fecundar
o jardim do universo.

Floração
de vida
na botânica do Cosmos.

sábado, 25 de abril de 2015

Poema

(Poema do meu novo livro ARTE RUPESTRE)

    A cada dia o homem desinventa
a morte.
   Se há um embate, dá-se nos atritos
do silêncio.
   O que silencia, no exato ninguém sabe.
   Evidenciam-se a azáfama, os rituais,
as multidões, o desvelo nos impressos.
   O que o atesta são os que,solitários,
percorrem o dia sem pedir nada em troca.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Lago Congelado


 Silencia
o vento congelante
para ouvir
o gelo trincando
a cada passo.

A água fria
espreita
a sola dos meus pés.

Olho a floresta morta
e acaricio as rachaduras.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Novidades

     Meu novo livro de poesia Arte Rupestre está pronto e à venda no site Clube de Autores.
     Minha pintura Nymphes e foto Flowers serão publicadas em revista de literatura e arte nos Estados Unidos: a SVR.
    Meu romance O Terceiro Dia será publicado em agosto.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Nanoconto: Novo Milênio


   Morta a esfinge, Jocasta põe-se a parir monstros.

(Google imagens)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Poema: Cidade dos Mortos

Além do Malebolge,
abaixo,
o antro dos mortos,
da esterqueira,
o fundo.
Comem vômito
os danados,
pela boca defecam
a treva
onde o podre gesta
o ódio,o sórdido.
Não está condenada
a alma das bestas:
não há alma.
Tornou-se o pútrido
um paraíso outro.


(ilustração: Gustave Doré)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Poesia

Texto do escritor Ádlei Duarte a respeito do livro VIDA REINVENTADA:

" Depois de já ter lido Cleber Pacheco em outras obras,nada mais de sua lavra deveria me surpreender.Mas me enganei.
   Cleber Pacheco nos dá,nesta nova obra, uma releitura de tudo o que existe, deixando-nos a pensar sobre o ser ou não ser,a pedra e a carne,o amor que existe ou que poderia ter existido no hiato entre uma jogada ou outra do xadrez.
Não há medida para Cleber Pacheco, se em um momento entre o quadrado do tabuleiro e o tempo que se gasta para se construir uma jogada ou uma estória, pode-se fazer um verso,repensar o mundo.
Não há medida quando um poeta faz da pedra,do osso,do olho,da vinha e do pão algum recado que caiba a cada um,segundo o seu quinhão filosófico e a sua condição de interpretar.
Cleber é um gênio da palavra.Impossível ler seus versos sem sobre eles se debruçar e se redescobrir,sem se renascer noutro nível de pensamento".

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Resenha

 (  Trecho da resenha de autoria do escritor J. A. Salton a respeito do meu livro de poesia DA VIDA DISCRETA)

      Um escritor notável que,aos poucos,começa a ser descoberto como um dos maiores de nosso tempo.
      Quem conhece sua obra sabe o quanto nela há o emprego absorvente da inteligência.
      A poesia de Cleber Pacheco trabalha nos interstícios da ciência:está adiantada em relação a esta. Fuça no mias fundo da alma humana e o saber que ela mobiliza nunca é inteiro nem derradeiro. Não diz que sabe alguma coisa,mas que sabe de alguma coisa.É profunda e,ao mesmo tempo,modesta.
      A lição de Cleber,como a de todo artista competente resume-se no seguinte: " Eis o que eu fiz. O fato de que eu o tenha feito prova que é fazível." Não um modelo,mas a afirmação de uma possibilidade,um bom desafio. Sem nenhum compromisso com outra coisa que não sejam os caprichos da inteligência e da imaginação.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

prefácio ( 2)

A poesia de Cleber Pacheco  é dissonante, não procura aliciar o leitor numa primeira investida. É de uma certa aspereza, avessa à melodia; os poemas não têm títulos para nos abrir portas e encontra no pensamento o seu motivo e na análise simbólica da história do homem e do cosmo seu desiderato. Poesia aforismática.  Sempre a partir da humanidade, é claro, pois nos avisa no segundo poema: A cada dia o homem desinventa a morte. E intui o mistério que nos envolve: O que silencia, no exato, ninguém sabe. Ao poeta cabe ler este mundo e interpretá-lo, como o cabalista faz múltiplas interpretações do texto a partir do Aleph. Ou por intermédio dele buscava a univocidade do Universo na letra e no fundamento da árvore da vida dos cabalistas, poema 16: toda a árvore é serafítica. Aqui encontramos o homogêneo e o heterogêneo, o único e o múltiplo, a interação dos opostos:





                                Chuva a atravessar a noite, infusão de arestas, dilúvio.
                                O homogêneo, vitríolo a corroer o distinto.
                                Um despropósito de nuvens, abalroamento.
                                 Há quem atravesse chuva e noite, dissimulação.
                                 Há quem nunca cumpra sequer a nuvem.
                                 O heterogêneo, vitríolo diluindo o infuso.
                                  Dilúvio sem barca, fecundo.




A natureza se constrói unindo e desunindo, amor e morte,  eros e thanatos. O positivo e o negativo se dão as mãos na ciranda natural das coisas do mundo que se fazem e desfazem diante dos nossos olhos. O poeta pode ser o iluminado que atravessa as nuvens, a chuva e a dissimulação para chegar ao conhecimento do verdadeiro, seja lá o que isso for, pois se o Autor nos deixa pistas o autor não se importa de embaralhá-las. O leitor que faça sua leitura única, letra e conteúdo os mesmos, ou que se abra às múltiplas interpretações – Cleber Pacheco não nos prometeu facilidades:

                                 Tanque d’água no escuro, sequer lua.
                                 O que ele reflete?
                                 O espelho do cego recorda onde o infinito começa.
                                 No canto, escondida, sombra sem espreita.
                                 Além, talvez, o coro dos mortos.

Não é bonita e profunda a metáfora do espelho do cego? Mire-se neste espelho, leitor, e revele a sua própria imagem onde o infinito começa.

José Eduardo Degrazia                             

                                                         
      
                                           
       


domingo, 12 de abril de 2015

Novo livro


Trecho do prefácio escrito pelo poeta, microcontista e tradutor José Eduardo Degrazia:

   " Debruçar-se sobre os poemas de Arte Rupestre de Cleber Pacheco é procurar entender a intencionalidade do Autor. Na materialidade das escavações poéticas, entre pedras, ossos, artefatos e dejetos – o universo se manifesta no que sobra do que antes foi vida, cultura, a própria natureza se desfazendo no eterno fluir do mundo heraclitiniano. Não é à toa que o poeta nos diz num dos seus poemas: Fluxo./Em cada ponto nasce, sem corpo e avesso. É, sem dúvida nenhuma, poesia hermética, cifrada na mitologia, na filosofia grega, e na cabala. A própria forma dos poemas é indefinida – apesar do poeta manter nos textos uma unidade de sentido do primeiro ao último verso.  No primeiro poema já nos coloca a importância do homem que se apropria do mundo e inventa: O homem apropria-se, inventa cântaros. E eu complementaria: inventa cantos. Talvez seja a poesia a forma possível para fazer a arqueologia do universo, do mundo, e da alma humana. A poesia é a arte rupestre que precisa ser decifrada nas suas palavras que são artefatos lógicos e simbólicos. As palavras jogadas no branco da página precisam ser interpretadas como o arqueólogo organiza os materiais que vai encontrando nas suas escavações exploratórias."

  ( Em breve o livro estará à venda no Clube de Autores) 

sábado, 11 de abril de 2015

Pequeno Conto Gótico

    Estes são os salões. É possível perder-se na amplidão deles.Seria necessário uma multidão para preenchê-los.Veja aquelas retratos olhando o nada.Damas e cavalheiros tentando parecer eternos. Repare naquele dragão de jade sobre a mesa  brilhando sob o sol maduro. É interessante como as sombras se distribuem pelos aposentos.É mágico o modo como os livros se encaixam  perfeitamente nas estantes.Este  é meu quarto e aqui está a janela com as poltronas.Todas as manhãs me sento numa delas e fico admirando a paisagem ondulando sob o vento. É aqui que ficaríamos contando um ao outro os sonhos ocorridos durante a noite. Neste recanto teríamos nossas conversas,trocaríamos ideias e confidências. É nesta casa que viveríamos se unidos estivéssemos. Se assim fosse possível.Se tarde não fosse.Se atravessado o bosque e , os pântanos  eu tivesse,  e o encontro houvesse  se realizado. Foi assim que ficamos, separados,talvez, pela tempo, pelo medo, pela geografia,quem sabe. Bastaria dar alguns passos,conversarmos e resolvido tudo estaria. A cada vez, recuo. E acabo permitindo que a pequena distância continue mantendo o afastamento existente entre nós.  Caminho por entre  árvores, revejo  tumbas e paro diante da lápide onde o meu nome está escrito.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Pequenas Fábulas

1

- Nós somos as donas do mundo,nós somos as as donas do mundo,nós somos....- repetiam as corujas deslumbradas.
- É verdade.; dizia a Águia enquanto colocava nelas a camisa de força.

2

As corujas não conseguiam colocar ordem no próprio ninho. Mas viviam tentando derrubar o ninho das outras aves.
- É por isso que a Floresta está podre.- disse a Águia.

3

- A partir de agora nós somos deus e  vocês vão nos adorar.- disseram as corujas deslumbradas.
- Prefiro voar em direção ao Sol.- falou a Águia estendendo suas asas.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Poema: ULISSES

   Mergulhou
   Ulisses
   em fundas águas.

   Não havia
   sereias,
   só
   abismo
   a escavar
   mais fundos
   abismos.

   Refez,
   Penélope,
   as tramas
   do ocaso.

   ( Pintura:   Cleber Pacheco)


 
 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Literatura Fantástica

   Nos dias 10,11 e 12 de ABRIL, no Centro Cultural Érico Veríssimo, em Porto Alegre-RS,  estará ocorrendo a Quarta Odisseia de Literatura Fantástica. Um evento que vale a pena, envolvendo autores e leitores num universo mágico.  Palestras, debates,livros. Para quem gosta de ler e viajar no mundo da imaginação.
 

sábado, 4 de abril de 2015

MESTRE


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Poema: DOAÇÃO

Doei meus ossos
para manter tua alma.

Doei meus órgãos
para sustentar tua fome.

Doei minhas córneas
para ver teu mundo.

Estavam faltando as palavras.

Então inspirei
o meu vazio
profundamente.