NOITE
Anciã, a noite recolhe
a claridade
em seu cofre de veludo
é muito, não é tudo,
que a treva é saudade
da sutileza do límpido
tornando sempre terroso
a inconsistência do líquido,
recolhe também o alheio
da luz ainda acesa
desfigurando o asseio
que a claridade preza.
A noite sabe
que encarde
a geometria do nítido
tornando curvo
o que é reto
engolindo manhã e tarde,
salgando o insípido
com o sal do que é turvo,
redefinindo o que arde
na chama do explícito.
A noite expira
bem antes
que a noite se faça
num corte que conspira
com o frio gume da faca,
engolindo a si mesma:
escuridão e avantesma.
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