Os olhos do felino veem
as franjas do invisível,
mesmo quando sonham.
Ainda que indolentes,
os olhos do felino vasculham
desconfianças escavadas
na indocilidade do impalpável.
Ninguém pode adivinhar
o que jaz sob suas pálpebras,
o que fere a constituição das coisas,
o que reabilita a aspereza da carne,
mesmo a mais flácida.
Os olhos do felino convergem
para o astuto e doam córneas
ao inverossímil, não raro abrindo
portas hermeticamente lacradas.
Os olhos do felino abençoam
a fina ossatura dos silêncios.
(foto: Cleber Pacheco)
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