Ali está a cadeira,
mais que cadeira,
nela você se sentava,
onde seus olhos pousavam
e então quedavam-se, transfiguradas,
ali está o céu que nos protege,
nele havia mais
que nuvens e sol e horizonte
onde o mundo se perdia.
São todos lugares agora
mais estrangeiros, mais velados,
mais inóspitos, evasivos,
carcomidos todos pela geografia do silêncio.
A cadeira deixou de ser
lugar para sentar-se,
tornou-se nua a árvore
onde sempre é outono,
desventrou-se o céu
num transtorno azul.
São todos não-lugares agora
ludibriando tradutores e intérpretes
por só evocarem línguas mortas
nos reinos sempre incertos do insólito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário