sábado, 27 de março de 2010

TEMPO

Os navios chegaram
ao porto
trazendo
cereais que apodrecerão
em armazéns
solitários

quarta-feira, 24 de março de 2010

EXISTIR

Vômito da pedra
nutre-se o musgo
de tal recusa

segunda-feira, 22 de março de 2010

PUBLICAÇÕES

O primeiro texto por mim publicado foi INTIMIDADES,peça teatral.
A seguir foi a vez de DA VIDA DISCRETA,poesia.
O livro seguinte foi PRETO & BRANCO,um romance.
Posteriormente, foi a vez de VANESSA, uma pequena novela.
O próximo livro a sair será A VÍTIMA, um romance breve,mas intenso ,cujas referências são A Divina Comédia e a tragédia grega.
Antologias,crítica literária também são publicações,num total de vinte e sete livros até agora.Outros virão.

sexta-feira, 12 de março de 2010

REINVENÇÃO

A poeta Cecília Meireles escreveu que a vida só é possível reinventada.Uma possível leitura é que o real é inatingível.Somente pelo uso de imagens,símbolos,sonoridades,metáforas podemos nos aproximar de tudo o que existe,sem jamais tocar o que é.
Daí a necessidade da literatura e,mais especificamente,da poesia.Só assim conseguimos indicar a coisa,revelar algo a seu respeito.O visível é a ponte para o invisível,ou ainda,um dos lados da moeda.O indizível será mostrado de modo indireto.As entrelinhas pesam mais que as palavras.
Mestra das entrelinhas,Clarice Lispector é um exemplo disso.Sua escrita é uma interminável busca de aproximação com a-coisa-em-si.Todos os seus livros,de um modo de outro,tratam disso.Desejar o impossível torna-se fonte de uma crise.Esta crise leva ao ato criador.Mesmo tentando atingir o mais cru ,somos obriga dos a reinventar.
A literatura torna-se uma fonte onde vamos beber insaciavelmente.É justo esta sede que nos faz escrever livros.Reinventar é inerente à natureza humana e ganha ainda maior importância nas mãos do artista.

segunda-feira, 8 de março de 2010

VIDA DE ESCRITOR

Escrever não é fácil.Vida de escritor também não.Nunca foi.Muitos só obtém reconhecimento após a morte.Outros são relegados ao esquecimento.Poucos são os leitores.
O questionamento permanece.Escrever parece vão.Todavia,continuamos.Não se trata de insistência,mas de Fado.A expressão,a descoberta,a nova possibilidade,tudo incita ao mergulho no universo das letras,das palavras,à busca pelo desconhecido.
Nenhum de nós sabe se resistirá ao tempo,se passará pelo teste,se permanecerá.Mas nenhum de nós sabe resistir ao apelo da interna voz quando esta nos impele a escrever.
Perdemos a aura,avisou,há muito,Baudelaire.Assim mesmo prosseguimos.Sem aura,com certo descrédito,mas com encantamento.Sempre.

terça-feira, 2 de março de 2010

Poema

SABEDORIA

Sobre
o mar,gaivotas
à espreita
dos peixes.

NANOCONTO

REPARAÇÃO

Um homem morto,olhos fechados,estendido,solene.
Flores,velas,choro.
Algo,no entanto,destoando do conjunto.Logo,a descoberta:caíra,do casaco,um botão.
Constrangidos,os parentes fecharam a tampa do esquife.