domingo, 20 de maio de 2018

Resenha



   Na livraria que frequento encontrei este exemplar do romance A Livraria, de Penelope Fitzgerald. Nunca havia lido nada da autora,mas fiquei interessado. Acabei de ler o livro, satisfeito por ter escolhido bem. Foi uma belíssima descoberta,confesso.
   Texto simples,preciso,econômico e certeiro. Com humor e ironia, Fitzgerald consegue criar uma situação aparentemente simples,mas muito reveladora do comportamento humano, das pequenas cidades, das mentalidades estreitas, além de criar personagens muito interessantes utilizando-se de poucas palavras.
   A solitária Florence ,por questões de sobrevivência, decide abrir uma livraria em Hardborough. E se depara com a resistência de Violet Gamart, a poderosa local, cheia de pretensão e veneno, muito consciente de sua própria importância. Florence não age como uma heroína romântica, tampouco sabe lidar direito com negócios e contabilidade. Curiosamente também não se interessa muito por livros e é incapaz de julgá-los se ,de fato,são bons. No entanto, ela resiste,a seu modo, à letargia , à ignorância e às pressões sociais. É uma personagem sui generis, como o é também o sr. Brundish, o único que realmente lhe oferece apoio.  Outra personagem,Christine, é adolescente que se torna sua assistente e vem da classe baixa. Rude e implacável,mas capaz e organizada. Ambas conseguem uma boa sintonia,embora Christine se revele , no final, tão implacável quanto antes.
   Os clientes da livraria estão interessados em livros sobre a rainha, a realeza, relatos de experiências de guerra,floricultura,etc. Não são exatamente amantes da literatura. O único romance que causa certa repercussão é Lolita, de Nabokov, embora o sr. Brundish a avise de que ninguém ali seria capaz de entender o livro. E se avaliarmos os habitantes da cidade,por certo não devem ter entendido mesmo.
   A Livraria é um romance realmente imperdível graças ao talento da autora, que consegue dizer tanto com tão pouco e pode extrair dos pequenos detalhes singularidades,riquezas e misérias humanas.
   
   
 
   

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