Não, este não é um texto afirmando que o poeta é um ocioso. É um texto que fala a respeito da capacidade da poesia de salvar a nossa mente do comodismo, da nossa percepção habitual do mundo.
O mestre russo Gurdjieff elaborou o Eneagrama, um sistema completo de autoconhecimento e como item primordial do seu sistema está a Inércia, ou seja, uma concepção ampliada da Preguiça,um dos pecados capitais. É esta inércia que desencadeia todos os demais pecados,pois ela é a tendência de nossa psique em se acomodar no já conhecido,no estabelecido, no sistema de crenças, nas estruturas mentais próprias do senso comum. Ela faz com que o ser humano fique preso a um círculo vicioso, apegando-o aos velhos hábitos e à percepção corriqueira de si mesmo e do real.
Ora, a poesia pode nos libertar da inércia, trazendo uma abertura de percepção , dissolvendo as estruturas mentais comuns e fornecendo olhares e compreensões inovadores,originais,expandindo a compreensão a respeito da vida. Por isso mesmo,poesia é tão vital, essencial para o nosso desenvolvimento como seres humanos, alimentando nossa capacidade criativa e libertadora.
Isso nos lembra a proposta de Rimbaud de um poeta vidente que através das iluminações vislumbra uma realidade outra,de ir além dos sentidos e conseguir captar o Mistério e a Magia da Vida.
A propósito, a aparente ociosidade do poeta é o seu trabalho.
Sim,sim,poesia sempre.
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