quinta-feira, 9 de maio de 2024

Autor Convidado

 



Elício Nascimento escreve poesia desde os 13 anos de idade. É bacharel em Direito e advogado. Trabalha como servidor municipal. Tem um livro publicado pela editora Caravana e textos publicados em revistas literárias.    


                                               EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO

 

Fumou seu calendário o vento

Queimou ponta a ponta sem filtro

A cada tragada um bom tempo

Subia ao ar do precipício

 

Carbonizou vivas as datas

Cuidadosamente esquecidas

Do aniversário das duas filhas

Ao de casamento entre farras

 

O vento da vida avisou

A cada nova ruga rala

Acesa ao dia que apagou

Acordou no rosto do nada.


 

IMPOSTO VOLUNTÁRIO

 

Aprazer-se do prazer para ser

A nova antiga conquista do mundo

Na mais rasa prova, prova-se fundo

A sala clara sem se poder ver

 

Cento e oitenta graus, parede a parede,

Todas as revoluções nessa sala

Muda-se o nome, contorno, tapete,

Mas, nos móveis, o imóvel é da sala

 

Tato a tato na sala iluminada

Vê-se, alto, o esmero da decoração

Em busca da nova revolução

Até o prazer no centro do nada

 

A cada novo objeto aparece

O que some na claridão da sala

E tudo se ajeita no que apetece

E a nova revolução na entrada

 

A última espera sua esperança:

Nascer nos cômodos empoeirados

No comodismo da mesma mudança:

 Mudando no cômodo ajoelhado.


 

 






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