IDENTIDADE
(A partir de hoje,a cada dia colocarei um trecho da minha história Identidade aqui no blog até completá-la.Espero que gostem.Presente de final de ano aos leitores):
IDENTIDADE
Ele nunca frequentou a escola, ela avisou, nem obteve um diagnóstico dos médicos e dos psicólogos. Até hoje ninguém soube me dizer qual é o problema , o que está tentando dizer ou mostrar.
“Autista”, fora o meu veredicto após meia hora de observação na vazia sala onde ele se encontrava sentado no chão, alheio ao mundo.”Ou, no mínimo, esquizóide”.Não ousara aproximar-me ainda;já fizera o julgamento,todavia.Sozinho ali,como se nada existisse além de si próprio, órfão de brinquedos ,no mais profundo silêncio,mergulhado no abismo,emanava contundente ausência.
Voltei-me para ela. Chegara até mim para alinhar chakras.Desarmonizada,confusa,contara a sua história,socorro pedindo.Exalava ansiedade,evidente angústia. Possuindo invulgar aparência ,seu aspecto imediatamente chamaria a atenção de qualquer um.Com isso não quero dizer que fosse dotada de extrema feminilidade.Exótica,seria o mais próximo a declarar. Ao incomum acostumado, nada estranhei. Cura alternativa,minha especialidade.Com maus olhos visto,alvo de desconfiança e calúnias,também julgado era por muitos.Estudando o aceito e o renegado,um pouco de tudo conhecendo,muito de pouco aprofundando,arriscara-me.
Com ar cansado,desvalida,implorava uma solução que eu não tinha.
Vá até lá,pediu.
Outras vezes encontrara-me em tal situação. Pouco ou quase nada a fazer,impossível recusar.Doía-me perceber tamanha angústia.Criar falsas expectativas desagradava-me.Abandoná-la sem nenhum auxílio,também.
Sinceramente, não sei se,neste caso,posso ajudar.
Tente, murmurou.
Hesitante, dei alguns passos. A casa pareceu ainda maior e mais antiga, com janelas largas e altas,assoalho de madeira,rangidos.
De uma coisa tinha certeza: do fracasso.”Inútil”,pensei.”Neste caso,nem mesmo a cura metafísica irá funcionar.” Dar meia volta,retirar-me era minha vontade.Segui.
Avisado a respeito do seu único interesse, decidi ao menos olhar o material,tentar compreender alguma coisa.Sabia que algumas crianças podiam apresentar inacreditável aptidão para a matemática ou a música,um talento excepcional, muito além dos seres humanos considerados normais.Sabia ainda que se restringia,esse talento, a algum ramo muito específico do conhecimento.No restante,completa distância da realidade e recusa a entrar em contato com as outras pessoas.
Todas as tentativas anteriores haviam sido frustradas, avisara a mãe.Esmagador era o peso de tal afirmação.Sem esperança,aproximei-me.Talvez tivesse de passar por alguma prova e o momento chegara.Talvez fosse necessário aprender a aceitar os meus limites.Tentando encontrar uma explicação ou consolo,ofereci-me em sacrifício.
Sequer poderia imaginar o que viria.
IDENTIDADE
Ele nunca frequentou a escola, ela avisou, nem obteve um diagnóstico dos médicos e dos psicólogos. Até hoje ninguém soube me dizer qual é o problema , o que está tentando dizer ou mostrar.
“Autista”, fora o meu veredicto após meia hora de observação na vazia sala onde ele se encontrava sentado no chão, alheio ao mundo.”Ou, no mínimo, esquizóide”.Não ousara aproximar-me ainda;já fizera o julgamento,todavia.Sozinho ali,como se nada existisse além de si próprio, órfão de brinquedos ,no mais profundo silêncio,mergulhado no abismo,emanava contundente ausência.
Voltei-me para ela. Chegara até mim para alinhar chakras.Desarmonizada,confusa,contara a sua história,socorro pedindo.Exalava ansiedade,evidente angústia. Possuindo invulgar aparência ,seu aspecto imediatamente chamaria a atenção de qualquer um.Com isso não quero dizer que fosse dotada de extrema feminilidade.Exótica,seria o mais próximo a declarar. Ao incomum acostumado, nada estranhei. Cura alternativa,minha especialidade.Com maus olhos visto,alvo de desconfiança e calúnias,também julgado era por muitos.Estudando o aceito e o renegado,um pouco de tudo conhecendo,muito de pouco aprofundando,arriscara-me.
Com ar cansado,desvalida,implorava uma solução que eu não tinha.
Vá até lá,pediu.
Outras vezes encontrara-me em tal situação. Pouco ou quase nada a fazer,impossível recusar.Doía-me perceber tamanha angústia.Criar falsas expectativas desagradava-me.Abandoná-la sem nenhum auxílio,também.
Sinceramente, não sei se,neste caso,posso ajudar.
Tente, murmurou.
Hesitante, dei alguns passos. A casa pareceu ainda maior e mais antiga, com janelas largas e altas,assoalho de madeira,rangidos.
De uma coisa tinha certeza: do fracasso.”Inútil”,pensei.”Neste caso,nem mesmo a cura metafísica irá funcionar.” Dar meia volta,retirar-me era minha vontade.Segui.
Avisado a respeito do seu único interesse, decidi ao menos olhar o material,tentar compreender alguma coisa.Sabia que algumas crianças podiam apresentar inacreditável aptidão para a matemática ou a música,um talento excepcional, muito além dos seres humanos considerados normais.Sabia ainda que se restringia,esse talento, a algum ramo muito específico do conhecimento.No restante,completa distância da realidade e recusa a entrar em contato com as outras pessoas.
Todas as tentativas anteriores haviam sido frustradas, avisara a mãe.Esmagador era o peso de tal afirmação.Sem esperança,aproximei-me.Talvez tivesse de passar por alguma prova e o momento chegara.Talvez fosse necessário aprender a aceitar os meus limites.Tentando encontrar uma explicação ou consolo,ofereci-me em sacrifício.
Sequer poderia imaginar o que viria.
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