Completando as leituras de romances distópicos, concluí hoje Laranja Mecânica..
Inicialmente a leitura se torna complexa porque o autor cria uma linguagem própria utilizada pelo seu personagem-narrador, o jovem Alex. Certamente isso exigiu por parte do tradutor um trabalho árduo. No entanto, à medida que os capítulos avançam,vamos descobrindo o sabor dessa linguagem,achando-a interessante e,não raro, com um certa comicidade. Isso significa que o livro nos pegou de jeito.
Há anos eu havia assistido ao filme de Stanley Kubrick, gostando muito do resultado. Agora achei importante efetuar a leitura do livro,uma vez que também havia me proposto a completar os três :Admirável Mundo Novo,1984 e Laranja Mecânica.
Posso dizer que realmente vale a pena dedicar o tempo para conhecer obras que fazem uma reflexão a respeito da sociedade,da política,dos sistemas desumanizantes. Algo,aliás,muito evidente neste novo milênio.
Se George Orwell criou vários neologismos em 1984, Burgess se utiliza de gíria, de sua admiração por James Joyce e de seu talento com as palavras para causar estranhamento ao leitor, para expressar a linguagem dos grupos juvenis,ou melhor das gangues,com sua e violência exacerbada e suas vidas sem sentido,buscando satisfação na agressividade,drogas,etc. Isso reflete não só o que ele observou em sua época: é muitíssimo atual,pois podemos perceber facilmente o avanço da delinquência, a falta de perspectivas, o bullying,o desinteresse pelos estudos ganharem proporções cada vez maiores.
...A grande questão abordada pelo autor é: seria lícito retirar a capacidade de escolher entre o bem e o mal do ser humano em nome da ordem social,dos interesses políticos, da manutenção do sistema?
O livro não perdeu seu frescor e sua importância.Pelo contrário, cresceu ainda mais diante da realidade em que nos deparamos diariamente. Aliás,nenhum dos textos mencionados envelheceu. Todos continuam significativos, comprovando o talento dos seus autores.
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