Após nascermos criamos
umbigos
não sem certo constrangimento:
um é para as pedras
de amolar facas,
outro para as nuvens
que, ao parir,
se chovem,
um é para saciar
os peixes,
outro está pronto
para chocar as aves.
Um só umbigo
não é viável,
como não é viável
ter duas cabeças.
De tanto nascer,
viramos sombra
nas clareiras do encantamento.
Mais que ajudar
a parir,
as parteiras
são mãos que os nós
desatam
e, sem rost6o,
às cegas, abraçam
nosso pasmo
e do umbigo que em nós nasce
morrer se torna
mais sorrateiro.
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