André Alvim Resehde nasceu em Brasília no dia 7 de Abril de 1971. Em Agosto de 1984 mudou-se de Brumado na Ba para Pouso Alegre MG. Lá estudou no colégio São José que anualmente promovia concursos literários, o que despertou o seu gosto pela escrita e ele começou a escrever os seus primeiros versos. Em 1989 mudou-se para Belo Horizonte, onde na PUC-MG formou-se em Psicologia em 1994. André é especialista na área de RH, mora atualmente em Uberlândia MG, e nunca deixou de se dedicar à poesia. Possui diversos livros publicados no clube de autores www.clubedeautores.com.br . As suas influências seguem pelo caminho seguro dos nossos grandes nomes da poesia como Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira, Cruz e Souza, João Cabral de Melo Neto, como também o chileno Pablo Neruda. Ademais, entra toda a riqueza da MPB que cotidianamente e como expressão maior da nossa cultura, tem forte reflexo na sua escrita, como Gil, Caetano, Chico, Tom Jobim, e os grandes nome da atualidade, como Lenine, Zeca Baleiro, Otto e muitos mais.
Pulsante Tubérculo
Conquistar um amor verdadeiro é muito difícil
Quantos amores a gente vê pela rua
E só de sua aparência
A gente já depreende a sua verdade
Pela leveza, pela graça simples, pelo perfume...
Para alguns
Pela exuberância, pela sensualidade picante...
Mas, para se chegar a este amor, às vezes tão à flor
Tão resvalando os nossos dedos
Há tanto medo, tanta exigência tonta
Tanto formalismo no verdadeiro amor
Que só de ver, o verdadeiro amor não é bom...
Que de tantas luas despontadas, só uma é verdadeira
A lua doce e primeira
Aquela que abraçou o seu céu
Quando disse ‘sim’ com os olhos tímidos
Seja o amor que for...
Como é bom o namoro
Horas a fio ao telefone
Conversas moles
Os encontros marcados
Passeios no parque, cinema, shopping
Sorvetes, bebidas, pizzas, jantares
Os elogios melados
O ciúme ácido, a saudade dengosa
Os moteizinhos baratos
Os amores incendiários
A preguiça a dois
As loucas viagens, festas e desvarios
As brigas e reconciliações
Os insultos e as declarações
As lágrimas e os sorrisos largos...
O amor cheio de cores
E então, deduz-se que já é hora de casar
Que nada mais falta
Está provado que é verdadeiro
Este amor de verdade
Este amor que sempre acha tempo
Que tem sempre dinheiro
Que aperta e sai...
Mas juntos a verdade é outra...
Não que tenha deixado de ser amor
Vem todo o imperativo da ordem prática
Às vezes filhos, entraves profissionais
Caprichosos caprichos
A vida pura e simples, nada mais
E todo romantismo por água abaixo...
Vem a verdade do amor de mentira
As mentiras do amor de verdade
Que o casamento não presta
Que homem é tudo igual
Que as mulheres não têm interesse no sexo
Que elas nunca concordam
Que elas sempre choram
Que eles sempre mentem
Que filhos estragam tudo
Que sogra é um estorvo
Que sogro é mal-encarado
Que cunhado é folgado
Que falta tudo
Que tudo é sempre o trabalho
Que o parceiro não faz nada
É sujo, desorganizado
O chulé, o mau hálito
A barriga, o controle remoto...
A cintura, o aluguel, os impostos, a cortina
O médico, o remédio, o salão, a comida
A lista interminável
Interminavelmente aflita
E verídica
Para todos aqueles que insistem
Que agridem o contrassenso do verdadeiro amor
Mas há no casamento
O que é maravilhosamente incrível
Um silêncio...
Ainda que na maior confusão da casa
Ainda que tudo esteja por um fio
Que o verdadeiro amor já tenha se cansado...
Um silêncio vivo como um metal
Como uma pedra úmida ainda no seu veio
Um cristal tépido como uma raiz profunda...
– Um pulsante tubérculo
O silêncio que é a paz da presença
Que só reconhece quem já perdeu...