sexta-feira, 27 de julho de 2018

Resenha



Remorsos Para Um Cordeiro Branco é o livro de poemas da cubana Reina María Rodríguez traduzido por Josè Eduardo Degrazia e publicado pela editora Penalux em 2018.  Trata-se de mais um trabalho pioneiro de uma editora que tem surpreendido  e lançado obras importantes.
   A poesia de Reina é  cheia de beleza, de minúcias que ganham grande significado, de miudezas que vão se ampliando cada vez mais e ganham proporções inimagináveis. Transitando do particular ao universal, seus poemas são íntimos, muito particulares, mas adquirem uma expressão abrangente. Por isso mesmo, impressionam:
          as cerejas me obrigam a te buscar.
          e trago a cesta dessas provisões.
          qualquer felicidade que caia das árvores
          redonda feita de ar
         como será a abstrata tão famosa.

   Ou então:

      olha e não as descuides.
      as ilhas são mundos aparentes.

   Utilizando-se dessas imagens mínimas como uma formiga, um ramo, uma flor, um gato, bonecas, uma avestruz,  um piano, a água,  a autora vai ampliando para as paisagens, a ilha, um arquipélago, cidades, o mundo. Esse crescer contínuo dá uma nova  dimensão  e cresce ainda mais ao trazer referências literárias e artísticas como Tintoretto, Céline, Yves Bonnefoy, Roberto Calasso, Marina Tsvietáieva, etc.
   A aparente simplicidade dos versos revelam uma poesia rica e refinada,  resultando belos poemas como Coisinhas Chinesas:

     Vou diariamente ao bairro chinês para buscar essas
      coisinhas que parecem verdadeiras , que tenham
      perfume de cura (...)

    A vida , a dor de viver , a culpa, a frustração presentes na imagem do cordeiro, sintetizam a capacidade da poeta de abordar os desafios do viver, mesclando emoção e reflexão, o sentimento que faz pensar. O seu lirismo, portanto, apesar de intenso, não se deixa afogar no sentimentalismo. Muito pelo contrário, faz pensar e repensar a existência, mas se trata de um pensamento que nunca prescinde da delicadeza.
    É um livro para ler e reler sempre.   

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Microconto: Ano 2.100


Contemplando o jardim de flores de cristais de Murano orgânicos polinizadas pelos nanorobôs, exclamou o menino:

- Como é bela a natureza!

domingo, 22 de julho de 2018

Sefirot


Sefirótica é a árvore
dos segredos.
Todos passam
pelo caminho
da Beleza,
o Infinito
que clama
subida e travessia
em suas moradas
de espanto e alumbramento.

(imagem: Google)

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Viagens


Fazer,do sertão, a travessia,
para chegar a Balbec.
Sair da casa dos mortos na Sibéria
para mergulhar no Ganges.
Abandonar Amherst
para navegar em pleno Nilo.
Ler é Heráclito e rio.

(foto: Google)

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Poema



Um poema de mina autoria em Língua Inglesa:

ROSEBUD

I'm the masters of calligraphers.
I can easily win a race.
I swim with precision and elegance.
I know how to die every day.

Words are healing poisons.
Running is a void dive.
Swimming is watering water.
Dying is the only talent that really blooms.

(foto: Google imagens)

Internacional


 Meu poema GUIDES foi selecionado e publicado pela Suisun Valley Review, nos Estados Unidos.

domingo, 15 de julho de 2018

Microconto: Da Genética, da Arte e da Lei do Karma

  Entre as ervilhas de Mendel e o jardim de Monet vicejam as flores do pântano.

sábado, 14 de julho de 2018

Resenha

   Uma belíssima edição o livro MITOLOGIA NÓRDICA de Neil Gaiman contendo várias histórias a respeito do reino de Asgard onde habitam os deuses e de outros reinos sustentados por Yggdrasill,  a árvore do mundo.
   Recontando algumas histórias, Gaiman nos mostra que a mitologia nórdica se difere bastante da  grega,por exemplo: os seres são outros, há muita magia, momentos onde impera o fantástico, os deuses são mais brutos e violentos e, por outro lado,  há muitas situações humorísticas, praticamente inexistentes em mitologias de outras culturas.
   Dando destaque para  Odin, Thor e Loki, o trapaceiro,  o autor nos oferece um panorama da riqueza de um mundo em que um grande número de relatos simplesmente se perdeu para sempre.
   Vale destacar A Yggdrasill e os Nove Mundos, A Cabeça de Mímir e o Olho de Odin, O Casamento Incomum de Freya, O Hidromel da Poesia ( história curiosa e cômica a respeito da origem da boa e má poesia), Os Últimos DIas de  Loky e, como não poderia deixar de ser, Ragnarok, o fim dos tempos conforme a visão nórdica.
  Uma leitura interessante e divertida para todas as idades.
   

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Toque



Tudo é aberto,
tudo é céu
e quase chão,
breve toque
na textura dos atritos,
fibras de nuvens,
celeuma de folhas,
derrisão
na brevidade do infinito.

(foto: Cleber Pacheco)

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Microconto:FRIO

   Tão fria era a noite no gélido da madrugada, que ficaram congelados os sonhos.
   Pela manhã,ao despertar, encontrou-os imóveis sobre a cama.
   E assim decorreu todo o dia,sonhando acordado.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Ler


Ler o mundo
em seu conjunto
é descartar metáforas,
representação nua
de trajetórias em queda livre,
consumação de parábolas
na profundidade horizontal do acontecimento,
epifania
de fatos consumados
no seio do inviável,
destituição
de véus e fraudes
na simplicidade do destituído,
corpo sem pele
na falta de alento
de um sonho em carne viva.

(foto: livro redondo-1590- Google imagens).





sábado, 7 de julho de 2018

Poema



Hoje publico poema de minha autoria escrito em Língua Inglesa.

ANAMNESIS AND DIAGNOSIS

My body has symmetry
and Greek golden ratio.
My bones obey
the Gothic architecture.
My veins follow the flow
the shoals of red blood cells.
My organs are healthy
like fruits shning in the sun.
The pain I  feel started
the day I was born.

(imagem: Google)

terça-feira, 3 de julho de 2018

Tradução




Meu poema escrito em português:

ESTAÇÕES

Destruo
árvores e ninhos
para restaurar
ovos e aves.


Minha própria versão para o inglês:

SEASONS

I destroy
trees and nests
to restore
eggs and wings.


A tradução do dr. Ampat Koshy para o malaiala, língua  do estado de Kerala, Índia:

KAALANGAL

Muttakaleyum chirakukaleyum
veendum thirichu varuthuvaan
marangaleyum koodukaleyum
nashipikkunu njaann.

(foto: Cleber Pacheco)

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Floral



Há dias simples como tulipas
que não podem ser plantadas.

Há rosas esplêndidas
sem uma única pétala.

Certas flores exóticas
não cabem em canteiros.

(foto: Cleber Pacheco)