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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Dimensão


Os olhos do felino veem
as franjas do invisível,
mesmo quando sonham.
Ainda que indolentes,
os olhos do felino vasculham
desconfianças escavadas
na indocilidade do impalpável.
Ninguém pode adivinhar
o que jaz sob suas pálpebras,
o que fere a constituição das coisas,
o que reabilita a aspereza da carne,
mesmo a mais flácida.
Os olhos do felino convergem
para o astuto e doam córneas
ao inverossímil, não raro abrindo
portas hermeticamente  lacradas.
Os olhos do felino abençoam
a fina ossatura dos silêncios.

(foto: Cleber Pacheco)

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