Conhece,
Yukio Mishima,
as intermitências do belo,
o seu aporte,
as incongruências
do harmônico,
as discrepâncias do íntimo,
as armadilhas
do que imanta,
se retrai e funda,
os perigos do sublime
e do intangível
nos orgasmos do medo.
Belo,
vitória a reiterar
as cavidades da aurora
em rupturas
de espanto,
a embalar pesadelos
de parvos e aturdidos
na incontinência das pálpebras,
o renitente a negar-se
em saciedade de fomes.
Belo,
susto e clamor
do impiedoso
na contemplação onívora
das inquietudes,
presença transcendente
do que acontece sem catecismos.
Belo,
o indício
do que será sempre deposto
na rapacidade da ruína,
doação que exige
a mendicância irrestrita
da entrega
em lapidações de vômito,
incinerar de formas
no que se funda
sem fundações,
cópia que inaugura
as mendicâncias do único.
repicar dos sinos
da agonia e da morte
no calabouço
das transmigrações.
Mishima,
a desvendar
saberes e despedidas
na fluidez do imóvel,
amparo e aresta
a polir o remoto
na carne feroz da ausência.
(Desenho: Cleber Pacheco)
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