sábado, 25 de junho de 2016
segunda-feira, 20 de junho de 2016
domingo, 19 de junho de 2016
CÍTRICO
A flor da lima é a mais aromática de todas. Neste inverno, as árvores estão carregadas dos frutos. E também há laranjeiras,bergamoteiras e limoeiros. Os cítricos vêm com o frio. É bom colhê-los enquanto ouvimos os pés amarrotando as folhas secas e um arzinho fino e frio se espalha em meio ao jogo de luz e sombras.
Odores,texturas,cores formam um jogo que se entrelaça e cria a imagem da estação.
(foto: Cleber Pacheco)
Odores,texturas,cores formam um jogo que se entrelaça e cria a imagem da estação.
(foto: Cleber Pacheco)
quinta-feira, 16 de junho de 2016
EXPERIÊNCIA (conto)
- Creia em mim,sou vivido, tenho muita experiência.
-Mas ela é tão adorável!
-São as piores,acredite.
- E é bonita.
-Esses tipos hospedam-se em hotéis de alto nível apenas para encontrar um jovem rico como você e dar o golpe do baú. Cavadoras de ouro, é o que eu digo.
- Ela fala muito bem e parece ser uma pessoa sensível.
-Você ainda se deixa levar pelas aparências. Pessoas na sua posição precisam ser cautelosas. Essas...moças são preparadas para caçar maridos ricos. É a única coisa que sabem fazer na vida.
- De qualquer modo,estou partindo.
-Sorte sua. Não hesite em esquecê-la.
-Espero reencontrá-lo um dia e dizer o quanto ela é maravilhosa.
-Não tenha tal esperança. Boa viagem.
O jovem com que eu conversava sai; atônita surge,no saguão, a moça de quem falávamos..
-Para onde ele foi? O sujeito roubou todo o meu dinheiro!
Por instinto,coloco a mão no bolso.Minha carteira sumiu.
-Mas ela é tão adorável!
-São as piores,acredite.
- E é bonita.
-Esses tipos hospedam-se em hotéis de alto nível apenas para encontrar um jovem rico como você e dar o golpe do baú. Cavadoras de ouro, é o que eu digo.
- Ela fala muito bem e parece ser uma pessoa sensível.
-Você ainda se deixa levar pelas aparências. Pessoas na sua posição precisam ser cautelosas. Essas...moças são preparadas para caçar maridos ricos. É a única coisa que sabem fazer na vida.
- De qualquer modo,estou partindo.
-Sorte sua. Não hesite em esquecê-la.
-Espero reencontrá-lo um dia e dizer o quanto ela é maravilhosa.
-Não tenha tal esperança. Boa viagem.
O jovem com que eu conversava sai; atônita surge,no saguão, a moça de quem falávamos..
-Para onde ele foi? O sujeito roubou todo o meu dinheiro!
Por instinto,coloco a mão no bolso.Minha carteira sumiu.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
LÁ (conto)
Eles só queriam saber
o que haveria lá.
Eles só queriam saber
o que iria acontecendo
enquanto caminhavam para lá.
Combinaram e foram.
Foram caminhando
para aquela direção.
No caminho encontraram
um chapéu e um deles colocou-o
sobre a cabeça e seguiram.
Seguiram até um local
onde surgiram
cavalos e não os montaram,
continuaram explorando
as configurações da paisagem,
a paisagem era
sucessão de vales e matas,,
eles quiseram ir adiante.
Adiante encontraram
aqueles que vinham
em direção oposta,
no contrário dos rumos e rotas
e eles contaram
que só queriam saber
o que haveria lá,
eles só queriam saber
o que iria acontecendo
enquanto caminhavam para lá.
( imagem: Google)
o que haveria lá.
Eles só queriam saber
o que iria acontecendo
enquanto caminhavam para lá.
Combinaram e foram.
Foram caminhando
para aquela direção.
No caminho encontraram
um chapéu e um deles colocou-o
sobre a cabeça e seguiram.
Seguiram até um local
onde surgiram
cavalos e não os montaram,
continuaram explorando
as configurações da paisagem,
a paisagem era
sucessão de vales e matas,,
eles quiseram ir adiante.
Adiante encontraram
aqueles que vinham
em direção oposta,
no contrário dos rumos e rotas
e eles contaram
que só queriam saber
o que haveria lá,
eles só queriam saber
o que iria acontecendo
enquanto caminhavam para lá.
( imagem: Google)
terça-feira, 14 de junho de 2016
TEMPOS
Pode,a manhã,
descamar
os fractais do dia,
expelir
com presteza
luminosidades da tarde,
reverter
clamores
ocultos na treva.
Pode, a manhã,
ser indício
de uma outra
manhã,
mas com mais
clareza, menos
virtudes ou
mais ousadia.
Pode, a manhã
descascar
segredos do tempo
e fazer soar
as cordas do olvido.
Pode, a manhã
vislumbrar
o eterno,
tornar-se resquício
de outro infinito.
( imagem: Google)
descamar
os fractais do dia,
expelir
com presteza
luminosidades da tarde,
reverter
clamores
ocultos na treva.
Pode, a manhã,
ser indício
de uma outra
manhã,
mas com mais
clareza, menos
virtudes ou
mais ousadia.
Pode, a manhã
descascar
segredos do tempo
e fazer soar
as cordas do olvido.
Pode, a manhã
vislumbrar
o eterno,
tornar-se resquício
de outro infinito.
( imagem: Google)
domingo, 12 de junho de 2016
INVERNIA - resenha
INVERNIA. Um livro
singular de Cleber Pacheco
Por: Krishnamurti Góes
dos Anjos
Parece-nos
lastimável a visão deste contínuo e inútil esforço para realizar-nos a nós
mesmos num mundo ingrato e rebelde. Que trágico espetáculo este inconciliável
contraste entre a vontade e os meios, entre o pensamento e a realização.
Encontramo-nos numa terra volúvel e vã que recolhe as ruínas de todas as nossas
humanas grandezas baseadas num tormento insaciável de posse. E corremos e
corremos apenas para nos atordoar, para não sentirmos a nós mesmos, para
fugirmos à voz de nossa alma carente de paz, sem rumo. A perplexidade confusa
nos assola...
Em 2014 o
escritor Cleber Pacheco escreveu e publicou o ‘romance’ INVERNIA. É obra na
qual tudo ressuma a poesia. Na verdade uma prosa poética em que a expressão do
eu se revela desde a confissão dum avassalante sentimento artístico (o homem
que escreve e desenha), até o ritmo apoiado em metáforas e sintaxe emocional. A
frase de abertura do texto “Primeiro, a árvore”, lança-nos de chofre na
metáfora que o reino vegetal representa para a vida humana. Ar, oxigênio, vida.
Um homem,
uma árvore, uma praia. Nada mais. O cenário no qual o homem respira está
composto. Fidelino Figueiredo cunhou o conceito de que a arte literária é
verdadeiramente a ficção, a criação duma supra-realidade
com os dados profundos, singulares e pessoais da intuição do artista. É notável
a capacidade de inquirição existencial do autor quando demonstra os processos
de desintegração da personalidade. Diz muito com o mínimo de expressão verbal e
adjetivação cuidadosamente selecionada. A fórmula é seca, rígida e cortante, ao
ponto de dispor em uma única frase, além da qual se estende a página em branco,
sua prosa poética de pendor filosófico. Talvez a sugerir-nos que já estamos no
fundo do poço deste nosso tempo “pós-moderno”. Época de experiências trágicas e
monstruosas em que os homens literalmente se explodem.
O texto de
Pacheco centra luz sobre um anônimo que vive solitário numa praia em meio aos
entrechoques de uma guerra sem tréguas para sobreviver e, imerso numa atmosfera
mental densa e neurótica que termina por levá-lo ao paroxismo da loucura,
loucura que o empurra ao suicídio que por sua vez, se frustra porque a vida tem
estratégias a que costumamos creditar na rubrica do imponderávelda existência.
E ele continua a viver num estado de insatisfação permanente e revolta
latejante, a buscar-se, a desesperadamente tentar se encontrar – eis ai o tema
obsedante da narrativa. Todavia, como fazê-lo se em seu interior reina a
impiedade e o desamor, a indiferença e a maldade deliberada? Segue
indefinidamente numa sobrevida medíocre.
Pobres seres
somos nós. Conservamo-nos não somente pagãos (“um homem sem totem”. P. 127 –
simbologia que merece detida reflexão), mas bestiais na substância. Rebaixamos
tudo a nosso baixo nível – religião, estado, sociedade, ética. E nesse existir,
“sempre prestes a cometer algum delito, a esmagar com os dedos, a sufocar com
as mãos, a dissecar com os olhos”. P. 116, continuamos paradoxalmente, cada vez
mais oprimidos – a bola da vez da tal pós-modernidade: “estar morto era só não
ter mais palavras. Era também não ter direito ao silêncio”. P. 90., oprimidos
por uma luta áspera pela vida e uma realidade de dor.
Incrivelmente
seguimos também iludidos, insensíveis, inconsequentes e resistindo a toda
melhoria substancial. Ignorantes do amanhã. Em horizonte fechado. Como podemos
insistir ainda nesse jogo doloroso para afinal, concluir tristemente que
nascemos apenas para colher ilusões? Até
aqui a última palavra tem sido dada pelas aflições de um frio inclemente das
invernias, modeladoras de destinos, forjadoras de almas. O sofrimento disto,
esta aflição vem se repetindo como que enxertada na vida em gotejar cotidiano
ou em grandes rajadas. Talvez o calor, e a luz, retornem quando afinal
compreendermos que somos os responsáveis. Os únicos artífices de nosso destino
a quem compete o dever de esculpir a grande obra do espírito na rude matéria da
vida.