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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Resistência



Eles posam para retratos
armados até os dentes,
sorriem e,aplaudidos,
escancaram a sanha dos brutos
no insano cio das bestas
que fecundam as presas da barbárie.

Não farei retratos,
não portarei armas,
não venderei a alma ao diabo.
Portarei livros
e a sanha da escrita,do verso
na seiva fina da poesia.

Estarei vertido em pedra e nuvem,
destilando o tremor e a treva
até verter todo o orvalho
que só o fardo do sutil carrega.

Estenderei, com firmeza, os braços
sobre a matéria fria do intangível
cravando o espírito da carne
na transubstanciação das entranhas
até fazer nascer a chama do poema. 

(foto: Cleber Pacheco)

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