sexta-feira, 24 de março de 2023

Resenha

 

EM BUSCA DA ROSA MÍSTICA

                                        José Eduardo Degrazia

Poeta e ficcionista de já larga estrada, Cleber Pacheco tem entrado no radar dos leitores e dos críticos como um autor que está fazendo uma trajetória literária das mais importantes no panorama da literatura nacional. Dedicando-se a vários gêneros, alcança neles uma maestria de forma e profundidade de conteúdo notáveis. Sua ficção aborda o fabuloso e o imaginário em narrativas de autoconhecimento e busca em meio a aventuras e mundos mágicos ou distópicos. Na poesia também não é diferente. Entre a introspeção da busca do autoconhecimento e a projeção sobre o universo, está o poeta escrevendo uma saga diferenciada entre os nossos poetas. Uma das suas características é o misticismo, diferente, porém, do poeta Armindo Trevisan que busca nas deidades e santos do panteão católico, cristão, o entendimento do mundo e da alma individual e seu destino – Cleber Pacheco mergulha fundo na mitologia medieval e seus mistérios.

Uma das facetas a ser analisada, portanto, desse autor, é sua visão mágica do mundo, a capacidade de intervir na realidade através do encantamento. (A poesia se presta muito a isso, na medida que é formada de imagens e metáforas inconscientes e arquetípicas), de épocas de antes da memória, ou do esquecimento que é preciso levantar. Para isso o conhecimento alquímico se faz essencial, e o poeta que o busca se torna coautor do Rosarium Philosophorum (século XVI) acrescentando àquelas vetustas páginas de sabedoria, o que a sua jornada na terra ensinou. Não se trata aqui, evidentemente, de compactuar ou “aceitar” essa visão de mundo em sua integralidade, mas tentar compreender sua dimensão estética e sua procura de sentido. ,

(Trecho do prefácio que o escritor José Eduardo Degrazia fez para o meu novo livro publicado pela  Editora Penalix).














































































sábado, 14 de janeiro de 2023

LISTA

 Algumas das melhores leituras e releituras que fiz ano passado:

*O Mundo da Escrita de Martin Puchner;
*O Infinito em um Junco de Irene Vallejo;
*A Arte da Ficção de David Lodge:
*Mrs. Dalloway de Virginia Woolf;
*Enquanto Agonizo de William Faulkner;
*Pai Goriot de Balzac;
* Nove Estórias; de J. D. Salinger;
*Ana Karênina de Tolstói;
*Antes de Nascer o Mundo de Mia Couto;
*A Consciência de Zeno de Ítalo Svevo;
*O Amante de Marguerite Duras;
*Ninho de Fidalgos de Turgueniev;
*O Primo Basílio de Eça de Queirós;
*Nada de Novo no Front de Erich Maria Remarque.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

POEMA

 



SIGNATURA RERUM *
Insensatos, buscamos,
das coisas, a natureza,
tentando adivinhar
qual seu caldo,
qual seu carma,
em qual horário
se deixam ver
ou vislumbrar
já não mais párias,
já não mais pulhas,
vitrificadas
no esplendor da incerteza.
Ainda que claras,
ainda que sujas,
só se revelam
com o aval da espreita..
Então se recolhem ,
então se quedam,
imprimindo em nós
o toque indelével
de sua assinatura.
*Signatura Rerum é uma expressão em latim que significa "a assinatura das coisas".

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

AS HORAS

 



Quantas vezes
o dia dissolveu
sua medula
moldada no escuro
disposto a mensurar
o que povoa
o íntimo
mais nítido
do tempo?
Eis que o turvo
se escreve
com mãos pálidas
na superfície
insone
das horas
ressaltando
seu livor
no corpo carcomido
da penumbra.
O que se dissolve
é a corola líquida
do instante
a desfiar,
enquanto seiva,
a carne ressecada
do silêncio.
Reparar o dia
é dissipá-lo
com a moeda sorrateira
do finito.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Autor Convidado





André Alvim Resehde nasceu em Brasília no dia 7 de Abril de 1971. Em Agosto de 1984 mudou-se de Brumado na Ba para Pouso Alegre MG. Lá estudou no colégio São José que anualmente promovia concursos literários, o que despertou o seu gosto pela escrita e ele começou a escrever os seus primeiros versos. Em 1989 mudou-se para Belo Horizonte, onde na PUC-MG formou-se em Psicologia em 1994. André é especialista na área de RH, mora atualmente em Uberlândia MG, e nunca deixou de se dedicar à poesia. Possui diversos livros publicados no clube de autores www.clubedeautores.com.br . As suas influências seguem pelo caminho seguro dos nossos grandes nomes da poesia como Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira, Cruz e Souza, João Cabral de Melo Neto, como também o chileno Pablo Neruda. Ademais, entra toda a riqueza da MPB que cotidianamente e como expressão maior da nossa cultura, tem forte reflexo na sua escrita, como Gil, Caetano, Chico, Tom Jobim, e os grandes nome da atualidade, como Lenine, Zeca Baleiro, Otto e muitos mais.

Pulsante Tubérculo Conquistar um amor verdadeiro é muito difícil Quantos amores a gente vê pela rua E só de sua aparência A gente já depreende a sua verdade Pela leveza, pela graça simples, pelo perfume... Para alguns Pela exuberância, pela sensualidade picante... Mas, para se chegar a este amor, às vezes tão à flor Tão resvalando os nossos dedos Há tanto medo, tanta exigência tonta Tanto formalismo no verdadeiro amor Que só de ver, o verdadeiro amor não é bom... Que de tantas luas despontadas, só uma é verdadeira A lua doce e primeira Aquela que abraçou o seu céu Quando disse ‘sim’ com os olhos tímidos Seja o amor que for... Como é bom o namoro Horas a fio ao telefone Conversas moles Os encontros marcados Passeios no parque, cinema, shopping Sorvetes, bebidas, pizzas, jantares Os elogios melados O ciúme ácido, a saudade dengosa Os moteizinhos baratos Os amores incendiários A preguiça a dois As loucas viagens, festas e desvarios As brigas e reconciliações Os insultos e as declarações As lágrimas e os sorrisos largos... O amor cheio de cores E então, deduz-se que já é hora de casar Que nada mais falta Está provado que é verdadeiro Este amor de verdade Este amor que sempre acha tempo Que tem sempre dinheiro Que aperta e sai... Mas juntos a verdade é outra... Não que tenha deixado de ser amor Vem todo o imperativo da ordem prática Às vezes filhos, entraves profissionais Caprichosos caprichos A vida pura e simples, nada mais E todo romantismo por água abaixo... Vem a verdade do amor de mentira As mentiras do amor de verdade Que o casamento não presta Que homem é tudo igual Que as mulheres não têm interesse no sexo Que elas nunca concordam Que elas sempre choram Que eles sempre mentem Que filhos estragam tudo Que sogra é um estorvo Que sogro é mal-encarado Que cunhado é folgado Que falta tudo Que tudo é sempre o trabalho Que o parceiro não faz nada É sujo, desorganizado O chulé, o mau hálito A barriga, o controle remoto... A cintura, o aluguel, os impostos, a cortina O médico, o remédio, o salão, a comida A lista interminável Interminavelmente aflita E verídica Para todos aqueles que insistem Que agridem o contrassenso do verdadeiro amor Mas há no casamento O que é maravilhosamente incrível Um silêncio... Ainda que na maior confusão da casa Ainda que tudo esteja por um fio Que o verdadeiro amor já tenha se cansado... Um silêncio vivo como um metal Como uma pedra úmida ainda no seu veio Um cristal tépido como uma raiz profunda... – Um pulsante tubérculo O silêncio que é a paz da presença Que só reconhece quem já perdeu...



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