quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Uni-versos

Vasculhei a mecânica de Newton,
contemplei as equações de Einstein.

Agora recorro apenas
à geometria dos meus olhos.

domingo, 27 de setembro de 2015

Castelo Interior

É de assombro e espanto
que se faz cada morada.
arquitetura do impossível
a desventrar trajetos
no cerne do Mistério,
fortaleza desmedida
a reavivar rumos
 e que transplanta e aviva
o coração do Sol.

( poema inspirado no livro homônimo de Santa Teresa de Ávila).

sábado, 26 de setembro de 2015

Quem tem olhos de ver

Deus está morto,
sentenciou o filósofo,
está morta
a arte,
sentenciou o crítico.

Poesia
não é para os tolos.



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Arte

É abstrato o conceito
de toda arte e medida,
desmedido é o caminho
para a carne das pedras.
Concreta é a arte
em sua   fruição,
sentidos sem ressentimento
no flagrar do existente.

(foto: Cleber Pacheco)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O REINO DAS NÉVOAS de Camila Fernandes

   Contendo sete histórias e belas ilustrações da própria autora,  O Reino das Névoas se sai bem em sua proposta de ser um livro de contos de fadas para adultos.
   A autora acerta em não se limitar a apenas fazer releituras, paráfrases ou paródias dos tradicionais contos de fadas. Ela cria um mundo próprio e o desenvolve, criando ainda situações que resgatam o lado mais obscuro do gênero, suscitando reflexões a respeito dos relacionamentos humanos e seus conflitos e dificuldades.Mas há também lugar para  soluções engenhosas em situações difíceis como no conto A Outra Margem do Rio. Ou no interessante conto que dá título ao livro, com um desfecho interessante e original.
   Confesso que minha história preferida é O Lenhador e a Sombra, extremamente delicada, bela e poética.  Merece constar em qualquer antologia de Literatura Fantástica.
    Aguardemos os próximos livros da autora.
   
   

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

SALÃO DO LIVRO

 
   Meu livro de crítica literária A ARTE POÉTICA DE ARICY CURVELLO estará no Segundo Salão do Livro de Nova York, que acontecerá no dias 1 e 2 de outubro de 2015.

sábado, 12 de setembro de 2015

Poema

Tanque d'água em escuro,sequer lua.
O que ele reflete?
O espelho do cego recorda onde o infinito começa.
No canto,escondida,sombra sem espreita.
Além,talvez,o coro dos mortos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Arte da Escrita

A página em branco é luz onde lançamos sombras impressas.Sombras que iluminam a luz do branco em branco silêncio ruidoso. Branco que reverbera na penumbra dos alfabetos.Branco que espelha o reflexo da letra nos confins do inominado. Toda escrita é âmbar e pátina na ferrugem do eterno. Toda escrita é jogo de luz e sombra.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

SENILIDADE de Italo Svevo

   Reler um livro após muito tempo é quase como lê-lo pela primeira vez. O impacto é o mesmo. O que muda e melhora é a compreensão.
   Esta releitura que fiz do romance de Italo Svevo, Senilidade, era um projeto que estava em suspenso.Até que resolvi realizá-lo de uma vez.
   O primeiro parágrafo já nos prende e esclarece a situação. O personagem Emilio Brentani quer manter um relacionamento sem compromisso com a jovem Angiolina. Ele pensa na sua própria satisfação. Chegou a uma altura da  vida em que almeja viver algo mais excitante e prazeroso. Se o mesmo será para Angioli-na,não está interessado. No entanto, no decorrer do tempo, o leitor percebe ser a situação  bem diversa. Emilio torna-se uma presa da pequena operária, lasciva e mentirosa, sempre disposta a tirar vantagens  fi-nanceiras nos seus casos amorosos. Afinal, ela sustenta a família e esta a usa  como fonte de renda. Aqui vemos o outro lado da moeda. Angiolina explora os homens e é explorada pela própria família, conivente com seu modo de vida.A mãe inclusive a ajuda nas inúmeras mentiras. Por outro lado, sem isso a família não sobreviveria. Trata-se de um jogo social repleto de cinismo e crueldade.
   Emilio tenta enganar a si mesmo, idealiza a jovem,mas no fundo sabe quem ela de fato é. Ele tem uma visão crítica a seu próprio.. E também é condescendente consigo. A situação vai se tornando insustentável até que o conflito vem à tona com agressividade.
   O seu relacionamento desleixado com a própria irmã, tão solitária e triste quanto ele, é um contraponto com a sua subserviência diante de Angiolina. Amalia parece ser virtuosa,por falta de opção. E seu amor tardio e frustrado  pelo escultor Balli acaba levando-a a um fim trágico, revelando suas fraquezas e sofrimento.
   Este é um romance a respeito não apenas da decadência moral e da miséria espiritual dos personagens. Trata-se de uma história que aborda as dificuldades emocionais e existenciais do ser humano.
   O romance até pode se valer de características realistas e naturalistas.Mas mantém características únicas, destacando-se e tendo uma identidade própria.
   Recomendo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

LEITURA COMENTADA

 
 Leitura comentada do livro "O terceiro dia", por João Paula Santos Pires.
O Terceiro Dia, de Cleber Pacheco
Ela endureceu, os olhos dele fincaram-se nela, chamou-a com a mão, o corpo dela recuou, as cortinas esvoaçaram, o corpo dele se ergueu, os pés dela correram para o quarto, a mão dele foi recolhida, o corpo dela sentou, os dedos dele se fecharam, o cabelo dela caiu sobre o rosto, a unha brilhou.
O Terceiro Dia, laudável obra de Cleber Pacheco, é um breviário de maturidade. Ousado e vigilante, o texto parece ter se debruçado por anos numa aurora tônica, onde as emoções esperaram palavras para enfim concatenar. Um, na integridade. Dois, no dilema. Três, na clarividência.
Desenhada no limiar do lúgubre e do solar, a brevidade essencial dos parágrafos do autor atenta para nossas certezas voláteis e para a transitoriedade dos instantes. A partir desse núcleo montanhoso de luz e sombra, Cleber Pacheco pincela o portarretrato da dubiedade. Com a ajuda de um enredo sincero, o cerne do livro exibe a luta entre os impulsos congênitos do ser e as contenções espirituais que os contrabalançam. Embora trate aparentemente de crise e padecimento, O Terceiro Dia não governa à ruína e ao fim, mas, ao contrário, à redenção da mente, que encerra toda sorte de impasses.
Texto de retratos, o romance se polariza pela luminosidade de seu estilo, pela engenhosidade das imagens e pela justaposição dos cenários, que evocam a pausa, a estática, a linha dentro da entrelinha. Ao passar longe das raias do tépido e do artificial, Pacheco nos brinda com um poderoso arsenal léxico, que se alinha com a magia mítica do enredo e coloca o livro numa colina à parte da imaginação.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Preconceitos literários

      Há uma discussão a respeito de literatura fantástica, de fantasia..Há quem despreze o gênero, classificando-o como menor,  inferior, como não sendo literatura. É certo que existe escrita de má qualidade.Mas ela ocorre em todos os gêneros. Afirmar que ficção científica não tem valor é preconceito ou ingenuidade. Dizer que romances policiais são sempre ruins não é verdadeiro. Garantir que livros de fantasia definitivamente não prestam, uma atitude irresponsável. Sim, muita bobagem já foi escrita.Mas isso não impede que textos inteligentes, significativos e cheios de criatividade não possam ser realizados em todos os gêneros.
   Se tivéssemos de jogar fora tudo o que contém algo de fantasioso na literatura, sobraria pouca coisa. Teríamos de desprezar a Odisseia porque nela há feiticeiras e ciclopes, a Divina Comédia porque relata o que há no inferno, purgatório e paraíso. Teríamos de rejeitar A Tempestade, Sonho de Uma Noite de Verão, as bruxas de Macbeth em Shakespeare. Não teríamos os delírios de Dom Quixote. Não poderíamos desfrutar da engenhosidade de um autor como Jorge Luís Borges. Teríamos de jogar fora 2001: Uma Odisseia no Espaço de Arthur Clarke. Ou os contos de Edgar Allan Poe. Restariam apenas os romances realistas e naturalistas. As Mil e Uma Noites seriam consideradas absurdas. Os contos de fadas e fábulas, uma infantilidade.
   É preciso considerar que o gênero escolhido para se escrever não é um critério de valor em si. Não determina a qualidade de um texto, o grau de importância de um autor.Se assim fosse, só as tragédias seriam dignas. As comédias jamais poderiam ser consideradas.
    Importa mesmo é o que cada escritor é capaz de realizar dentro de cada um deles ou de ir além dos gêneros, criando mundos próprios e originais.
 
 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

INTERNACIONAL


   Minha pintura intitulada Nymphes e a foto Flowers I foram selecionadas e publicadas na SVR, uma revista dos Estados Unidos.
  Meus Cold Poems foram publicados no Langlit Journal, na Índia.
  Finalmente, meu poema Lotus está no Delhi Poetry Challenge, também na Índia.