Danação
Não mais recolher
folhas e penas
caídas,
frutos esmagados
na polpa da terra,
não mais ingerir
o sangue das flores
que se mimetizam
em véu e crisálidas
na seiva do extático,
não mais a agonia
da flora que, imóvel,
se gesta
em inanição
pressuposta,
não mais o agreste
que se desdiz
no rumor catártico
da floresta,
só
o pássaro
que se despluma
e belisca
o orvalho
para, partenogênese
súbita,
encontrar
a si mesmo
em engenhosa selva ,
pássaro que se desmente
e se inventa,
em estertor e apocalipse,
na celestial
danação da primavera.
(Foto: Cleber Pacheco).



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