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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O Sétimo Dia

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   Minha mãe veio me acordar (eu dormira o dia inteiro).Abri os olhos.Sobre o guarda-roupa,a vela apagada que ela colocara.Esperar seis dias dissera.No sétimo,se Deus quiser,Ele virá.Eu aguardava a vinda dEle dormindo.Lá fora,a mulher ,à minha espera,gritava: Seu filho não pode demorar.Da outra vez me atendeu na mesma hora.Foi muito bonito.Preciso dele logo.
    Minha mãe tentava proteger-me,dizendo: Você é quem sabe.Vai até lá ou espera o segundo dia.

                                                      2

    Apagada ainda,a vela sobre o guarda-roupa.Deitado,ouvia a conversa das duas mulheres no pátio,absortas nos próprios comentários.Tinham pressa e problemas.Queriam me ver.Queriam auxílio.
   Mais seis dias e tudo estaria resolvido.Era preciso paciência.Fechei os olhos.
   Minha mãe passou mais uma vez pelo quarto para efetuar sua habitual vistoria e retirou-se.
   Deus ainda não viera.

                                                            3

   Precisamos de sua ajuda gritaram as duas mulheres e mais o homem que chegara recentemente.Não podemos ficar aqui para sempre.
  Exigiam minha presença.Mas não poderia sair antes do acontecimento.Nem poderia explicar-lhes coisa alguma.Nunca entenderiam.Melhor suportar-lhes a irritação do que a incompreensão.Continuei imóvel,quieto,mal respirando.
 A penumbra prosseguia.

                                                           4

    Sentia minhas costas doerem,as pálpebras pesarem,o amortecimento das mãos.Um pouco mais,só mais um pouco.
   Os dias estão passando e,em breve,poderei ir.
   Lá no pátio,ia aumentando a aglomeração.
   Minha mãe suspirou.

                                                           5

    Nenhuma chama ainda.
   Era uma questão de tempo.
   E de espera.

                                                            6

   Amanhã.
  No sétimo dia.Ele costuma chegar no sétimo dia.Se Ele quiser,deixara bem claro minha mãe.
  Quase pedi a ela que fizesse a aglomeração se calar.Parecia cada vez mais ameaçadora e incapaz de compreender.Não raro,gritos afloravam.
  Amanhã estará feito.Amanhã,a esta hora,já estará cumprido.
  Chamo por minha mãe.
  Ninguém responde.



 ( foto: Cleber Pacheco) 

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