ENTREVISTA
Entrevista concedida pela tradutora brasileira Rafa Lombardino que reside nos Estados Unidos.
1- Como surgiu o seu interesse pela literatura?
Eu lia os livros que a professora de
português pedia para a gente ler, mas só fui me interessar mesmo quando ganhei
um livro de presente em uma “Olimpíada de português”. Gostei tanto da história
e de ter um “filminho” passando pela minha cabeça, que depois disso comecei a
ir atrás e comprar mais livros para alimentar a minha sede de leitura.
2-
Por que decidiu se tornar tradutora?
Eu tive a minha primeira aula de
inglês na 5a série, aos 11 anos. Desde então, descobri que era
apaixonada por idiomas. Depois de concluir o curso de inglês aos 17 anos,
passei no exame de proficiência da Universidade de Michigan e comecei a dar
aulas para alunos de 4 a 40 anos. Nessa época, muita gente procurava a escola
de idiomas onde eu dava aula, perguntando se alguém poderia traduzir uns
documentos, cartas ou artigos científicos para um trabalho de faculdade.
Comecei a aceitar esses trabalhos para complementar a renda e, quando me dei
conta, os projetos de tradução passaram a ser a minha atividade principal.
3-
Como é realizar esse trabalho de tradução aí nos Estados Unidos?
Na
verdade, não acredito que a minha localização geográfica faça muita diferença,
já que o tradutor hoje em dia só precisa de uma conexão de internet para se
comunicar com o mundo, entrando em contato com clientes e colegas, além de
pesquisar material de leitura e vocabulário e promover os seus serviços. Do
ponto de vista operacional, o fato de eu estar nos EUA simplificou o processo
de abertura de empresa e facilita o recebimento do pagamento de clientes
americanos.
4-
Conte-nos a respeito da trajetória da CBSS:
O Contemporary Brazilian Short
Stories surgiu de um sentimento muito egoísta que eu tive, pois estava
sentindo falta de criatividade nos projetos que eu estava recebendo para
traduzir. Eram documentos muito técnicos, geralmente com instruções para
usuários de informática ou descrições de políticas empresariais. Em 2010,
comecei a entrar em contato com escritores brasileiros para pedir autorização
para traduzir os contos que eles escreveram e publicaram em seus blogs. Aos
poucos o site do CBSS foi surgindo, mais escritores enviaram material para
tradução, outros tradutores foram entrando na equipe e hoje estamos fechando a
4a temporada do site e terminando de editar a terceira coletânea.
5-
Quais são os seus atuais projetos de tradução neste momento?
Documentos
novos chegam todo dia dos nossos clientes de longa data, assim como de clientes
novos, então continuo bastante envolvida com as traduções técnicas. Quanto ao
material literário, no momento estou traduzindo um livro de inglês para
português chamado “It Never Rains in Colombia”, que foi escrito por W. H.
Benjamin, autora britânica autopublicada, além de um livro de espanhol para
português chamado “El legado de Maria Schlau”, escrito por vários autores e
editado pela BabelFamily, uma organização que pretende arrecadar fundos para a
pesquisa de uma doença chamada Ataxia de Friedreich.
6-
Qual a sua opinião a respeito da literatura brasileira contemporânea?
Eu
gosto de ver a variedade e diversificação e fico feliz com o fato de a internet
facilitar a comunicação direta entre autor e leitor, permitido que escritores
que talvez não tivessem uma chance de entrar no ramo editorial pelos canais
mais tradicionais ―ou seja, publicando um livro por meio de uma editora― possam
mostrar o seu trabalho para o mundo. Só gostaria de ver mais literatura
brasileira, tanto antiga como contemporânea, sendo traduzida para mais idiomas.
7-
O que o leitor americano conhece a respeito da literatura brasileira?
É
claro que o escritor brasileiro com mais fama no mundo inteiro é Paulo Coelho,
que já foi traduzido para tantos idiomas. Sempre que menciono para alguém que
vim do Brasil, geralmente me perguntam sobre Pelé ou Paulo Coelho. Mas quem
gosta de literatura internacional ou tem algum laço com a cultura brasileira
acaba pesquisando e procurando se informar mais. Porém, se o leitor americano
não lê português, acaba ficando limitado com os poucos títulos que passam a ser
traduzidos e publicados nos países de língua inglesa. A quantidade de traduções
estrangeiras para o inglês já é pequena, algo como 3% de todos os livros
publicados por ano, então dá para imaginar a porcentagem correspondente à
literatura lusófona em inglês.
8-
Quais são os seus conselhos para quem quer se tornar um bom tradutor?
Abaixo, o link da CBSS:
http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.brazilianshortstories.com%2F&h=pAQGmFMxp
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