Não, não fazia ele de má vontade o percurso
para chegar até as Plantações levando o almoço ao pai. O que realmente o
cansava era repetir todos os dias as mesmas coisas ou mais especificamente, as
estreitas limitações daquela vida. Nenhuma outra possibilidade parecia existir.
Jamais poderia queixar-se dos seus pais, do comportamento deles. No entanto,
perturbava-o a acomodação e, pior, o contentamento deles em seguir com o modelo idêntico ao de todas as
outras famílias do povoado. Demonstravam
verdadeiro prazer nas restrições tão pobres impostas e adotadas pelas pessoas.
Descontentava-o submeter-se como os
demais. Irritava-o até. Por isso tinha um plano para aquela noite. E a aventura
seria compartilhada com o seu melhor amigo, da mesma idade, Loth.
Ele entendera e ficara entusiasmado com a
ideia. Teriam de esperar a madrugada e agir às escondidas, pois não podiam ser
descobertos. Durante o dia seria impossível. Seu coração batia mais forte só em pensar na ousadia do
projeto. Sentia-se mais vivo também. E tais sensações o impulsionavam a agir, correr
riscos.
Chegava perto já e em breve avistaria os
grupos de trabalho. Além ficava a
Floresta Petrificada, o lugar mais distante onde pudera ir,acompanhado de
adultos,obviamente.
Ia iniciar a subida que ocultava, do outro
lado, o grupo atarefado em cuidar das plantações,quando uma sensação incomum o
invadiu,uma espécie de tontura, crescendo até tornar-se vertigem, desorientando
sua visão,dominando-o por inteiro, dissolvendo a paisagem.
Tudo foi ficando vago e distante,dilacerando
a solidez das coisas,intro-
duzindo-o no
Indeterminado.
Sem poder resistir, simplesmente caiu e
perdeu os sentidos.
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