Autor Convidado
Natural
de Cachoeira do Sul/RS, Cecilia Kemel sempre esteve ligada às letras. Mestre em
Literaturas de Língua Portuguesa e Brasileira pela UFRGS, tem publicações de
poemas, contos, crônicas e crítica literária em meios jornalísticos, antologias
poéticas impressas e em meios digitais. Conquistou prêmios e classificações em
vários segmentos literários, faz parte da Academia Cachoeirense de Letras, da
Academia de Belas Artes do RGS, e é associada da AGES - Associação Gaúcha de
Escritores. Publicou uma obra solo na área da Antropologia pela Edunisc e, em
2022, o livro de poemas O Livro,
pela Editora Bestiário. Em 2023, lançou o livro de contos Para mulheres que..., pela mesma Editora Bestiário. Para 2024,
encontra-se em andamento a publicação do ensaio crítico Eduardo Jablonski, o maestro das letras e do livro de poemas Moinhos moem o tempo. Ainda em preparação, outra coletânea
poética sob o título de Angra.
Às vezes me
sinto presa
em dores que
não são minhas
Muitas vezes
sou Alice
Outras vezes
sou Rainha
Meus sonhos
são tempestade
em meio copo
de vinho
Meus poderes?
Adivinho. Faço
contas. Desconfio.
De cristal são
meus sapatos
Ando no fio da
verdade
mas não
ultrapasso a linha
No fim
estrela
ascendente
sou sempre
Fada Madrinha.
Ser
Eu queria ser
lenta
e verde
e sem
mistérios
Despejar os
fantasmas
que me habitam
alugar outros
risos
para o meu
sorriso
Navegar noutro
céu
noutro planeta
Deixar dobrar
os Sinos
da Agonia*
Ler outro
livro
procurar
estrelas
Ser apenas um
risco
acentuando
a linha.
*Referência a Autran Dourado
Livre pensar é
só...
Sabes quanta
verdade
um rio carrega
no seu leito
de pedras?
Sabes quanta
doçura
o teu jardim
transporta
no labor das
abelhas?
E as
andorinhas
na leveza do
voo
sabes quanta
escolha?
O peso cansado
que descansa
em meus ombros
conheces?
E o tempo?
Sabes por
quanto tempo
no fogo da
paixão
a lenha
estala?
Silêncio.
A musa cala.
Vórtex
Agulhas de
prazer
vigiam
minhas alças
de vermelho linho
nas veias
ácido ríspido
vórtice e
vinho.
A rotina
dos sagrados
desejos
recomposta
na fila dos
desatinos
entre os
premiados vícios.
Tua voz acesa
me arranca
delírios.
em “Moinhos moem o tempo”