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terça-feira, 12 de julho de 2016

Biblioteca

    Cada livro da biblioteca tem uma história.
    Morte de Alguém de Jules Romains, por exemplo, estava abandonado numa caixa com outros títulos numa Feira do Livro. Quando o vi, imediatamente tratei de pegá-lo . O vendedor mal podia acreditar que eu havia escolhido justo aquele. Havia duas mulheres por ali comprando um daqueles famosos de autoajuda. Olharam com estranhamento e um certo descaso. Até achei graça na situação.
   Não muito diferente foi quando comprei um exemplar de poemas de Saint-John Perse. Já meio velhinho e com a capa desbotada, sofria também de cruel abandono. Os vendedores olharam um para o outro como quem diz: "Não acredito! Até que enfim!" Já deviam ter desistido há muito de efetuar a venda.
   Meu exemplar do Rubáiyát encontrei num sebo em Porto Alegre.. Desisti de levar outros para ficar com ele. Cada poema era emoldurado por belos arabescos ,tornando ainda mais poética a obra.Já o livro de poemas de Paul Valéry  encontrei numa fantástica livraria com livros espalhados por toda parte.Apreciava ir até lá aos sábados para ouvir alguém tocando o piano de cauda que  havia enquanto escolhia o que me interessava. O exemplar era em francês e continha o magnífico poema O Cemitério Marinho.Não hesitei em pagar mais caro.
   Também no sebo encontrei diversos autores orientais. Tenho especial interesse por eles. A literatura indiana contemporânea tem excelentes romancistas.
    O que lamento até hoje é ter deixado escapar aquele magnífico livro com a obra completa de Baudelaire. A Livraria fechou e a oportunidade de adquiri-lo perdeu-se para sempre. Entrou para a história dos livros que escaparam pelos vãos dos dedos.

(foto: Google)
 

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