quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Leitor

Comentário do leitor Ednèzer von Ritter a respeito do meu romance KOLOSSOS: Os cabalistas diziam para analisarmos os primeiros dias do ano. A primeira e a segunda semana seriam uma amostra ou prenúncio de tudo o que aconteceria pelo ano cabal. Neste início de 2021, prestei atenção nos primeiros dias e, no que tange a essa arte, nada me apareceu tão diferente ao que estamos vivendo. Uma praxe foi leituras de livros nas sagradas férias e um livro que me conquistou foi “Kolossos”. Que narrativa notável. O autor Cleber Pacheco já me chamava atenção por uma característica peculiar: ele parece transitar entre as linhas como se estivesse de mãos dadas com um lince e uma serpente. Sendo assim, nada parece perder-se em seus textos, empregando na arte das palavras precisão, sobriedade e até poderia dizer-se uma fleuma inteligente. Kolossos leva-nos a um tempo ermo, onde os historiadores não puderam penetrar se não através das lendas e mitos. As aventuras dos personagens Shoresh e Samarendra conduzem-nos ao âmago de todo o imaginário das civilizações perdidas, remontando esplendorosamente um cenário marcado por seus ritos, iniciações, simbolismos e todo afã do mundo das férteis e abscônditas confrarias. Há obras, assim como “Kolossos”, capazes de romper com lacres do mundo intocável fazendo, e não seria diferente, as musas transmigrarem. Os campos Elísios são para os audazes, para os poetas e para aqueles na condição de leitor pegarem carona nessa barca, ávidos pelo vislumbre daquilo que chamamos ficção. Obrigado, Cleber Pacheco, por este belo romance.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Concha

Se é apenas ofício criação crosta ou resto nega ato e todo gesto e se faz só orifício para o que consiste naquilo que existe para o que responde naquilo que esconde uma concha não é a causa de sua caligrafia mas só ela tem a pausa do que é ocioso e fia (Livro publicado em 2010).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Resenha

WILDE EM BERNEVAL é um romance do gaúcho Gérson Werlang,publicado pela Editora Coralina em 2020. A história aborda o período em que o escritor Oscar Wilde saiu da prisão após ter sido condenado por homossexualismo e a tentativa de reconstruir a sua vida. Sentindo falta de sua esposa e dos filhos, buscando abrigo numa pequena cidade para se manter incógnito e longe dos ingleses, o famoso autor afoga suas mágoas no absinto, frequenta a praia e recebe visitas de poucos amigos. Então conhece uma mulher e se envolve na investigação de um assassinato. O leitor pode acompanhar sua trajetória por meio de cartas que também podem ser uma espécie de diário, todas elas dirigidas ao ex-amante Lord Alfred Douglas. O que aparenta ser um romance policial na verdade é uma tentativa de reencontrar a si mesmo e buscar um possível caminho após uma situação devastadora capaz de destruir sua vida anterior por completo. Permanece uma dúvida a atormentá-lo: isso ainda é possível? Como reparar tantos danos? Qual o caminho a tomar? Evidentemente a questão da identidade torna-se essencial. Usando um pseudônimo, Wilde sente-se dividido e angustiado, tentando reencontrar pistas a respeito de si mesmo e de como seguir em frente. Escrito numa linguagem clara e reflexiva, trata-se de um bom livro , interessante e oportuno num mundo cada vez mais intolerante.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Agradecimento

Hoje quero fazer um agradecimento especial aos leitores do translittera, que ultrapassou as 200 mil visualizações. Tem sido um grande prazer realizar esta trajetória escrevendo a respeito de livros. Textos de minha autoria, resenhas, traduções e a sessão autor convidado buscam fazer deste blog uma leitura interessante. Um abraço cordial a todos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

RESENHA

Há vários anos a série AS BRUMAS DE AVALON de Marion Zimmer Bradley se tornou um fenômeno editorial. Mas somente agora decidi ler o texto, que me surpreendeu positivimanete. Na verdade comecei pelo livro A CASA DA FLORESTA, onde a história realmente tem início. A autora aborda um mundo mais primitivo, por assim dizer, com ritos que hoje consideramos "selvagens" e foca a narrativa no conflito entre romanos e druidas para contar a história de amor proibido entre um soldado e uma sacerdotisa eo surgimento de Avalon. No segundo volume, SEnhora de Avalon, há uma longa passagem temporal, pois a história ocorre em três períodos diferentes, desde o afastamento daquele reino do mundo humano, permanecendo então num entremundos, até a prepração para a vinda do Merlim. Conflitos com a Bretanha e os saxões permeiam as narrativas e o gradativo afastamento entre paganismo e cristianismo, que ganha ênfase nos quatro famosos volumes: A SENHORA DA MAGIA, A GRANDE RAINHA, O GAMO-REI e O PRISIONEIRO DA ÁRVORE. Morgana é a narradora dos quatro volumes e uma personagem muito marcante, bem desenvolvida e a mais interessante dos livros. Complexa, contraditória e cheia de conflitos, vive um drama que envolve todos os personagnes principais: Arthur, sua esposa Guinevere, profundamente católica e perturbada por sentimentos de culpa, Lancelote e quase todos os demais personagens, incluindo os secundários. Morgana realiza um intensom e doloroso aprendizado em seu conflito com o cristianismo uma vez que é representante do paganismo, embora sirva à Deusa de modo conturbado. Paganismo e cristianismo, matriarcado e patriarcado, triangâulo amoroso, traições, mortes, magia e rituais se desenrolam ao longo da narrativa ,marcada ainda por jogos de poder e sedução. É possível perceber que há um mergulho intenso no isticismo e que toda a narrativa é mutio bem estrturada. Trata-se deuma série de fantasia que influenciou praticamente tudo o que veio depois, mas mantendo uma qualidade melhor que a grande maioria das suas sucessoras. [ [

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

SOPRO

Não é incomum afogar-se nas marés e conhecer peixes bizarros no abissal Não é raro perder o livro de cabeceira durante a mudança de moradia Não é raro cortar um dedo quando se poda os arbustos do jardim Mais difícil ainda é não quebrar um dente ao se morder um caroço. Respirar é uma arte que desaprendemos mesmo com dois pulmões. (Foto: Cleber Pacheco).