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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Resenha

O escritor Paulo Monteiro comenta meu livro INTERSECÇÕES:

A leitura e a releitura de INTERSECÇÕES, de Cleber Pacheco, me fizeram voltar a dois grandes mestres: Napoleão Mendes de Almeida e Celso Ferreira da Cunha. Ambos fundamentaram meus conhecimentos da Língua Portuguesa e da minha cosmovisão da Literatura. E Cleber é professor de Língua Portuguesa e de Literatura. Além mais, escreve poemas, romances e ensaios literários.
Apresentado como “romance”, INTERSECÇÕES é muito mais do que isso. É um híbrido de poema e prosa literária. Seus nove “capítulos” podem ser entendidos como três “cantos” de um poema. Os parágrafos têm um caráter de estrofes, separadas pelos dois espaços em branco empregados no sistema estrófico.
   Fernando Pessoa, poeta e prosador, useiro e vezeiro em comentar sua própria obra, ora empregando seu próprio nome, ora valendo-se dos heterônomos, via uma única diferença entre a literatura artística: a divisão em versos, no Poema, e a divisão em Parágrafos, na prosa. Cleber quebra com essa divisão, superando a ancestral prática do poema em prosa ou prosa poética, de acordo com o gosto de quem escreva sobre o tema.
   Intersecções é um termo matemático. Mais precisamente da Teoria dos Conjuntos. Três são as pessoas fundamentais do livro: “Ele”, “Ela” e “Eu”. Formam uma tríade indissociável. Sem essa associação não existe a obra literária.
   Ele, Pedro, é pedra, um apaixonado pelo trabalho artesanal. Faz o trabalho pesado da casa. Ela, Margarida, cultivadora de flores e apreciadora de belezas. Formam um verdadeiro par, uma “pereja”, no velho e bom espanhol. Eu, Eu é narrador, um sujeito quase oculto, semioculto. Narrador principal, é o “alter ego” do próprio Autor.
   Eu forma um espécie de triângulo amoroso com Ele e Ela. É um sujeito entre o esforço árduo de trabalhar a Língua, o Beneditino do parnasiano Bilac e Ela, que encerra toda a beleza e a sensibilidade da arte literária.  Nisso consistem as intersecções de INTERSECÇÕES, um livro que se pode ler tanto como poema como romance. Mas acima de tudo... um livro para ser lido.

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