Via
Poesia, contos, crônicas, textos a respeito de livros e outros autores. Textos ficcionais em geral.
Milton
Rezende,
poeta e escritor, mineiro de Ervália (MG). Morou em Juiz de Fora (MG), Varginha
(MG), Campinas (SP), Ervália (MG) e retornou a Campinas (SP). Possui quinze
livros publicados e tem um Site e um Blog:
www.miltoncarlosrezende.com.br
estantedopoetaedoescritor.blogspot.com.br
Fortuna crítica: “Tempo
de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton
Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).
Tenho dito
mentiras
sem tomar
consciência
de sua
contextura falsa.
Não tenho
desmentido o que digo
pois tenho a
concepção de que minto
sobretudo para
mim mesmo.
Sendo assim as
minhas mentiras
não podem
acarretar
na perda de qualquer
afeição.
E já que é
precisamente sobre a falsidade
que se alicerça
o convívio entre os homens,
as palavras de
mentira ou verdade que eu disser
nada significam
de permanente num relacionamento.
Mas não posso
deixar de convir
que assim
fazendo, a cada dia
eu amanheço mais
distante de mim.
Milton Rezende “in” O Acaso das Manhãs
cheguei
cansado para deitar
sobre
a cama de papelão no chão
e
debaixo da marquise gotejante.
uma
poça de água da pingadeira
sobre
o passeio do mercado desativado
onde
dormiam indigentes à espera do fim.
dormir
é dócil como o bebê embriagado
desapercebido
dos planos de Deus.
Milton
Rezende “in” Um Andarilho Dentro de Casa
Os dias
acalmaram o sonho,
como se para
isso não bastasse
a ausência de
teus olhos.
Mas na noite um
verso simples
brotava do
silêncio para dar
uma esperança
menos triste
ao cotidiano.
Ao longe eu
visualizava uma imagem
pensativa que
acreditava estar
preenchendo o
hálito da noite
e a chuva no
telhado com teu
sorriso mágico.
Mas a distância
não me permitia
tais conclusões.
Seria necessária
a palavra e a
tua presença
para restabelecer a paz
e aquela
sensação confiante que
tínhamos quando
crianças.
Coordenar as
coisas e arrumar
a casa num
ambiente tranquilo
para receber a
realidade,
dissipar os
sonhos
e adormecer em
teu gesto.
Texto do escritor Dilan Camargo a respeito do livro:
A novela é uma metáfora da vida, tantas vezes tentada a ser escrita por escritores e poetas, mas nem sempre realizada. Cleber Pacheco conseguiu. Revelou as solidões individuais que se dissolvem na imensa solidão deste “vasto mundo.” Nosso mistério existencial só pode ser iluminado por uma metáfora. Daí precisarmos de transcendência na prosa e na poesia.
HEROÍSMOS