quarta-feira, 21 de março de 2018

Resenha


 
 Há algum tempo recebi uma caixa de livros do escritor Rafael Bán Jacobsen. Primeiro li o seu romance SOLENAR, que achei muito bem estruturado ao narrar uma situação trágica. Pouco depois li este UMA LEVE SIMETRIA, publicado em 2009 pela não editora de Porto Alegre.
 Demonstrando mais uma vez domínio narrativo e de linguagem, Rafael novamente conta uma história com aspectos trágicos, agora ambientada na cultura e religião judaica, mas que é,no fundo,universal.
 A simetria do título ocorre em diferentes níveis: no relacionamento do pai do personagem Pedro que será descoberta a certa altura, na ligação entre o caso de pai de Pedro e o relacionamento de Daniel com seu amigo Pedro e,ainda, na história de Davi e Jonatã,do Antigo Testamento.
 Dividindo os capítulos de acordo com as letras do alfabeto hebraico, a narrativa vai mostrando o desenvolvimento do interesse de Daniel por Pedro e as diversas consequências ocorridas a partir do momento em que os sentimentos ocultos são expressos. A partir daí,nada mais será o mesmo. Sentir e,mais do que tudo,dizer o que se sente, desencadeia reações que se tornam cada vez mais pesadas,agressivas,conflitantes,difíceis.  Até chegar ao final patético próprio das grandes tragédias em que o irreversível se faz presente e define os rumos das vidas de todos os envolvidos.
   Um texto belo,corajoso, tocante,sem  dúvida. O autor consegue ser poético sem ser piegas. Vasculha as emoções humanas com sensibilidade e cuidado,evitando os maniqueísmos. 
   O livro revela um escritor maduro e capaz de criar um caminho próprio muito interessante em termos de Literatura do Rio Grande do Sul e Brasileira. Em suma, um autor cuja trajetória merece ser acompanhada com atenção e interesse. 
 

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