segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Autor Convidado





André Alvim Resehde nasceu em Brasília no dia 7 de Abril de 1971. Em Agosto de 1984 mudou-se de Brumado na Ba para Pouso Alegre MG. Lá estudou no colégio São José que anualmente promovia concursos literários, o que despertou o seu gosto pela escrita e ele começou a escrever os seus primeiros versos. Em 1989 mudou-se para Belo Horizonte, onde na PUC-MG formou-se em Psicologia em 1994. André é especialista na área de RH, mora atualmente em Uberlândia MG, e nunca deixou de se dedicar à poesia. Possui diversos livros publicados no clube de autores www.clubedeautores.com.br . As suas influências seguem pelo caminho seguro dos nossos grandes nomes da poesia como Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira, Cruz e Souza, João Cabral de Melo Neto, como também o chileno Pablo Neruda. Ademais, entra toda a riqueza da MPB que cotidianamente e como expressão maior da nossa cultura, tem forte reflexo na sua escrita, como Gil, Caetano, Chico, Tom Jobim, e os grandes nome da atualidade, como Lenine, Zeca Baleiro, Otto e muitos mais.

Pulsante Tubérculo Conquistar um amor verdadeiro é muito difícil Quantos amores a gente vê pela rua E só de sua aparência A gente já depreende a sua verdade Pela leveza, pela graça simples, pelo perfume... Para alguns Pela exuberância, pela sensualidade picante... Mas, para se chegar a este amor, às vezes tão à flor Tão resvalando os nossos dedos Há tanto medo, tanta exigência tonta Tanto formalismo no verdadeiro amor Que só de ver, o verdadeiro amor não é bom... Que de tantas luas despontadas, só uma é verdadeira A lua doce e primeira Aquela que abraçou o seu céu Quando disse ‘sim’ com os olhos tímidos Seja o amor que for... Como é bom o namoro Horas a fio ao telefone Conversas moles Os encontros marcados Passeios no parque, cinema, shopping Sorvetes, bebidas, pizzas, jantares Os elogios melados O ciúme ácido, a saudade dengosa Os moteizinhos baratos Os amores incendiários A preguiça a dois As loucas viagens, festas e desvarios As brigas e reconciliações Os insultos e as declarações As lágrimas e os sorrisos largos... O amor cheio de cores E então, deduz-se que já é hora de casar Que nada mais falta Está provado que é verdadeiro Este amor de verdade Este amor que sempre acha tempo Que tem sempre dinheiro Que aperta e sai... Mas juntos a verdade é outra... Não que tenha deixado de ser amor Vem todo o imperativo da ordem prática Às vezes filhos, entraves profissionais Caprichosos caprichos A vida pura e simples, nada mais E todo romantismo por água abaixo... Vem a verdade do amor de mentira As mentiras do amor de verdade Que o casamento não presta Que homem é tudo igual Que as mulheres não têm interesse no sexo Que elas nunca concordam Que elas sempre choram Que eles sempre mentem Que filhos estragam tudo Que sogra é um estorvo Que sogro é mal-encarado Que cunhado é folgado Que falta tudo Que tudo é sempre o trabalho Que o parceiro não faz nada É sujo, desorganizado O chulé, o mau hálito A barriga, o controle remoto... A cintura, o aluguel, os impostos, a cortina O médico, o remédio, o salão, a comida A lista interminável Interminavelmente aflita E verídica Para todos aqueles que insistem Que agridem o contrassenso do verdadeiro amor Mas há no casamento O que é maravilhosamente incrível Um silêncio... Ainda que na maior confusão da casa Ainda que tudo esteja por um fio Que o verdadeiro amor já tenha se cansado... Um silêncio vivo como um metal Como uma pedra úmida ainda no seu veio Um cristal tépido como uma raiz profunda... – Um pulsante tubérculo O silêncio que é a paz da presença Que só reconhece quem já perdeu...



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