sexta-feira, 5 de abril de 2024

Autor Convidado

 


Daniel Rodas (Teixeira-PB, 1999) é escritor, poeta e dramaturgo. Graduado em Letras e Mestrando em Literatura e Interculturalidade (UEPB). Editor da Revista Sucuru. Autor da plaquete Eros e Saturno (Editora Primata, 2021) e do livro Umbuama (Editora Urutau, 2021). Integrou as antologias Poesia fora do eixo (Toma Aí Um Poema, 2022), Engenho Arretado: poesia paraibana do século XXI (Patuá, 2023) e Casa Encantada: o conto fantástico paraibano (Arribaçã, 2023). Tem textos publicados em vários meios eletrônicos nacionais e internacionais. Fez parte do grupo de teatro ExperIeus da cidade de Monteiro-PB, onde colaborou como ator. Pensa na poesia como um fluxo, como o fluir incontrolável da vida. Vive atualmente em Campina Grande-PB.



MALLARMÉ

 

os deuses jogam dados com

o destino.

mas nem por isso

o acaso os abolirá.

 

cada gesto do dado é um jogo

novo sobre a

mesa.

 

e o poema:

ninguém ganha no seu fim.

 

*

 

OS BOIS E OS HOMENS

 

Para Drummond

 

ruminam todas as

manhãs

 

posto que o sol lhes

acena

 

a incerteza do viver.

 

são tantos com suas

ancas largas

 

seus sorrisos de baba

 

seu silêncio sem

tempo.

 

vagam pelas ruas e

estradas

 

atravancados pelo hoje

 

do qual não têm nenhum

controle.

 

pobres criaturas saqueadas

 

vão sem rumo na

febre

 

da própria graça do algoz.

 

II

pois de uns

lhes é roubada a carne

 

de outros

a carne e o espírito.

 

*

 

ORÁCULO

 

a noite é enorme.

maior que a noite é a escuridão carregada sob as

unhas.

a casa nunca está fechada –

e os pássaros cospem plumas nas janelas.

há quem tente fechá-las.

mas as asas da noite invadem: cada fiapo do

olhar.

( Poemas inéditos).  

 

 


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