O romance Viagem ao Fim da Noite é,de fato,uma obra-prima. Pessimismo da primeira à última página."O pessimismo" como disse alguém, "nunca nos decepciona."
O absurdo da vida.Nenhum sentido.Nenhum propósito.Nada que possa nos salvar da miséria humana,do sofrimento,da sordidez,da mediocridade. Céline não é condescendente com nada. A guerra,a política,o capitalismo,o colonialismo,o dinheiro,a arte, a religião, o amor,a loucura.Não há escapatória.Tudo é inútil.Tudo gira em torno das mesquinharias da sobrevivência a qualquer custo.O mundo não passa de estrume e vômito. A humanidade é cruel e ridícula.
"O grande cansaço da existência talvez seja apenas,em suma,esse enorme esforço que fazemos para mantermos vinte,quarenta anos,mais,o bom senso,para não sermos simplesmente,profundamente nós mesmos,quer dizer,abjetos,atrozes,absurdos."
A frase,de certo modo,sintetiza o romance.
Trilhando um caminho oposto ao de Proust,não há aqui frases refinadas,elaboradas,elegantes.O inferno de Céline é a própria existência.Viver é o inferno.Daí uma prosa crua,desiludida,mas ao mesmo tempo,com um humor corrosivo,ácido,atroz.
O final, magistralmente escrito, não apresenta um caráter trágico,mas patético.Não há esperança.Não há saída.A noite engole a todos irremediavelmente.
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