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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

OS OLHOS DA LOUCA

A imagem à sua frente pode ser qualquer coisa,
dizem seus olhos cada vez mais líricos e sórdidos.
O que transmuta a imagem não provém da retina,
do cálculo,nem das intrincadas conexões do cérebro ou das coisas.
O inconstante fluxo tampouco aniquila ou gera fetos e abortos.
Culmina non reverberar das origens,incinera santos e hereges,
mesmeriza anjos e súcubos, revertendo a vida em códigos
e símbolos insuspeitos.,muito além dos velhos alquimistas,
para degustar a Terra,o Universo em osmose perpétua.
Os olhos da louca vibram em inocência,desvendando
o delicado vômito do mundo em agônico êxtase,velado
pelas fímbrias do oculto,no amor do ostracismo,
no debilitado corpo dos filósofos,na ossatura das bestas,
no colostro insano da razão,no sêmen virginal do eterno,
no desmentir perpétuo dos átomos,na poesia nuclear do Cosmos.
Os olhos da louca silenciam e advertem:
só se regenera o que não tem remédio.

Iimagem: detalhe de pintura de Hyeronimus Bosch).

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