conto: TEMPESTADE
O grupo olhou em volta em busca de abrigo. Nenhum. Apesar de estarmos encobertos pelas árvores,ficaríamos encharcados ,atolados na lama,correndo o risco de nos perdermos,o que poderia ser fatal.
Todos olharam para Malcolm,centro das preocupações e esperanças.De todos,ele era o melhor,o mais gentil.As mulheres estavam encantadas por ele.E nós,os homens,apesar de um certo despeito, acabávamos por respeitá-lo e ouvi-lo,seguindo suas sugestões.Naquele ambiente hostil era fundamental manter a confiança em alguém e Malcolm era,sem sombra de dúvida, uma pessoa confiável .Suas ideias já haviam evitado alguns desastres nos dias anteriores.
Desabando o aguaceiro,tivemos de caminhar com lentidão.Mal conseguíamos enxergar um ao outro.Eu bem que havia lido a respeito de chuvas em florestas tropicais.Estávamos de fato encrencados.Nós seis poderíamos ter sérios problemas dali em diante.Tivemos.
Malcolm tomou a dianteira e foi nos guiando cautelosamente.De algum modo sabia quais eram as escolhas certas.Parecia conhecer tudo à nossa volta,embora nunca tivéssemos estado ali.
Intensificava-se cada vez mais a tempestade e fomos obrigados a recuar.
Em sua inesgotável gentileza, Malcolm quis abrigar-nos.Deu um passo e desapareceu num sumidouro.Em pânico,só tivemos tempo de segurar uma de suas mãos.Juntamo-nos para puxá-lo de volta,utilizando toda a nosso empenho.A mão dele escorregava e já víamos a hora em que iríamos perdê-lo para sempre.Gritando e fazendo força,conseguimos trazê-lo de volta.
Só que não era Malcolm.Foi com horror que olhamos e,no lugar dele,vimos à nossa frente uma medonha criatura avançar em nossa direção.Sem entender nada,cada um correu para uma direção tentando escapar.
Inútil.
Os dias passaram,a tempestade continua,a selva é infindável , sou o único sobrevivente.
E agora só me resta odiar Malcolm.
(Imagem do Google)