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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Poema de Álvares de Azevedo (1831-1852)



MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de deus,o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei...O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.

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