Era preciso trazer o menino
de volta.Se não conseguisse,ao menos deveria vê-lo,abraçá-lo um momento e dizer
“ Eu vim”.
Por toda parte pessoas estendidas na
terra,algumas enterradas até a cintura,nuas.Gemendo,clamando.
Olhei aquele horror e resolvi que iria.
Teria de atravessar por entre elas,suas
medonhas deformações,tentando conter a repulsa.Não havia outra maneira.Se
quisesse chegar ao meu destino,teria de enfrentá-las.
Talvez fosse melhor recorrer ao auxílio do cão
Ulisses. Poderia ser o seu guia.
Chamou-o.Ele logo veio.Buscando coragem ou
impulso,iniciou a travessia.
As pobres criaturas estenderam braços,agitaram
mãos,aflitas,atônitas.Pareciam implorar,raivosas.
Foi evitando-as,tentando ignorá-las.Mal podia
suportar tanta corrupção e fedor.Putrefactas,muitas delas tentavam mordê-lo,de
algum impedi-lo de continuar.
Confiando na capacidade do seu guia,ele
chegou a baixar as pálpebras,deixando-se levar.Se parasse,perdido estaria.Seguir,seguir
em frente.Era o que restava.
Foi um longo caminho até chegar à
criança.Praticamente aprisionada pelas monstruosidades se encontrava.
Assim que o viram,atacaram de imediato.
Uma cruel luta,terrível combate teve
início.Não havia como evitar.
Ao abraçar o menino e envolvê-lo em seus
braços pôs-se rapidamente em marcha para poder retornar.Tinha certeza de que a
volta seria ainda muito mais difícil.
Arriscava.
Então caiu a noite e tudo escureceu.
( imagem: Google)
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