Havia lido o primeiro romance de Jane Austen,
A Abadia de Northanger ( Northanger Abbey) , em que a autora fazia uma paródia dos romances góticos, tão em voga em sua época. Obviamente l o seu livro mais famoso,
Orgulho e Preconceito. Decidi então ler o seu último livro
Persuasão (Persuasion).
Anne Elliot, a heroína, não tem a vivacidade de Elizabeth Bennet, mas tem a sua determinação. Isso não nos faz desgostar da personagem.Ao contrário, sua discrição, silêncio e gentileza acabam por torná-la ainda mais interessante. Subestimada pela própria família, parece permanecer em segundo plano o tempo todo. O pai é tolo e vaidoso. A irmã mais velha é completamente esnobe e indiferente. A irmã Mary é egoísta e hipocondríaca. Anne se distingue de todos eles por seu discernimento e inteligência, por sua capacidade de avaliar corretamente as pessoas e não se deixar enganar pelas aparências.
A sua situação quase apagada é enganadora. Se mesmo entre a maioria dos conhecidas ela é tratada de modo condescendente, na verdade Anne está em todas as situações, atuando de modo quase imperceptível, sempre presente. E as pessoas,mesmo que não percebam,acabam sempre por solicitá-las nos momentos críticos.
O capitão Wentworth, por sua vez, não tem a pose aristocrática de mr. Darcy. Também é discreto, mas leal, assemelhando-se à Anne em muitas coisas.
As aparências são enganadoras. Ambos têm personalidades admiráveis em meio a uma sociedade frívola e ridícula. Jane Austem, com humor e ironia, sabe muito bem retratar os ambientes, com olhar crítico.
Confesso que aprecio Anne tanto quanto Elizabeth. Há semelhanças e diferenças. Mas a conduta de Anne desperta a nossa admiração. Creio que ela seja a mais madura de todas as heroínas de Jane Austen. O sofrimento, a separação e o aprendizado com as próprias experiências a tornaram assim. Importante lembrar que, um ano após concluído o romance, a autora faleceu.
Sem dúvida uma boa leitura.