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sábado, 29 de setembro de 2018

Retábulo



Nos quadrantes da Terra
pintarei um retábulo,
partes de céu e de selva
em articulação removível e transversa
no coração do Cosmos,
misto de poesia e esperma
no útero da matéria,
compondo formas além
da forma,desarticulando
cálculo e geometria
para compor o espanto
nos estigmas do genuíno,
recompondo, do vítreo,o organismo
com as glândulas sudoríparas do etéreo.
em fome de linhas e argilas
expelindo o magma do fluxo
do existir no orvalho do vivo,
acatando o sereno da insônia,
revelando o amálgama do simples
nos oratórios do cavo,
na imensidão do mínimo,
em composição de magia e enigma
com refinada arte simplória
de revirar as entranhas do Ser.

(imagem: O Cordeiro Místico by Jan van Eyck).



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