VOZES
A monja, em voto de silêncio. Ouve os estalos das tábuas, o ruído dos grilos, o pingo da torneira, o saltar do sapo, o ranger das portas. Depois, o rumor da umidade nas paredes, do suor dos vidros, de uma folha que ainda não chegou ao chão, de um caracol deslizando no muro. Então, a voz dos animais, vegetais, minerais. Quando torna a falar, ninguém no convento compreende a língua usada por ela.
(Livro publicado em 2014).
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