Contam longas histórias os mortos,
todas sem fim nem começo.
usam todas as existentes
e ainda assim são capazes
dos mais criativos neologismos,
sempre precisos em sua irreversibilidade,
nos definem sem necessidade de cálculo.
Às vezes é preciso aparar
unhas e cabelos
e vestir um terno antes de ouvi-los.
Exigem nossa atenção e preparo
e não dispensam a embriaguez
da sobriedade para que
nos tornemos capazes
de distingui-los entre os sagazes
sussurros do inverno.
São inúmeras suas histórias,
recém- nascidas ainda que em reprise
de coisas ainda por acontecer.
É preciso aniquilar os olhos
para entendê-los
com a atrocidade auditiva do amor.
Nunca se sabe
o que suas histórias farão conosco.
De qualquer modo,
por estarmos indelevelmente vivos,
assombrarão nossos sonhos
ainda que estejamos despertos.
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