Tumba
Hoje retornei à tua tumba.
Minhas pernas estavam destroçadas,
minhas mãos haviam trincado,
o que poderia ter sido primavera.
Flores secas ao vento sussurram
os pergaminhas da ausência
e tudo se apaga e desidrata
ainda antes que se desintegre o dia.
Chega murcha a noite e nada
acrescenta ao triste canto.
Já era tarde demais quando nasceu
o lamento, tarde demais
quando quis dissipar-se o véu,
tarde demais quando despertamos
para a possibilidade do sol.
Deposito uma vela que não
se acende e mais escuro se torna
o dia que esqueceu de abandonar
as tortuosas vias da noite,
dia que se desfez intacto
diante da insanidade obscura da Terra
a acolher loucos nas catacumbas
avaras do silêncio eterno.