quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Preconceitos literários

      Há uma discussão a respeito de literatura fantástica, de fantasia..Há quem despreze o gênero, classificando-o como menor,  inferior, como não sendo literatura. É certo que existe escrita de má qualidade.Mas ela ocorre em todos os gêneros. Afirmar que ficção científica não tem valor é preconceito ou ingenuidade. Dizer que romances policiais são sempre ruins não é verdadeiro. Garantir que livros de fantasia definitivamente não prestam, uma atitude irresponsável. Sim, muita bobagem já foi escrita.Mas isso não impede que textos inteligentes, significativos e cheios de criatividade não possam ser realizados em todos os gêneros.
   Se tivéssemos de jogar fora tudo o que contém algo de fantasioso na literatura, sobraria pouca coisa. Teríamos de desprezar a Odisseia porque nela há feiticeiras e ciclopes, a Divina Comédia porque relata o que há no inferno, purgatório e paraíso. Teríamos de rejeitar A Tempestade, Sonho de Uma Noite de Verão, as bruxas de Macbeth em Shakespeare. Não teríamos os delírios de Dom Quixote. Não poderíamos desfrutar da engenhosidade de um autor como Jorge Luís Borges. Teríamos de jogar fora 2001: Uma Odisseia no Espaço de Arthur Clarke. Ou os contos de Edgar Allan Poe. Restariam apenas os romances realistas e naturalistas. As Mil e Uma Noites seriam consideradas absurdas. Os contos de fadas e fábulas, uma infantilidade.
   É preciso considerar que o gênero escolhido para se escrever não é um critério de valor em si. Não determina a qualidade de um texto, o grau de importância de um autor.Se assim fosse, só as tragédias seriam dignas. As comédias jamais poderiam ser consideradas.
    Importa mesmo é o que cada escritor é capaz de realizar dentro de cada um deles ou de ir além dos gêneros, criando mundos próprios e originais.
 
 

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