Filosofia e Poesia
As reflexões do filósofo GASTON BACHELARD a respeito de poesia são excelentes As frases a seguir são retiradas do seu livro A POÉTICA DO ESPAÇO:
Poesia, contos, crônicas, textos a respeito de livros e outros autores. Textos ficcionais em geral.
Nitidamente o livro é uma expressão de sua filosofia existencialista. Escrito de modo brilhante, sem dúvida. Há uma crítica ao modo de vida burguês, ao humanismo, ao socialismo, à filosofia de Nietzsche e a uma cultura que pode ser, paradoxalmente, alienante e ridícula.
Antoine Roquentin é um indivíduo, imerso em solidão. Não faz parte do grupo, do rebanho, da sociedade. Isolado de tudo e de todos, mantém um olhar cético em relação a tudo o que cerca. A náusea que o acomete em determinados momentos vai se acentuando até a tomada de consciência: a vida não tem sentido, o mundo não tem sentido. As pessoas repetem rituais vazios para se protegerem disso. Não suportam olhar a verdade nua e crua. A humanidade cria e vive uma farsa para esconder essa terrível verdade de si mesma. Viver é contingência: estar presente. |Nada mais.
Aos poucos, os tênues elementos de sustentação da vida do personagem se desfazem: os momentos de convivência constrangedora com o Autodidata, a antiga relação com Anny, os encontros sexuais com a patroa do Rendez-vous des Cheminots desabam implacavelmente não restando nada além da solidão e da percepção da pura existência. Sequer a tentativa de escrever uma biografia do marquês de Rollebon vai adiante. Não resta nada onde se agarrar . Não há como escapar. Roquentin tem de encarar a si mesmo e a realidade.
Isso tudo poderia levar a um final que mergulhasse no mais mais completo desespero. Mas a última audição de uma canção de jazz revela uma tênue possibilidade a Roquentin de criar um sentido para sua existência: escrever não uma biografia mas um texto literário, um romance. Não se trata de uma redenção e, sim, criar a capacidade de evocar sua vida sem repugnância.
Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade,
heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende
Campos (Penalux, 2015).
TATUAGEM
O corpo utilizado
para a afirmação
de uma individualidade,
de resto inexistente.
A individualidade,
como um fantasma
abstrato,
esconde-se por detrás
da porosa pele.
A tatuagem utilizada
para a identificação
dos corpos, vítimas
do desastre aéreo.
GOLES DE LEVEZA
chás
& cicatrizes
aromas
em lata com
ferrugem
o
intervalo do trajeto
entre
o chão e o
travesseiro
melhor
ser um homem
deitado
que um andarilho
de
joelhos, e bêbado.