terça-feira, 2 de abril de 2019

Resenha



   As narrativas curtas de Kafka são muito impressionantes. Difícil classificá-las. Seriam fábulas sombrias? Literatura fantástica? Contos góticos? Na verdade, são inclassificáveis. Melhor assim, pois é exatamente isto que comprova a sua riqueza.
   A primeira história de Um Artista da Fome relata o caso de um trapezista que se recusa sair do trapézio, aprimorando cada vez mais suas habilidades. E acaba por exigir um segundo trapézio ao seu empresário.
   O segundo conto,  Uma Pequena Mulher é ainda mais inquietante. Um narrador nunca completamente identificado relata sobre essa mulher que se irrita com a existência dele, Sem razão, ela não o suporta e seu sofrimento é infindável por não suportá-lo, embora ele nada faça para merecer tanto ódio.
   Um artista da fome conta o caso de um homem cuja arte é jejuar, permanecendo preso numa espécie de jaula e se tornando atração e fonte de lucro para seu empresário. Aos poucos o público vai perdendo o interesse  por essa estranha atração, relegando-o a mero coadjuvante num circo qualquer até ser ignorado por todos.
   Josefine,a cantora ou O Povo dos Ratos  é tão extraordinariamente bem escrito que nos fascina e desconcerta ao mesmo tempo.
   O mais sombrio de todos  os relatos é Na Colônia Penal, uma história de absurdo e crueldade, um dos melhores textos escritos pelo autor. Verdadeira obra-prima.
   Evito aqui fornecer qualquer interpretação ou chave de interpretação, pois creio caber ao leitor mergulhar nesses contos fascinantes e extrair deles toda a riqueza que oferecem.
   Um pequeno grande livro que deveria ser lido por todos os fãs de Kafka e da grande literatura.
   

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