sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Danação


 


Não mais recolher

folhas e penas 

caídas, 

frutos esmagados

na polpa da terra,

não mais ingerir

o sangue das flores

que se mimetizam

em véu e crisálidas

na seiva do extático,

não mais a agonia

da flora que, imóvel,

se gesta 

em inanição 

pressuposta,

não mais o agreste

que se desdiz 

no rumor catártico

da floresta,

o pássaro 

que se despluma 

e belisca 

o orvalho 

para, partenogênese

súbita,

encontrar

a si mesmo 

em engenhosa selva ,

pássaro que se desmente

 e se  inventa, 

em estertor e apocalipse,

na celestial 

 danação da primavera.  


(Foto: Cleber Pacheco). 



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