terça-feira, 28 de maio de 2013

TEATRO

Trecho da minha peça teatral INTIMIDADES,que recebeu dois prêmios.Com o subtítulo de CENAS DA  VIDA MODERNA,o texto é a respeito do encontro de um homem e de uma mulher numa estação.Desse encontro,resultam diálogos caracterizados pelo nonsense.Por meio do absurdo das palavras e ações,revela-se um pouco da vida de hoje.

HOMEM- Pior ainda é quando o chuveiro não funciona.
MULHER- Aí é mesmo terrível.Uma calamidade.Uma desgraça.
HOMEM- E o muro tá sempre pichado.
MULHER- Sempre.
HOMEM- E nunca há táxi em dia de chuva.
MULHER- Nunca.
HOMEM- E se a gente tropeça na rua,todo mundo ri.
MULHER- Todos.
HOMEM- E se a gente cai,gargalham até não poder mais.
MULHER- Até.
HOMEM- E se cai um botão da camisa,falta linha para costurar.
MULHER- Falta.
HOMEM- E se a gente machuca um dedo,sempre acaba por bater justamente aquele.
MULHER- Bate.
HOMEM- E se a gente quer soltar um arroto,tem sempre alguém por perto.
MULHER- Tem.
HOMEM- E se a gente tem um calo,sempre alguém pisa nele.
MULHER-Pisa.
HOMEM- E se a gente quer palitar os dentes,nunca encontra palito.
MULHER- Nunca.
HOMEM- E se a gente quer usar o saleiro,o sal está sempre grudado e não cai.
MULHER-Não.
HOMEM- E se a gente leva um guarda-chuva,nunca chove.Mas se a gente não leva,chove.
MULHER- É.
HOMEM- A vida é muito difícil.
HOMEM-Um problema.
MULHER-Uma catástrofe.
HOMEM- Uma luta.
MULHER-Uma desgraça
HOMEM-É.

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