Resenha
MISTÉRIOS EM
"A ROSA MÍSTICA",DE CLEBER PACHECO
por Luiz Otávio
Oliani
"Homens de artérias obstruídas
Andam pelas ruas
Esmagadas pelo tempo." P. 29
Cleber Pacheco
O
livro "A rosa mística", Guaratinguetá,SP, São Paulo, 2023, é um
acontecimento na vida cultural de Cleber Pacheco. Trata-se de obra que
celebra 25 anos de atividades literárias do autor.
No prefácio, o já consagrado José
Eduardo Degrazia trouxe à tona a trajetória literária de Cleber Pacheco em
vários gêneros.
No que tange à poesia, enfatizou o
misticismo como uma característica do autor, ao mergulhar nos mistérios da
mitologia medieval. Enalteceu a união entre mente e espírito atravessa poesia.
Citou Gaston Bachelard e o "devaneio" proposto pelo literário através
do polissimbolismo da palavra.
Ao discorrer sobre a atenção do
poeta sobre as questões do mundo, além do esoterismo presente no livro em
análise, o que não afasta leitores céticos ou críticos, Degrazia expôs que a
visão mágica e intervenção da realidade pelo encantamento foram duas características autorais presentes, já que
têm a ver com a essência da linguagem por si só.
Assim, ao revelar que Cleber
Pacheco desvenda os enigmas do ser e da existência, o resultado é a Beleza, com
letra maiúscula.
Parte do prefácio aparece nas duas orelhas
de "A rosa mística".
Em termos de posfácio, há duas
apresentações.
A primeira é de Eduardo Jablonski,
Mestre em Literatura pela UFRGS. Nesta, ele enfatiza o hermético e o opaco na
obra de Cleber. Isto porque é a ambiguidade do texto literário que leva o
leitor a múltiplas percepções e todas estão corretas.
Segundo Jablonski, o hermético
derivaria de uma das influências de Pacheco, no caso, João Cabral de Melo Neto,
para o qual a concisão e o trato com as palavras são fundamentais em um bom
texto
Já Herman Augusto Schmitz, poeta e Mestre em
Estudos Literários, no texto"25 anos de poesia,", p. 69, na obra em
viga "(....) perscruta a alma, o sentido do oculto, do alegórico e do
hermenêutico."
Assim tal literatura seria possível
se ser contemplada como um mandala ou centro de força, em forte simbolismo
religioso.
No que tange à estrutura de alguns
poemas, cabem algumas notas, por ser impossível uma análise de todos os textos.
Em "Condição",p.15,
o eu lírico analisa a dicotomia entre "existir","memória","esperar"e
"esquecer",ao realizar a tarefa mágica do ato criador.
Já em
"Geometria",p.16,apesar da chave de ouro em "A geometria
transcende / Hipotenusa e catetos", há um leve traço metalinguístico no
poema, devido à presença dos vocábulos "semântica","grafemas
"," branco" e "página". O mesmo de dá em "Verbo
",p.17, no qual é bem explícita a presença da função metalinguística,a
começar pelo título.
Do ponto de vista estrutural dos
poemas,"Ancestral",p.18, é o texto no qual prevalecem os paralelismos,
já que as quatro estrofes são iniciadas pela estrutura "Antiga é a
(....)", com alteração dos substantivos próprios elencados.
Com alusão intertextual a William
Shakespeare, o bardo inglês, "To be or not to be",p.22, o poema é
rico de metáforas e antíteses que buscam traduzir dúvidas existenciais: "
Viver é quase um sonho / Que a morte nos desperta, / Morrer é modo estranho ,/
De descobrir a descoberta."
A reflexão filosófica está
em "Adivinhos"p.,27 ,( o místico como busca para salvação).;
"Tempo",p.29 ( poema que revela a inversão de valores da sociedade
contemporânea,); "Mundo",p.31 ( a luta pela preservação da
memória diante dos horrores criador pelo homem,), entre outros.
"Breakfast",p. 32,traz a
efemeridade da vida,pois "O tempo transcorre fagueiro / e um dia tua boca
murcha, / teus dentes caem / e já não ouves com a mesma / precisão de
antes."
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