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terça-feira, 29 de abril de 2014

AUTOR CONVIDADO

Carlos Eduardo Marcos Bonfá nasceu em Socorro (SP) em 1984. É graduado em Letras, mestre e doutorando em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Colabora para a revista “Mallarmargens” e mantém o blog Beleza intrusa (www.carloseduardobonfa.blogspot.com). Endereço eletrônico: ce.bonfa@terra.com.br


A FLOR NA PELE

Um pesadelo de trepadeira-jade
Puxa minha perna à meia sombra esgueirada.
Meu desespero é que plantas
Se esgueiram quase imperceptíveis.
Alguns jardins me são paisagens de medo.
Que espécie de florista amaldiçoou meu sono
E minha vida na flor da idade?
Meu sono azulado que se confunde
Com o pesadelo trifoliado
De uma beleza terrivelmente perolada,
Com o pesadelo requintado de esmeralda?
Beija-flores são atraídos para este pesadelo
De condição pergolada.
Quando o pesadelo desperta no espelho
Sente sujeira até nos cabelos:
Caramanchão de cara manchada
Lavada em água marinha.
Uma polifonia ameaça meus ouvidos
Com asas de morcego
Incentivando a polinização.
Como polinizar nos sonhos?
As vozes querem me dar esta função,
Querem me dar asas.
Eu cedo, cedo para fugir
Ou para dar sentido a tudo isto.
Cedo para invadir outros sonhos,
Me comunicar com raízes
E flores à flor da pele
Dos homens cobertos com a areia do sono.


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